O impasse nas negociações do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2025/2026 culminou com o greve dos trabalhadores dos Correios, cujo início se deu na última terça-feira, 16, em São Paulo, e se espalhou por outros oito estados. No Rio Grande do Sul, o movimento da categoria foi aprovado no mesmo dia e começou na quarta-feira, 17, por tempo indeterminado.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos do RS (Sintect-RS), a paralisação chega a 80% no setor de distribuição. Entre as principais reivindicações, estão a reposição salarial acima da inflação, manutenção de benefícios históricos como estabilidade e crédito extra, garantias quanto à saúde e segurança no trabalho e fortalecimento dos serviços públicos postais, em contraponto ao fechamento de agências ou terceirização de funções. Já a estatal, que classifica o movimento como “parcial e localizado”, descartou reajuste salarial neste momento, o pagamento extra, bem como sugeriu a prorrogação do ACT para fim de fevereiro.
“A categoria sempre buscou o diálogo, mas desde agosto a empresa enrola, mente e se negou negociar de fato com os trabalhadores. A própria empresa não deu aos trabalhadores alternativa a não ser a greve por tempo indeterminado. Os trabalhadores não vão pagar a conta pelo desmonte e da incompetências das sucessivas gestões ”, afirma o secretário-Geral do Sintect-RS, Alexandre Nunes.
Os sindicatos estaduais alegam que a paralisação é reflexo da situação financeira da estatal, cujo prejuízo previsto até o fim do ano chega a R$ 10 bilhões, fruto de uma escalada observada desde 2022. Nesta semana, o Tesouro Nacional aprovou empréstimo de R$ 12 bilhões para auxiliar no plano de reestruturação.
Decisão judicial
Diante do risco de desabastecimento postal e dos impactos sobre encomendas, documentos e correspondências, principalmente na reta final do ano, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) interveio no conflito. Em decisão proferida nessa sexta-feira, 19, a Corte determinou a manutenção mínima de 80% do efetivo em atividade durante a greve, por considerar o serviço postal essencial. A medida prevê multa diária de R$ 100 mil por sindicato em caso de descumprimento, além da garantia de livre circulação de pessoas, cargas e bens postais.
Nota da estatal
Em comunicado publicado no site oficial, os Correios destacaram que “mais de 90% dos empregados estão trabalhando, garantindo a manutenção dos fluxos logísticos e o atendimento aos clientes”. Afirmou, ainda, que possui o “compromisso de atuar com responsabilidade e transparência, a fim de garantir a previsibilidade operacional e a confiança construída ao longo do tempo”. Também garantiram a “busca de um consenso com os representantes dos trabalhadores”.