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ESPECIAL FARROUPILHA

Rincão das Coxilhas: o pioneirismo na arte de cultuar a tradição

Criado em 1984, CTG marcou o início de uma nova era para o nativismo na microrregião

Por: Marcel Lovato

11/09/2025 | 13:34 Atualização: 11/09/2025 | 13:36
Entidade busca atrair novos integrantes desde cedo. Na invernada Pré-Mirim, por exemplo, há dançarinos a partir dos 4 anos | Fotos: Sara Ávila
Entidade busca atrair novos integrantes desde cedo. Na invernada Pré-Mirim, por exemplo, há dançarinos a partir dos 4 anos | Fotos: Sara Ávila

O dia era 21 de setembro de 1984, logo após a Semana Farroupilha. Na data, cerca de dez integrantes do antigo “Grupo Folclórico de Languiru” criaram o Rincão das Coxilhas, o 1º Centro de Tradições Gaúchas de Teutônia. A fundação ocorreu na casa do empresário Ari Wallauer, no Bairro Languiru. À frente, Laurélio Astor Fritscher, patrão no primeiro ano e em 1987, e que até hoje faz parte da entidade. Hilário Schaefer é outro a estar desde o início. 

Segundo Laurélio, o CTG nasceu da vontade de se proporcionar uma alternativa aos tradicionalistas, em especial aos que não estavam ligados à predominante cultura germânica. Não seria mais preciso ir para Estrela e/ou Lajeado, por exemplo. Foi a união entre novatos e experientes por um sonho coletivo. 

A Ata número 1 acrescenta que a criação se deu em momento no qual “praticamente todo o Estado tem se voltado ao nativismo gaúcho, ou seja, ao retorno  aos valores históricos e culturais de nossa terra”. As atividades iniciaram em uma sala da Sociedade Cultural e Recreativa Esperança. 

Após,foram buscados os registros na 24ª Região Tradicionalista e no Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), os quais contribuíram com as diretrizes, indicaram como começar. “Faltava conhecimento, então fomos atrás das informações”, destaca Laurélio. 

Evolução 

O ex-patrão também instruiu dançarinos. As primeiras invernadas tiveram, ainda, apoio de profissionais do Colégio Teutônia. Mais tarde, o Manual de Danças Gaúchas, escrito por Paixão Côrtes e Barbosa Lessa, foi introduzido e revolucionou os ensaios e apresentações, que ocorriam em diferentes salões pelo município. 

Localizada na Rua Getúlio Vargas, também em Languiru, a sede foi inaugurada em 19 de dezembro de 1992, durante a gestão do patrão Bruno Wiebusch. As obras duraram pouco mais de três anos, por meio de recursos próprios e auxílio da comunidade. Originalmente um banhado, a área foi doada pelo então prefeito Elton Klepker. Na época, não havia nada ao redor, nem mesmo a Avenida 1 Leste ou APDL. 

Com o tempo, o prédio foi ampliado e modernizado para atender tanto às exigências legais quanto abranger o crescente número de sócios e frequentadores. Aliás, hoje são 300 associados ativos, 100 dançarinos entre 4 e 65 anos, nas invernadas Pré-Mirim, Mirim (recentemente premiada no FestMirim, em Santa Maria) Juvenil e Veterana/Xiru (adulta está em fase de retomada), além de 18 integrantes na campeira.

Novos tempos 

O CTG passou por um período de ostracismo em anos anteriores e a volta das invernadas trouxe vida nova à entidade. Patrão desde fevereiro, Joseano Nichele vivencia essa retomada. Com apenas 40 anos, é o mais jovem da história na função. Embora faça parte do Rincão das Coxilhas há somente 16 meses, o gestor está ligado ao tradicionalismo desde a infância, dançarino por outro CTG.

Joseano, o mais jovem à frente do CTG, e Laurélio, primeiro patrão: gerações distintas e unidas pelo mesmo propósito

Nichele enfatiza que a indicação ao posto foi uma surpresa, pois havia gente mais experiente e, acima de tudo, busca-se cumprir a hierarquia ao máximo. Ele destaca os aprendizados diários, aprimoramento constante na infraestrutura e o desafio de mostrar que a entidade é, na verdade, um amplo ecossistema. 

“O CTG ainda é visto como um local de comida e festa, mas vai muito além disso. Aqui tem respeito e preservação da nossa cultura, regramentos, estrutura administrativa, um local seguro para as nossas crianças, famílias”, enfatiza Nichele. 

Para o patrão, ainda é necessário uma inserção maior do tradicionalismo na cultura teutoniense, pois há espaço para todos e isso pode motivar as novas gerações a levar o legado adiante.  Nesse sentido, destaca o orgulho de ver o interesse do filho pelo CTG. Simboliza, de certa forma, a renovação em andamento.  Trata-se também de “se doar”, seja tempo ou energia para fazer acontecer.

Sobre a Chama Crioula, exposta à esquerda da entrada, tanto Nichele quanto Laudélio explicam que mantê-la acesa significa reverenciar a bravura dos antepassados, os responsáveis pela construção da identidade do Rio Grande. 

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