Setembro, para os gaúchos, não é apenas mais um mês no calendário. É tempo de chimarrão, de vestimentas, churrascos em acampamentos farroupilhas e de memórias históricas revividas com orgulho. A Semana Farroupilha, celebrada em todas as regiões do Rio Grande do Sul, ultrapassa a fronteira das festividades e se transforma em uma oportunidade única de resgatar valores, tradições e símbolos que marcam a identidade cultural do povo rio-grandense.
Dentro da escola, esse momento ganha contornos ainda mais significativos. Se a educação é um espaço privilegiado para a formação integral do estudante, nada mais interessante do que aproximar as novas gerações da cultura regional por meio da arte. Entre tantas possibilidades, o teatro se destaca como uma linguagem capaz de unir aprendizado, emoção e criatividade.
Pensando nisso, surge a ideia de encenar, durante a Semana Farroupilha, uma adaptação de “O Tempo e o Vento”, obra monumental de Érico Veríssimo. Publicado entre 1949 e 1962, a série literária atravessa gerações ao narrar a saga da família Terra Cambará e, ao mesmo tempo, traçar um painel histórico do Rio Grande do Sul. Mais do que personagens e cenários, a narrativa traz dilemas humanos universais: coragem, fidelidade, luta, identidade e pertencimento.
A versão adaptada para o palco escolar não tem a pretensão de reproduzir a complexidade da obra original, mas de captar sua essência. Os alunos, ao se colocarem na pele de Ana Terra, do Capitão Rodrigo ou de Bibiana, não apenas decoram falas, mas revivem sentimentos e compreendem melhor o contexto que moldou a formação do estado. A dramatização abre espaço para que história e literatura dialoguem, transformando o estudo em experiência viva.
Além disso, o teatro possibilita um trabalho coletivo: cada estudante, seja atuando, cuidando dos bastidores ou da construção dos cenários, torna-se parte de um projeto comum. Essa vivência fortalece laços, exercita a empatia e reforça a noção de que a cultura é construída em comunidade.
Celebrar a Semana Farroupilha por meio da arte não é apenas rememorar feitos do passado. É, sobretudo, garantir que a chama da tradição permaneça acesa no presente, iluminando o caminho de jovens que, ao conhecerem sua história, aprendem também a valorizar suas raízes. Afinal, como nos ensina filosofia e a obra de Veríssimo nos leva a refletir: “compreender o tempo é compreender a nós mesmos”.