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ACIMA DA MÉDIA NACIONAL

Microrregião avança em ranking de Desenvolvimento Sustentável

Na comparação com o ano passado, quase todos os municípios melhoraram seus índices. Poço das Antas e Teutônia se destacam no levantamento

Por: Marcel Lovato

07/11/2025 | 12:00
Com pouco mais de 2,2 mil habitantes, Poço das Antas é a segunda cidade do Vale do Taquari mais bem avaliada no índice. Foto: Prefeitura de Poço das Antas/Divulgação
Com pouco mais de 2,2 mil habitantes, Poço das Antas é a segunda cidade do Vale do Taquari mais bem avaliada no índice. Foto: Prefeitura de Poço das Antas/Divulgação

A mais recente edição do Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades (IDSC-BR) mostra uma evolução do desempenho da microrregião entre 2024 e 2025. Com base nas notas atribuídas às oito cidades que compõem a Associação dos Municípios do Sol Nascente (Amsol), a média atual é de 54,70, em uma escala que vai de zero a 100. No ano passado, eram 53,34. Os números são superiores aos do Brasil, que fechou o período em 49,9.

Elaborado pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS), o levantamento avalia indicadores sociais, econômicos e ambientais em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). Os municípios se destacam em áreas como saúde, educação e saneamento. Por outro lado, há desafios em temas ligados à gestão ambiental, inovação e mercado de trabalho.

Panorama

Sete cidades estão enquadradas no “Nível Médio de Desenvolvimento”, que abrange as localidades que receberam notas entre 50,00 e 59,99. Esta faixa engloba 47% dos municípios brasileiros. Em âmbito microrregional, a melhor colocada no ranking é Poço das Antas, que está na posição 292, com 58,81. Quando se trata de Vale do Taquari, ocupa o segundo lugar, atrás apenas de Marques de Souza (60,50).

Em relação ao ano passado, o crescimento foi de 3,40 pontos. A cidade apresenta desempenho alto ou muito alto em 11 dos 17 quesitos avaliados. Os itens que mais influenciaram no resultado foram o acesso à água potável, que alcançou nota de 95,4, e utilização de energias renováveis (85,9). Igualdade de Gênero, Redução da Desigualdade e Educação também figuram entre os destaques.

Em contrapartida, o IDSC corrobora a necessidade de alternativas para diversificar e retomar a força da indústria, impactada desde a paralisação das atividades do frigorífico da Languiru. Esse objetivo recebeu a pior avaliação, com apenas 15,45, considerada “muito baixa”.

Na sequência, tanto local quanto regional, aparece Imigrante. O município está no 383º lugar brasileiro e em terceiro no Vale. A alta chegou a 1,85 ponto no último ano, impulsionada nos critérios semelhantes aos de Poço das Antas. No entanto, a principal diferença entre as duas é que a cidade recebeu a avaliação “muito alta” apenas no objetivo “Energias Renováveis”.

Boa Vista do Sul (1,88), Paverama (0,93) e Westfália (0,87) seguem na mesma linha de alta. Além dos itens mencionados anteriormente, esses municípios demonstraram força nos objetivos “Cidades e Comunidades Sustentáveis” e “Produção e Consumo Sustentáveis”, que abrangem temas como tempo de deslocamento entre casa e trabalho, mortes no trânsito, coleta de resíduos sólidos domiciliares e qualidade de vida.

Em termos de crescimento nos índices, o maior resultado foi de Teutônia. Nos últimos 12 meses, a maior cidade da microrregião cresceu 6,01 pontos. Passou de 48,46, nível Baixo na escala de desenvolvimento, para 54,47, na categoria Médio. É o melhor resultado da série histórica.

De acordo com o radar de evolução dos indicadores, o ODS “Água Potável e Saneamento”, que avalia fatores como o acesso da população aos serviços, a perda do recurso durante a distribuição e eventuais doenças causadas por tratamento inadequado, recebeu nota 87,49. Em 2024, havia sido de 55,88.
Outra diferença ampla foi no ODS “Paz, Justiça e Instituições Eficazes”, que saltou de 47,87 para 82,54.

Nele, são levados em conta o número de mortes por armas de fogo, taxa de homicídios e os graus de estruturação das políticas de controle interno e combate à corrupção, e de participação e promoção de direitos humanos. Atualmente, Teutônia está em 1159º lugar nacional.

Os 17 objetivos estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU)

Atenção aos recuos

Por outro lado, o IDSC apontou uma tendência de queda em duas cidades. Depois de avanços sucessivos entre 2022 e 2024, quando cresceu quase cinco pontos, Colinas encerrou o último ciclo com uma baixa de 1,47. O desequilíbrio foi influenciado principalmente pela redução do ODS “Paz, Justiça e Instituições Eficazes”, de 77,38 para 44,05. Ainda assim, ressalta-se que o Município obteve o maior acréscimo no âmbito do saneamento, cuja nota subiu de 39,93 para 80,09.

Já Fazenda Vilanova caiu 3,57 pontos e está com 46,33. É a única da microrregião a fazer parte do grupo de 45,7% de cidades com classificação baixa. De acordo com o Índice, as notas foram muito baixas em cinco objetivos, entre eles, a promoção da Igualdade de Gênero. Outros cinco estão classificados como “baixos”, principalmente redução de desigualdades, crescimento econômico e erradicação da pobreza. Ao contrário dos demais, nenhuma categoria recebeu o conceito “muito alto”. Em função deste panorama, os vilanovenses figuram apenas na 4201ª posição no país e em último lugar do Vale do Taquari.

Reflexos e projeções

A prefeitura de Teutônia destacou que a sustentabilidade é um dos pilares da gestão. “Assumimos o compromisso de integrar esse conceito em todas as áreas da administração pública, a fim de buscarmos um desenvolvimento equilibrado e responsável. É gratificante quando percebemos os resultados das ações desempenhadas na evolução de Teutônia frente a este índice, com destaque em áreas importantes, como saúde, educação, igualdade de gênero, saneamento, energias renováveis e paz e justiça – todos com níveis muito altos”, comenta o Executivo.

Entre as ações, o município cita o fortalecimento das ODS nas escolas, por meio de parceria com as cooperativas Sicredi e Certel, ampliação de duas emefs, uma de turno inverno e outra de educação infantil, além de investimentos em tecnologia, reestruturação das unidades de saúde, compra de dois reservatórios e perfuração de poços artesianos para reforçar o abastecimento, assim como a implantação da coleta seletiva de resíduos e novo sistema de monitoramento da Defesa Civil.

Já em Poço das Antas, o secretário de Administração, Indústria e Comércio, Romeu Forneck, afirma que o desenvolvimento sustentável está “no centro da estratégia de longo prazo” e reflete o trabalho executado desde o início do ano. O titular da pasta celebrou o resultado e projeta avanços socioeconômicos significativos, sobretudo na questão industrial.

“Estaremos entre os melhores municípios do Brasil também no objetivo 9 (Indústria, Inovação e Infraestrutura). Essa é uma área amplamente carente no município e, conforme o planejamento, será o grande motor do nosso desenvolvimento socioeconômico. Criaremos nosso centro de inovação no antigo hospital e projetamos um crescimento de 450% nesse indicador no período. Hoje atingimos a nota de 15,45 nesse indicador e, em cinco anos, objetivamos alcançar a nota de 85,00”, conclui Forneck. Os relatórios detalhados podem ser acessados no site https://idsc.cidadessustentaveis.org.br/rankings/.

O que é o IDSC-BR?

Iniciativa do Instituto Cidades Sustentáveis (ICS), dentro do Programa Cidades Sustentáveis (PCS), o índice mede o desempenho dos municípios brasileiros em relação aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU. Trata-se de um pacto global que envolve 193 países, entre eles o Brasil, para promover prosperidade econômica, desenvolvimento e proteção ambiental. Este acordo foi firmado há 10 anos.

O levantamento abrange os 5.570 municípios brasileiros e monitora o progresso com base em 100 indicadores oficiais alinhados com os objetivos. Cada cidade recebe pontuação de 0 a 100, de acordo com o cumprimento das metas. Os dados utilizam fontes públicas e oficiais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), secretarias estaduais e prefeituras.

A diferença entre a pontuação obtida e a máxima é, portanto, a distância em pontos percentuais que uma cidade precisa superar para atingir o desempenho ótimo. Todas as cidades foram avaliadas no mesmo conjunto de indicadores para gerar as classificações, independente de sua localização.

Desta forma, ainda que municípios estejam longe do mar, por exemplo, serão considerados no quesito “Proteger a Vida Marinha”. O intuito é servir de ferramenta de gestão pública, para auxiliar administradores no planejamento de políticas públicas em áreas diversas, especialmente naquelas mais desafiadoras para o contexto local.

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