O agricultor e empresário Armando Driemeyer tem 88 anos. Desde muito jovem, auxiliava os pais na lida da propriedade, arando a terra e plantando. Ao longo do tempo, construiu um patrimônio que hoje está registrado em 54 escrituras de áreas de terra, que ele chama de “canteiros” e que deram nome à granja e ao posto de gasolina junto à ERS-128 (Via Láctea), no Bairro Canabarro. Suas propriedades são destaque em Paverama, Teutônia, Fazenda Vilanova e Bom Retiro do Sul. Também cria gado e, atualmente, reside em Esteio. Porém, toda a semana visita as propriedades e cultiva o hobby da pescaria, uma das coisas que mais gosta de fazer.
Como iniciou sua atuação na agricultura?
Armando Driemeyer – Eu trabalhava muito, comecei aos 19 anos, por volta de 1956. Eu e minha irmã, que tem 93 anos, arávamos a terra, que vinha das proximidades da prefeitura de Teutônia até aqui na fábrica (Piccadilly). Era um trabalho bastante pesado e eu não tinha horário. Trabalhava de dia e à noite. Sempre me preocupei em fazer o trabalho bem feito, arando e preparando a terra da melhor forma, para que ficasse ideal para o plantio. Anos depois, comprei o primeiro trator a diesel da região, em Encantado.
Essa dedicação lhe trouxe premiação nacional?
Driemeyer – Em 1980, recebi o Prêmio Produtividade Rural do Ministério da Agricultura e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A mim foi conferido o título de “Produtor Modelo”, pelo desempenho no setor agropecuário. Recebi a homenagem em Porto Alegre, numa grande festa. Para mim, foi um grande orgulho receber esta homenagem, alcançando o posto de primeiro produtor rural. Em 1981, a homenagem foi repetida, desta vez relativa ao Rio Grande do Sul.
Quantos hectares o senhor possui atualmente?
Driemeyer – Não tenho ideia, mas sei que são 54 escrituras. Herdei uma pequena área e depois fui comprando. Geralmente, quando eu estava plantando um pedaço, os vizinhos lindeiros me ofereciam mais uma parte. Assim, fui ampliando. Agora, estamos finalizando o plantio de 165 hectares de milho. Depois, mais para o final de setembro, vamos plantar a mesma quantidade de soja numa parte da terra que agora está descansando. Sempre fazemos a inversão. Um ano se planta milho e no outro soja. Já plantei e colhi trigo, mas agora não planto mais, porque é bastante sensível.
Quantas cabeças de gado tens atualmente?
Driemeyer – Já cheguei a cerca de 800 cabeças. Porém nos últimos anos, estava com aproximadamente 500. Ano passado, depois da enchente, o número diminui, mas agora está crescendo de novo, estou com umas 350. Faço lotes, de dois em dois anos. Mantenho as novilhas e vou comercializando as vacas mais antigas. Tenho fonte nas minhas terras, em Fazenda Vilanova, e as vacas só tomam dessa água. Durante muito tempo, cerca de 80 famílias de Paverama também se abasteceram da água do poço dentro da minha propriedade.
Como surgiu a ideia de construir o Posto Canteiros?
Driemeyer – Eu tinha óleo em casa, em tambores, porque precisava para as máquinas. Depois, instalei um tanque de 10 mil litros, mas não podia manter o óleo diesel em estoque. Daí, em 1987, decidi criar o posto. Durante o dia, eu costumava buscar até duas cargas de combustível em Canoas e, à noite, seguia trabalhando com a colheitadeira. O posto colabora com o crescimento da cidade e tenho que agradecer aos bons funcionários que tenho, entre eles o Élcio Fiegenbaum e a Deise Gärtner, que cuidam dos negócios como se fossem deles
Desde quando a missa campal do colono e motorista acontece no posto?
Driemeyer – Desde o início, a Comunidade Católica Nossa Senhora do Rosário sempre realizou a missa aqui. Temos telhado, cedemos a carreta para o altar e o palco para os músicos. No ano passado, ao lado da minha esposa, Eliria Driemeyer, demos o maior lance e neste ano conduzimos a imagem de São Cristóvão. Para mim, é um orgulho e uma grande alegria fazer parte da história da festa do colono e do motorista.
Quais as outras contribuições que deste para Teutônia?
Driemeyer – Quando a Calçados Reifer (atual Piccadilly) iniciou as atividades em sua planta, fiz todo o calçamento da Rua Capitão Schneider, que era toda de chão batido. Além disso, deixei as esperas de água em cada terreno. Outra contribuição para a região foi o plantio de pinus nos dois lados da Via Láctea, em direção a Fazenda Vilanova. As árvores protegem o asfalto, porque não esquenta tanto.