Presidente da Liga Feminina de Combate ao Câncer de Teutônia, Margrit Grave se classifica como uma pessoa espontânea e desinibida, características que lhe abriram portas desde o primeiro trabalho, na Calçados Strassburger – onde trabalhou 30 dias apenas – e na Augustin e Reichert, onde iniciou, aos 15 anos, na área de Recursos Humanos, e permaneceu por 28 anos, até o fechamento da Calçados Reifer. Também empreendeu, em parceria com o marido Lutero Grave (in memoriam), na locadora Mega Video, de 1995 até 2012. Na assistência social da prefeitura de Teutônia, de 2009 a 2016, aprimorou o interesse pelo voluntariado.
Qual é a tua formação?
Margrit Grave – Tentei jornalismo na Ufrgs, mas não passei, porque era um curso concorrido. Acabei cursando Letras na antiga Fates – hoje Univates. Concluí o curso e cheguei a dar algumas aulas de Literatura. Já atuava na Calçados Reifer, que sempre investiu muito na qualificação dos funcionários. A empresa entendia que era fundamental investir nas pessoas, afinal, as empresas são as pessoas e, se elas têm qualificação, produzem com qualidade, o que reflete diretamente no resultado. Fiquei na Reifer porque me sentia valorizada. Fiz uma pós-graduação na área de engenharia de produção, junto com um grupo de lideranças dentro da empresa, que trouxe professores da Ufrgs para a especialização. Fiz curso de Qualidade de Vida no Trabalho, em São Paulo, e um curso técnico em Segurança do Trabalho, em São Leopoldo.
Como foi trabalhar na Reifer?
Margrit – A empresa foi uma segunda família para mim. Fazia a admissão, realizava treinamento, cursos, palestras e capacitações. A empresa sempre pagou e investiu na qualificação da equipe. Cursos de inglês e de etiqueta foram oferecidos. A empresa supriu as necessidades dos funcionários e sempre teve um olhar para a comunidade. Trouxemos uma parceria com o Sesi para implementar um projeto chamado “Prevenção às drogas e ao álcool no local de trabalho”, em meados de 1995. Conseguimos quase zerar os fumantes na empresa. O cigarro, o álcool e as drogas ilícitas eram um problema sério e resolvemos estender o projeto para a comunidade. Dali nasceu o movimento de prevenção ao uso de drogas de Teutônia. Formamos um grupo com representantes da prefeitura, Secretaria da Educação, Polícia Civil, Brigada Militar, igrejas, para falar sobre o tema com a comunidade. Cheguei a participar das reuniões de Alcoólicos Anônimos, ir nas escolas e em empresas para levar a campanha do “Diga não às drogas”.
Este foi o embrião para o teu envolvimento no voluntariado?
Margrit – Com certeza, pois aprendi que não adianta só a empresa estar bem ou eu estar bem, o conhecimento e a informação transformam uma sociedade. Em meados de 1985, se falava em qualidade total e as grandes empresas adotaram esse conceito. A Reifer e a Certel, principalmente, trouxeram a questão da qualidade total para Teutônia e difundiram para a comunidade pautas como comprometimento, organização, limpeza, separação de resíduos, entre outras.
Como iniciou o trabalho da Liga Feminina de Combate ao Câncer?
Margrit – A Maristela Altmann Krützmann (in memoriam) nos procurou, em 2009, na assistência social, com esse sonho. Fomos então, eu, a Eliane Machado e a Maristela, conhecer o trabalho da Liga de Porto Alegre. Saímos de lá encantadas com o trabalho espetacular realizado, que hoje já tem mais de 70 anos. São 87 ligas constituídas no RS e Teutônia é uma delas. No dia 14 de setembro de 2009, iniciamos a entidade, junto ao STR, que cedeu uma sala, graças à sensibilidade da presidente, Liane Brackmann. Hoje, atendemos no Bairro Teutônia, num espaço cedido pela prefeitura. São 15 anos e já foram mais de 900 pessoas atendidas, de Teutônia, Westfália, Paverama, Imigrante, enfim, de diversos lugares. Estamos fazendo um trabalho que tem a credibilidade da comunidade e temos até um grupo de primas cor de rosa, as Divas Solidárias da Westfália.
Qual tua atuação na Liga e como a entidade auxilia?
Margrit – Nesses 15 anos, sempre tive algum cargo. Estou no meu terceiro mandato – de dois anos cada – como presidente. Fazer parte de um coletivo e se doar para uma causa é muito gratificante e dá sentido à vida. A Liga me deu a família cor de rosa, que são mulheres que, assim como eu, encontraram na dor e na doença uma forma de fazer a diferença na vida dos outros e sua na própria. O que me preocupa é a questão da sucessão, pois as lideranças para o trabalho voluntário estão diminuindo. A Liga ajuda os pacientes através da doação de suplemento alimentar, de auxílio na medicação, com vale rancho, entre outros benefícios. Mas acredito que o carinho, a acolhida e a escuta dos pacientes é que faz um bem maior.
Qual tua atuação em outras entidades?
Margrit – Em 2023, fui convidada a integrar a diretoria do Clube de Mães Lar da Amizade, mantenedora da Escola Cirandinha e do Lar Opa Haus. Por causa disso, fui convidada a integrar o Conselho Municipal do Idoso, entidade que atuei como presidente no biênio 2023/2024. Está sendo um grande aprendizado para mim a pauta do idoso, pois vivemos numa sociedade mais longeva e não preparada para dar o devido cuidado e atenção àqueles que cuidaram de nós.