Transformar a antiga demanda em prioridade regional. Esse foi o propósito do “1º Simpósio – UTI: Desafios e Soluções Sob uma Perspectiva Multiprofissional”, realizado na tarde dessa quarta-feira, 25. O evento foi promovido pelo Hospital Ouro Branco (HOB) e reuniu mais de 100 pessoas, no Auditório do Sicredi, em Teutônia.
Com a presença de gestores hospitalares, médicos, autoridades em saúde e demais líderes, a programação debateu caminhos para a execução do projeto de Unidade de Terapia Intensiva do HOB. Entre os temas discutidos, estiveram o planejamento, orçamento e viabilidade para construção e custeio, bem como a experiência de outros hospitais gaúchos que conseguiram implantar suas UTIs. Ainda houve um debate acerca dos cenários e desafios da futura unidade em Teutônia, com participação de profissionais especialistas em diversas áreas.
O HOB planeja construir uma ala de UTI Adulto, com previsão de dez leitos. A realização da obra e a aquisição de equipamentos estão orçadas em cerca de R$ 10 milhões. A unidade deverá funcionar no terceiro andar do prédio mais recente do complexo hospitalar, cujo acesso principal ocorre pela Rua Major Bandeira. Com o primeiro andar reservado para as atividades administrativas e o segundo para o bloco cirúrgico, a projeção é instalar a nova unidade em um terceiro piso, cujas obras levariam cerca de seis meses de duração.

Equipe do Hospital Tacchini, de Bento Gonçalves, apresentou detalhes sobre o funcionamento de sua UTI (Foto: Marco Mallmann)
Demanda urgente
Conforme o diretor executivo do HOB, José Paulinho Brand, trata-se de uma intenção debatida há cerca de 15 anos, que mais do que nunca precisa avançar. O crescimento demográfico acelerado de Teutônia, o desenvolvimento da microrregião, o envelhecimento da população acompanhado de necessidades em saúde cada vez mais complexas exigem que o município disponha de uma UTI própria e pare de remeter pacientes a outras instituições.
“Teutônia e microrregião cresceram demais nos últimos anos, e a demanda em saúde está cada vez maior. Com o tempo, a região se acostumou a enviar pacientes para UTIs de outros hospitais, a uma distância, por vezes, de quatro ou até sete horas. Não podemos mais normalizar essa situação”, analisa Brand.
O diretor destaca a necessidade de sensibilizar sociedade e poder público, envolvendo líderes regionais, entidades, empresas e autoridades diversas em torno da causa. A própria realização do evento em meio ao período eleitoral foi pensada para trazer à tona o debate junto aos agentes políticos. “Não podemos esperar uma nova pandemia ou uma catástrofe climática para pedir a UTI. Tem que haver uma mobilização desde já”, comenta.
Brand discorreu na abertura da programação sobre a urgência do projeto, bem como os avanços recentes que possibilitam que ele enfim seja executado.
O presidente da Associação Beneficente Ouro Branco (ABOB) – entidade mantenedora do HOB –, Marco Aurélio Weber, também se pronunciou sobre relevância do projeto de UTI.
Segundo ele, o hospital, que hoje é referência para 38 cidades, há muito tempo deixou de ser uma instituição só de Teutônia, mas de toda a região. “Investimos muito em qualificação. Hoje, nossos funcionários compreendem quem somos e onde queremos chegar. Temos 18 projetos em andamento e nossa missão é promover ações de saúde com excelência e sustentabilidade”, afirmou.
Projeções de como será a UTI do Hospital Ouro Branco. Unidade deve gerar cerca de 70 novos postos de trabalho, de diversas especialidades. Acesso principal será pela Rua Major Bandeira, no Bairro Languiru
Avanços recentes
Entre os progressos no âmbito do HOB que criam condições para a implantação da UTI, destaca-se a conquista do certificado de Acreditação ONA, em 2023 e renovado neste ano. A auditoria externa revisou mais 800 rotinas, protocolos e indicadores da casa de saúde para a concessão do selo Nível 1 da Organização Nacional de Acreditação. O HOB foi o primeiro hospital de média complexidade do Vale do Taquari a receber o reconhecimento.
Outro avanço importante foi a parceria firmada com a clínica Nova Imagem, em que a gestão do Centro de Diagnóstico por Imagem foi assumida pela empresa, possibilitando soluções completas em diagnósticos para diferentes especialidades. Anteriormente, muitos dos exames demandados pelos pacientes do HOB precisavam ser realizados em outras localidades, o que inviabilizaria o trabalho de uma UTI local.
Ainda em 2023, após aprovação da Secretaria Estadual da Saúde, foi publicado no Diário Oficial do Estado o projeto arquitetônico da unidade. A conclusão do Plano de Viabilidade Econômica e Financeira, bem como a obtenção do Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndios (PPCI), também foram passos importantes.

UTI do HOB está projetada para ocupar terceiro piso de prédio onde hoje funciona o bloco cirúrgico (Foto: Édson Schaeffer)
R$ 10 milhões
Diante da previsão de investimento de R$ 10 milhões para obra e equipamentos, a necessidade de arrecadar recursos se impõe como o desafio central para tirar o projeto do papel. A instituição dispõe de R$ 1 milhão, obtido via emenda parlamentar do Congresso Nacional, e busca aportes de outras instâncias do poder público e entidades privadas, como prefeituras da microrregião e empresas.
Dos dez leitos previstos, sete serão destinados ao SUS e os outros três para convênios particulares. A implantação da UTI também implicará na abertura de 70 vagas de empregos no âmbito do hospital, visto que envolve o trabalho de profissionais de cerca de 15 áreas, como médicos de diversas especialidades, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais, fisioterapeutas, entre outros.
Participações
A programação incluiu ainda palestras de representantes de hospitais gaúchos que já contam com UTIs. Participaram os médicos Rogério Tregnano, coordenador da UTI do Hospital Tacchini, de Bento Gonçaves; e Roberto Ritter Souza, responsável técnico pela UTI do Hospital Santa Terezinha, de Encantado. Ao final, debate sobre cenários e desafios da UTI do Hospital Ouro Branco reuniu os médicos Guilherme Vogt, diretor técnico médico do HOB; Fábio Cardoso, coordenador da Clínica Médica da Emergência do HOB; e Taiani Vargas, coordenadora da área de Terapia Intensiva da Santa Casa de Porto Alegre e Secretaria da Sociedade de Terapia Intensiva do RS. O debate foi mediado por Anderson Habekost, gerente de Operações, Serviços e Ensino de Saúde da Univates.
Detalhes do Projeto
- Localização: a UTI funcionará no terceiro andar, a ser construído no prédio mais recente do HOB, cujo acesso principal ocorre pela Rua Major Bandeira.
- Tamanho: área de 660 metros quadrados.
- Capacidade: a UTI contará com 10 leitos, sendo sete leitos destinados ao SUS e três para convênios particulares.
- Custo: obra de R$ 5 milhões + equipamentos de R$ 5 milhões = R$ 10 milhões
- Duração da obra: seis meses para a construção da unidade.
- Geração de emprego: previsão de gerar 70 novos postos de trabalho.
Avanços recentes do HOB para viabilizar UTI
- Obtenção de Certificado de Acreditação ONA Nível 1
- Parceria com a Clínica Nova Imagem para gestão do Centro de Diagnóstico
- Projeto arquitetônico aprovado pela Secretaria Estadual da Saúde e publicado no Diário Oficial do Estado.
- Obtenção de PPCI
- Conclusão do Plano de Viabilidade Econômica e Financeira