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LEGADOS CULTURAIS

A vizinhança

Opinião de Lucildo Ahlert, professor, pesquisador e gestor de empresas

06/11/2025 | 14:28

Uma das características marcantes, principalmente entre os imigrantes westfalianos, é a organização geográfica de moradores em micro comunidades, chamadas de vizinhanças. A tradição desta organização, que não possui regras escritas, mas é seguida à risca por todos os moradores, foi trazida pelos imigrantes westfalianos e implantado no Brasil.

Nessa organização social, há uma sistemática particular em que cada família tem o seu primeiro vizinho, que é exclusivo, e todos que moram na área abrangida exercem a função de primeiro vizinho de alguma outra família. A propriedade do primeiro vizinho sempre é lindeira da propriedade da outra família relacionada. O primeiro vizinho é o representante oficial da família, sendo o conselheiro da família, com quem ela discute seus planos e preocupações. Se alguém precisa de alguma coisa, a primeira ação é ir ao primeiro vizinho para pedir informações ou, mesmo, para pedir algo emprestado.

Assim, a família do primeiro vizinho é a responsável pela organização do cerimonial de velórios, pela organização de equipes de ajuda em casos de doenças e em outras necessidades da família. Em caso de falecimento de um ente querido na família, o primeiro vizinho define um plano com os familiares e os demais vizinhos passam de casa em casa, para anunciar o falecimento e fazer o convite para enterro, para todos os moradores da comunidade, amigos e parentes.

Dessa forma, a vizinhança é o recurso para todas as ocasiões, como em situações de enfermidades de algum morador, em que os vizinhos se mostram solidários e vêm para cuidar dele, de forma alternada.

Mas, por outro lado, quando um morador está de aniversário, ocorre uma festa em que todas as famílias da vizinhança são convidadas para participar da confraternização, assim, como acontece, também,
quando um filho de uma das famílias casa.

No município de Westfália ainda existem, em várias localidades, organizações de vizinhanças em que a família enlutada é auxiliada no momento do falecimento de um ente querido e, também, são convidadas famílias que moram na área abrangida em eventos, como festas de casamento, de batizado e de confirmação. Quando alguma família, vida de outros locais, resolve fixar residência na área abrangida pela vizinhança, os moradores orientam o novo morador sobre a sistemática existente, convidando a participar do processo solidário. Oxalá, que a humanidade consiga recuperar formas de convivência social que beneficiem e auxiliem as pessoas, como contraponto ao individualismo!

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