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SAÚDE

Cientistas desenvolvem testes para detecção de metanol em bebidas

Segundo Ministério da Saúde, há pelo menos 113 notificações

Por: Agência Brasil

04/10/2025 | 14:57 Atualização: 04/10/2025 | 15:07
Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde DF
Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde DF

O consumo de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol preocupa autoridades de saúde em todo o país. O Ministério da Saúde confirmou nessa sexta-feira, 3, ao menos 113 notificações de intoxicação: 11 casos já confirmados e 102 em investigação.

A detecção da substância não pode ser feita pelo cheiro ou sabor, mas apenas por meio de exames laboratoriais. Nesse cenário, universidades públicas brasileiras têm desenvolvido métodos inovadores para identificar a presença do metanol.

Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Laboratório Multiusuário de Ressonância Magnética Nuclear está realizando análises gratuitas de bebidas alcoólicas, mediante agendamento. O equipamento funciona de forma semelhante a exames de saúde, analisando cada amostra em cerca de cinco minutos.

“Colocamos o líquido em um tubo, e o equipamento devolve um gráfico. Uma das linhas indica a presença do metanol”, explica o professor de química Kahlil Salome, vice-coordenador do laboratório. Segundo ele, a detecção é eficaz mesmo em bebidas com corantes, frutas ou açúcares.

O pesquisador destaca que o limite seguro é de 10 microlitros de metanol em 100 ml de destilados como cachaça, vodka ou tequila. Acima disso, a substância torna-se tóxica.

Método patenteado pela Unesp

Na Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara, um grupo de pesquisadores do Instituto de Química desenvolveu em 2022 um método que já foi patenteado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi).

A técnica utiliza sais e ácidos que, em contato com o metanol, transformam a substância em formol e alteram a coloração da solução. O processo leva em média 15 minutos.

Startup da UnB fornece kits

Outra iniciativa surgiu na Universidade de Brasília (UnB), em 2013, e deu origem à empresa Macofren. O projeto, desenvolvido no Laboratório de Materiais e Combustíveis, criou um kit de reagentes capaz de identificar adulterações em bebidas e combustíveis.

Segundo o químico Arilson Onésio Ferreira, fundador da empresa, cada exame exige 1 ml de amostra e custa cerca de R$ 25, após a compra inicial do kit, avaliado em R$ 50. A procura aumentou com a atual crise, e mais de 200 empresas estão na fila de espera. Entre os clientes, estão produtores de eventos como casamentos e festivais.

Ferreira alerta que a ingestão de 30 ml de metanol pode ser suficiente para levar uma pessoa à morte. Por isso, reforça que os testes precisam ser confiáveis: “Um falso positivo pode acontecer, mas nunca um falso negativo”.

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