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ILUSTRE CIDADÃO

“O notário público é o único profissional que dá consulta e não cobra”

O quadro Ilustre Cidadão entrevista Jozué da Silva Pereira

Por: Marco Mallmann

22/05/2025 | 09:32 Atualização: 22/05/2025 | 11:36

Tabelião aposentado, Jozué da Silva Pereira é natural de Triunfo. Iniciou sua carreira como funcionário do antigo Instituto Nacional de Previdência Social, o INPS (hoje INSS), em Montenegro, onde atuou de 1969 a 1978.

Depois de realizar concurso, passou a exercer a atividade de notário público (registrador). Foi nomeado em 1978, pelo então governador do RS, Sinval Guazelli.

Trabalhou nos tabelionatos em Riozinho, Harmonia e Triunfo, somando 17 anos. Veio a Teutônia e assumiu o tabelionato em 1995, permanecendo até a aposentadoria, em 2021, totalizando mais 26 anos de dedicação.

Aos 78 anos, cuida da saúde, curte os 3 filhos (2 naturais e 1 adotivo), sete netos e os bisnetos, que até o final do ano já serão 6. Ao longo de seu trabalho, sempre teve como “bíblia” o Código Civil, a Lei dos Registros Públicos, as Constituições Federal e Estadual e o Código de Organização Judiciária. 

O que é o tabelionato, ou serviço notarial?

Jozué da Silva Pereira É aquele serviço que depende da vontade das partes. O serviço notarial visa garantir a segurança para a população em geral. É um ato de fé pública que deve ser eficiente, produzir os efeitos e ter garantia jurídica.

O valor do serviço é determinado pela Assembleia Legislativa e publicado pelo Tribunal de Justiça. Mas nosso trabalho vai muito além disso. Ouvimos todas as histórias das famílias, suas queixas e problemas. O notário público, ou registrador, é o único profissional que dá consulta e não cobra.

Qual o grau de responsabilidade do trabalho do tabelionato?

Jozué Nosso trabalho exige muita responsabilidade e sempre cobramos isso dos nossos colaboradores, porque quando algo for feito e causar prejuízo para as partes, isto repercutirá sobre o titular. Nosso trabalho foi dentro do nosso dever. Acredito que o servidor público tem como obrigação trabalhar de forma correta e atender bem a população.

Muitas vezes, quem procura os serviços não sabe direito o que precisa. Então, é fundamental que o servidor tenha capacidade de, se não responder na hora, pedir tempo para estudar, pesquisar e dar a resposta correta.

Minha esposa, a Vera, sempre teve esse cuidado. Ela trabalhava no balcão, atendendo o público, e não aceitava que as pessoas fossem feitas de “peteca”, mandadas de um lado para outro. Nossa diretriz sempre foi esta: as pessoas precisam ser atendidas como gente, com o devido respeito, independentemente de cor, valores ou posição social.

Como foi a receptividade em Teutônia?

Jozué No início foi bem difícil. O pessoal precisou conhecer o trabalho. Porém, logo conquistamos a confiança da comunidade. Aliás, conquistar o respeito e a confiança é o dever de todo o ser humano.

O prefeito, na época, Elton Klepker (in memoriam), sempre me tratou muito bem, com fidalguia. Com os presidentes das cooperativas, com os gerentes de bancos, sempre tivemos uma ótima relação.

Facilitávamos o trabalho, sempre que possível, indo ao encontro deles para colher assinaturas. Da mesma forma, fomos a muitas casas, por todo o interior, colher assinaturas de pessoas adoentadas, acamadas, para que não precisassem se deslocar até o tabelionato. Sempre que possível, trabalhamos levando em conta a humanidade, facilitando a vida das pessoas.

Como foi a evolução do trabalho ao longo dos anos?

Jozué A evolução foi fantástica. Viemos da máquina de escrever, do papel carbono, do livro manual, produzido em gráficas especializadas, para as mídias eletrônicas. 

O que o senhor deixou de legado nesse serviço para a região?

Jozué – Posso dizer que deixamos um serviço notarial atualizado, o arquivo todo digitalizado, incluindo centenas de livros de notas, inclusive antigos livros manuscritos. Contei com a presteza da minha filha, Maria Jael, que cuidou dessa parte de organização.

Isso me deixou tranquilo e realizado, porque fomos passíveis de várias fiscalizações e vistorias e nunca tivemos uma única reprimenda, voto de repúdio ou apontamento em relação ao nosso trabalho.

Acho que deixamos um legado prestado à altura da comunidade de Teutônia, cidade que a gente acompanhou esse crescimento estrondoso, a olhos vistos, nesse quarto de século.

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