Fundada em 1955 por um austríaco e uma professora brasileira, a Hassmann tornou-se uma das principais fabricantes de fixadores do país. Atualmente, ocupa a 303ª posição entre as “500 Maiores do Sul”, segundo a Revista Amanhã.
A trajetória da empresa começou quando Karl Hassmann chegou da Áustria ao Brasil e conheceu a professora Elka. Em Arroio da Seca, na cidade de Estrela, RS (posteriormente Imigrante emancipa-se de Estrela) o casal abriu uma pequena oficina, em 1º de outubro de 1955. Produziam carrinhos de mão, equipamentos para plantio de milho e consertavam máquinas agrícolas. Karl cuidava da produção, enquanto Elka administrava a empresa. Com o tempo, passaram a fabricar também janelas e aberturas.
Segundo o atual diretor-presidente, Carlos Hassmann, os pais chegaram a empregar 70 pessoas na linha de aberturas. Em 1960, iniciaram a primeira produção de fixadores, com porcas torneadas de aço sextavado. Três anos depois, a empresa passou a fornecer peças para grandes indústrias nacionais, como a Randon. “A indústria automobilística se expandia e o Brasil não tinha estrutura. Muitas máquinas foram construídas por meu pai”, recorda Carlos.
Em 1969, a fábrica recebeu um grande investimento com a importação de máquinas da Alemanha. Dois anos depois, passou a adotar o nome Metalúrgica Hassmann S.A., refletindo sua expansão. Em 1989, os filhos Peter e Carlos assumiram a gestão. O crescimento da empresa está associado à gestão familiar ágil e à atenção às demandas dos clientes. “Não inventamos parafusos, mas produzimos conforme normas internacionais. Respeitamos todos os padrões técnicos”, destaca Carlos.
Em 2019, a Hassmann inaugurou sua primeira filial em Tampa, nos Estados Unidos, para atender o mercado norte-americano. Hoje, fornece para empresas como Volkswagen (Alemanha), Mercedes-Benz, Fiat e Massey Ferguson. Em 2022, atingiu a venda de 20.000 toneladas.
Em 2025, incorporou a Tecnocoat Tratamento Superficial de Metais Ltda, empresa já gerenciada pela Hassmann, e iniciou a construção de uma nova filial em Imigrante. Atualmente, atende 250 clientes e produz 500 milhões de peças anualmente. A matriarca Elka, aos 98 anos, segue presente na empresa.
Para Carlos, a escolha de Imigrante foi determinante: “Um lugar pequeno tem desvantagens e vantagens. O que fez diferença foi a educação das pessoas daqui — não só a formal, mas a que se aprende em casa: ética, valores, princípios. Máquinas e ferramentas são importantes, mas o verdadeiro valor da fábrica são as pessoas. Hoje, mais de 500 colaboradores acreditam na Hassmann”, afirma.
Ele ressalta que os 70 anos são fruto de princípios mantidos desde a fundação: “Sempre entregamos qualidade, cumprimos normas técnicas e respeitamos os clientes. E, sobretudo, honramos a palavra dada. Uma reputação se constrói ao longo de décadas: é preciso acertar muitas vezes, mas basta um erro para abalar a confiança. Essa seriedade foi fundamental para nosso reconhecimento internacional. Não fomos até a Robert Bosch — eles vieram até nós”, observa.
Já o diretor industrial, Peter Hassmann, lembra que a solidez da empresa se revela em momentos de instabilidade: “Em 70 anos, atravessamos diferentes cenários — de governos a crises políticas e econômicas. Uma empresa sólida é como uma tartaruga: enfrenta seca, enchente, turbulência, mas continua caminhando.
O mundo hoje é mais veloz, o digital muda em segundos, mas são fases passageiras. O que garante a continuidade é a capacidade de adaptação. Passamos por pandemia, crises geopolíticas, oscilações do mercado. E seguimos firmes porque sabemos mudar a rota quando é preciso.”
Ele acrescenta que o futuro já está em curso, e que completar 100 anos é um feito que já está em curso com a nova geração: “Nada disso vai nos deter. Ao contrário: cada desafio é incentivo para repensar, melhorar e inovar. Tenho certeza de que a nova geração, acostumada a esse ritmo acelerado, conduzirá ainda melhor o processo de adaptação e transformação”, conclui.