Natural de Marques de Souza, Ênio Narci Bernstein tem 55 anos e veio a Teutônia, com os pais, aos 5. Na década de 1980, iniciou como jogador do “segundinho” do Gaúcho, passou pelos titulares e foi “tentado” algumas vezes pelo Lajeadense, até aceitar o desafio. Por 10 anos atuou como jogador profissional. Formou-se em Educação Física, em 2008, trabalhou como professor em escolinha de futebol – no Gaúcho e na Juventus –, e abriu, em 2015, sua própria academia de musculação – Boa Forma –, no Bairro Teutônia.
Em quais clubes atuaste no futebol profissional?
Ênio Bernstein – Comecei no Lajeadense com 18 para 19 anos. Fiquei lá até por volta dos 23. Em 1993, fui para o interior de São Paulo e atuei no Bragantino, na Ponte Preta e no Novo Horizontino. Em 1995, voltei para o Caxias e joguei em diversos clubes gaúchos, como o Avenida, o Novo Hamburgo, o Glória e o Santo Ângelo. Atuei como profissional durante toda a década de 1990, até o início dos anos 2000. Enfrentei elencos muito qualificados, jogadores como Mazaropi, Renato Portaluppi, Alcindo, Assis, Ronaldinho Gaúcho, Márcio Santos, Taffarel, Nilson, o “príncipe” Jajá e outros tantos.
Havia muita diferença em atuar no interior de São Paulo e no interior gaúcho?
Bernstein – Na época havia muita diferença. O nosso Gauchão era muito pegado, na chuva, no barro, não havia jogo fácil. Era um futebol mais de força. Já em São Paulo, o futebol era mais técnico e a gente desenvolvia mais essa parte. Hoje emparelhou, porque as trocas de atletas são muitos mais constantes.
Como foi a experiência de viver a carreira de jogador?
Bernstein – Na época, era muito mais difícil. Morava em Campinas e Bragança Paulista e para falar com a família eu tinha que ligar, uma vez por semana, para o ramal do meu irmão, porque meus pais não tinham telefone. Hoje, felizmente, o contato é facilitado pelas chamadas de vídeo e redes sociais.
Tiveste problemas com lesões?
Bernstein – Apenas alguns problemas nos tendões da patela e do calcanhar, mas nada grave. Isso também porque, quando eu jogava, estava sempre bem preparado. Me cuidava bastante, treinava. Aí fica a dica para as pessoas que atuam no amador, no veterano ou no master: reforço muscular de algumas horas por semana pode evitar problemas sérios, às vezes.
Quando voltaste a Teutônia, em 2000, a ideia logo era abrir uma academia?
Bernstein – Não. Na época, substitui o professor Laudenor Brune na escolinha de futebol do Gaúcho. Alguns anos depois, as escolinhas de Teutônia, Canabarro e Languiru se juntaram e reforçamos a Juventus. Atuei como professor com a gurizada por 14 anos, até 2014. Depois, atuei no Sesi por um ano e daí, por sugestão de um amigo, comecei a amadurecer a ideia de abrir uma academia no Bairro Teutônia, trabalho que exerço há 10 anos e estou muito feliz.
Qual a dica para os jovens que querem ser jogadores profissionais?
Bernstein – Não se descuidar do hoje, do estudo. Na época, como jogador, não tive oportunidade de estudar antes. Entrei na faculdade apenas com 30 anos, mas ainda deu tempo. O futebol tem coisas muito boas e outras não tão boas. Dormi em hotéis muito bons, mas também em baixo de arquibancadas, no calor. Mas, sem dúvida nenhuma, eu tentaria tudo de novo, se tivesse meus 10, 12 anos. É fundamental persistir no sonho, acreditar. Claro que pouquíssimos chegam lá. Eu cheguei bem perto, porque acho que faltou um pouco de orientação de uma pessoa mais experiente, quando eu tinha meus 20 e poucos anos. Qualidade como jogador, para ter sucesso em um clube grande, modestamente falando, eu tinha de sobra. Mas ter alguém do lado, que já havia vivenciado alguns percalços, faltou quando eu estava no auge.