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SÍMBOLO PASCAL

Osterbaum: a vitalidade de uma tradição secular

De origem germânica e cercada de significados, a árvore da Páscoa resiste ao tempo e une gerações na preservação do costume. Em municípios com forte influência alemã, como Teutônia, item se mantém entre os principais símbolos da data.

Por: Marcel Lovato

18/04/2025 | 10:21 Atualização: 18/04/2025 | 10:29
De origem germânica e ressignificada ao longo dos séculos, Osterbaum celebra a Páscoa por meio do
simbolismo das cores e mobiliza estudantes pela preservação dos costumes. Foto; SARA ÁVILA
De origem germânica e ressignificada ao longo dos séculos, Osterbaum celebra a Páscoa por meio do simbolismo das cores e mobiliza estudantes pela preservação dos costumes. Foto; SARA ÁVILA

Cascas de ovos coloridas, gravuras ou coelhos de pelúcia, cenouras, laços e o que mais a criatividade permitir. Esses são apenas alguns dos componentes da “Osterbaum”, a árvore de Páscoa.  Originária na antiga região da Germânia – que atualmente compreende territórios da Alemanha, Bélgica e Suíça – a tradição se espalhou pelo mundo por meio dos imigrantes até chegar ao Brasil.

De acordo com pastor sinodal do Sínodo Vale do Taquari, Luís Henrique Sievers, a Osterbaum é um símbolo de tempo de preparação para a Páscoa cristã. “A árvore quer transmitir a profunda mensagem da ressurreição, da renovação da vida, da superação de momentos difíceis”, explica Sievers. Ao mesmo tempo, o religioso destaca que a data transcorre no início da Primavera no Hemisfério Norte, quando os galhos secos pelo rigor das temperaturas de inverno, se transformam, ganham brotos. Ou seja, a natureza inicia um novo ciclo.

Adaptações e montagem

Quando o Cristianismo chegou à Europa, no século IV, as árvores já eram decoradas. Gradualmente, os fiéis incorporaram a atividade ao mundo religioso e ressignificaram os propósitos. Sievers acrescenta que a mensagem mostra o quanto o sofrimento e morte podem ser superados.

O bispo da Diocese de Montenegro, Dom Carlos Rômulo Gonçalves e Silva, faz uma análise semelhante. “A cada vez que olhamos para uma árvore de páscoa, recordamos a paixão de Cristo, bem como podemos olhar para a nossa existência com esperança”, reforça. Para ele, todos temos uma experiência de galhos secos, mas que, com a força de vontade e perseverança, é possível virar o jogo, dar a volta por cima.

Tradicionalmente, a preparação da Osterbaum ocorre na Sexta-Feira Santa, com retirada na Páscoa. Contudo, a montagem varia de acordo com o grupo que se propõe à executá-la. Hoje, há unidades que ficam montadas durante todo o período da Quaresma, a fim de demonstrar a importância histórica-cultural do procedimento. A isso, soma-se o apelo visual e o convite para registros fotográficos. Além de propriedades particulares, é possível encontrar exemplares no interior e pátio de igrejas, prefeituras, câmaras de vereadores e escolas.

Preservação do costume

Municípios com forte influência alemã, como Teutônia, possuem diversas Osterbaums espalhadas pelo território. E, desde cedo, existe a busca pela manutenção dessa atividade. É o caso do Centro Municipal de Ensino Fundamental (Cemef) Leonel Brizola, no Centro Administrativo. Na instituição, a montagem ocorre desde o início das atividades, há mais de 20 anos.

Aos 10 anos, Emanuéle exalta envolvimento com a decoração da Osterbaum. Foto: SARA ÁVILA

Segundo a vice-diretora do Cemef, Márcia Asquidamini Horst, a experiência envolve todas as turmas, dos 1º aos 6º anos. Então, cada grupo confecciona seu enfeite durante as oficinas de arte. A decoração varia de acordo com a série. É o momento para a livre imaginação. A Osterbaum está localizada no pátio, ao lado da portaria, e chama a atenção pelas cores e diversidade.

“Buscamos reforçar o significado da árvore para a nossa cultura e, acima de tudo, propormos uma reflexão sobre a vida de Jesus Cristo”, enfatiza Márcia. Além disso, o Cemef mantém a distribuição de amendoim às crianças por ser mais saudável que o chocolate. Hoje, a instituição atende cerca de 370 alunos no contraturno.

Frequentadora do Cemef há cinco anos, a estudante Emanuéle Beutler Schwingel (10) decorou um ovo de páscoa com o uso de papel crepom nas cores do arco-íris e em formato de coração. Ela destaca que faz questão de participar todos os anos.

“No meu trabalho, eu procurei representar temas como amor, alegria, harmonia, felicidade e paz. Gosto muito. A gente ama essa tradição por aqui”, reforça a estudante. A jovem acrescenta que essa tarefa anual não se restringe ao ambiente escolar. Pelo contrário, em casa, a Osterbaum é preparada na companhia dos pais, avós e outros membros da família. Mais uma forma de manter viva essa prática secular.

Maior do mundo  

A maior Osterbaum do mundo é brasileira e está no Guinness Book, o livro dos recordes. Localizada em Pomerode, Santa Catarina, a estrutura conta, em 2025, com 115 mil casquinhas decoradas. Faz parte da Osterfest, evento realizado anualmente no município catarinense. Outra atração é um ovo gigante, no qual as medidas são 16,72 metros de altura e 10,88 metros de diâmetro.

 

 

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