A imigração germânica, a partir de 25 de julho de 1824, deu uma significativa contribuição cultural, econômica, étnica e social ao Brasil. Estima-se que, de 1824 até 1950, entre 200 mil e 300 mil imigrantes teutos tenham ingressado no país.
A população de origem alemã, de religião cristã, sempre demonstrou um enorme apreço pelo Natal, comemorado em homenagem ao nascimento de Jesus.
Outra figura celebrada e importante, na época natalina, é a do Papai Noel (inspirada no bispo cristão do século IV, São Nicolau). Nicolau, na cidade de Mira (na atual Turquia), destacava-se por sua compaixão e generosidade. O religioso, ao ajudar crianças carentes e distribuir presentes, tornou-se um personagem afamado e requisitado (dando origem ao moderno personagem do Papai Noel).
Os imigrantes e descendentes, nas colônias, contavam às crianças “que quem se comportasse” ganharia um presente do “Bom Velhinho”. As moradias, com árvores de Natal e presépios, eram enfeitadas para a chegada do período natalino. A “Árvore de Natal” (“Tannenbaum”), criada com pinheiros plantados para o fim ou extraídos da mata, era montada num lugar visível e adornada com bolas de enfeite e uma estrela na ponta, representando a estrela de Belém.
Os docentes, nas escolas, ensaiavam canções, poesias e teatros com as turmas, para apresentações à comunidade.
As crianças, com sua bela imaginação infantil, indagavam-se se o “Weihnachtsmann” (“Homem de Natal”) viria com seu ágil e rápido trenó voador, se (devido à sua saliente barriga) conseguiria entrar pela chaminé, se seria necessário deixar a porta aberta, se os cães não o assustariam no pátio, como o idoso senhor entregaria tantos presentes em uma exclusiva noite, como Jesus encontrava-se na estrebaria…
Ganhar uma “simples guloseima”, até a década de 1960, era um “fenômeno quase místico”, pois não existia a abundância de artigos que se tem hoje.
O Papai Noel, nas estórias narradas aos filhos, também carregava consigo uma grossa e saliente vara, com a qual podia bater forte sobre a mesa, em caso de ser visto pelas crianças e elas não estarem se comportando.
Do capricho do gramado à limpeza das casas, da educação nas escolas até os preparativos nas igrejas, as comunidades germânicas viviam, com alegria, gratidão e satisfação, a chegada do fim do ano e o “encanto e magia do Natal”.
Que possamos celebrar o Natal com amor, esperança, fraternidade e união, assim como os antigos.
Júlio César Lang Professor, geógrafo e escritor langjulio@yahoo.com.br