Moradores da comunidade de Boa Vista, no interior de Poço das Antas, enfrentam impasse sobre o fechamento de um antigo educandário. A comunidade é contrária à decisão do Estado de encerrar permanentemente as atividades da Escola Estadual de Ensino Fundamental Valentim Schneider e busca soluções junto à Secretaria Municipal de Educação.
O ano letivo da EEEF Valentim Schneider não iniciou no dia 13 de fevereiro, como nas demais escolas estaduais, por determinação da 2ª Coordenadoria Regional de Educação, de São Leopoldo. Os principais motivos são a baixa quantidade de alunos e o desligamento da diretora, que solicitou aposentadoria. Os alunos matriculados foram remanejados para outras escolas de Poço das Antas e de Teutônia.
Centenas de estudantes já passaram pela instituição ao longo de seis décadas. No entanto, com o êxodo rural, o número de alunos foi reduzido a cada ano, chegando a ter menos de 10 estudantes matriculados em 2024, em turmas de 6º ao 9º ano, multisseriadas.
“Fechar uma escola no meio rural é uma situação triste. Faremos o que for possível, enquanto Secretaria de Educação, para impedir o fechamento”, afirma a secretária municipal de Educação, Ivanise Flach. Para ela, o fechamento de uma escola é uma grande perda para a comunidade. “As crianças acabam perdendo a ligação com a sua localidade por passarem muito tempo distantes”, completa.
Ivanise foi aluna da instituição durante todo o ensino fundamental e trabalhou na escola durante 30 anos, como professora, coordenadora pedagógica e diretora. “Eu passei, praticamente, 40 anos nesta escola, então eu também tenho um carinho especial por ela. Sempre trabalhamos intensamente para mantê-la ativa”, ressalta.
A 2ª CRE informou ao município que, para manter a escola em funcionamento, será necessário atrair mais alunos. Para isso, a própria comunidade contata famílias da localidade, cujos filhos estudam em outra escola do município, para verificar se há interesse de transferi-los para a Valentim Schneider. Havendo um aumento considerável no número de matrículas, o Estado providenciará uma nova direção e um novo corpo docente, dando continuidade às aulas no local.
Outra alternativa proposta pelo Estado é a cessão de uso da escola ao município. A secretária afirma que há interesse do Executivo em assumir o educandário, mas esclarece que a estrutura seria destinada a outras atividades, já que a prefeitura não pretende se responsabilizar por turmas de séries finais do ensino fundamental.
“A escola Valentim Schneider possui uma área muito grande, bem equipada e preservada. Lá, poderíamos organizar o contraturno da EMEF Leo Pedro Schneider – que já enfrenta falta de espaço – e organizar atividades e eventos para idosos. Faríamos também uma academia ao ar livre para a comunidade de Boa Vista”, explica Ivanise.
Nessa segunda-feira, 17, a administração municipal realizou uma reunião com pais de alunos da localidade, conduzida pela secretária e pelo prefeito Glicério Ivo Junges (MDB), com o objetivo de explicar o posicionamento da 2ª CRE e debater soluções conjuntas. O encontro contou com a presença de vereadores e representantes do CPM.
Na sexta de manhã, a secretaria de Educação entrará em contato novamente com a comunidade para saber se há novos interessados em se matricular na escola. À tarde, o resultado será levado à coordenadoria, que definirá o destino da EEEF Valentim Schneider.
