4 de julho de 2025
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SURTO DE GRIPE

Baixa vacinação e explosão de casos pressionam sistema de saúde

No limite das operações, Hospital Ouro Branco restringe atendimentos e pede ajuda para conscientizar a comunidade. Imunização está muito abaixo da meta

Por: Marcel Lovato

01/06/2025 | 15:38 Atualização: 02/06/2025 | 08:18
Alta procura pela emergência aumentou de forma expressiva nos últimos meses em hospitais da região. Com a proximidade do inverno, cenário tende a se agravar | Foto: Sara Ávila
Alta procura pela emergência aumentou de forma expressiva nos últimos meses em hospitais da região. Com a proximidade do inverno, cenário tende a se agravar | Foto: Sara Ávila

A primeira incursão de ar mais frio e duradoura do ano, com mínimas abaixo dos 10°C, aliada aos baixos indicadores gerais de vacinação – inferiores a 50% na maioria das cidades – e a consequente escalada de casos de doenças respiratórias geram alerta no sistema de saúde. Tal cenário preocupa as instituições, diante da constante necessidade de equilíbrio entre a demanda acima do normal e capacidade de atendimento.  É o caso do Hospital Ouro Branco (HOB).

De acordo com o diretor executivo, José Paulinho Brand, a situação é preocupante, “à beira do colapso”, pois a média de atendimentos está 41% acima do normal. Com qualidade e segurança, conseguimos atender até 90 pacientes. Porém, há dias em que já passou de 120”, afirma. Destes, a maioria idosos e crianças, que não foram vacinados. As faixas etárias estão entre as prioritárias. Um óbito já foi registrado por conta de complicações causadas pela gripe.

“Haverá caos”

Em relação aos quadros clínicos, 37% são de urgência ou emergência. Algumas estão entubadas. Com frequência, há necessidade de transferência para os hospitais de Lajeado, Estrela ou outro grande centro. Porém, nem sempre há vaga.

Paulinho prevê um panorama caótico para os próximos meses. “Infelizmente, a população perdeu a confiança na vacina, na ciência de um modo geral e isso é muito sério”, aponta o dirigente. Conforme o Ministério da Saúde, apenas 35,60% dos moradores de Teutônia estão imunizados. A preocupação se acentua porque o inverno sequer chegou. Logo, a tendência é de procura ainda maior no ápice da estação.

Outro fator que agrava o problema é o fluxo de atendimento. No panorama ideal, o munícipe deve procurar, inicialmente, auxílio nos postos de saúde ou PA+ para casos não-urgentes ou menos graves. Esses são classificados nas faixas azul e verde. Entretanto, na prática isso não tem acontecido.

Grande parte do público se dirige ao HOB, independente da gravidade. O resultado: um atendimento mais demorado e a sobrecarga dos profissionais. Paulinho acredita que o movimento se dá em razão de uma baixa resolutividade das alternativas iniciais. Ao mesmo tempo, tenta sensibilizar a população. Na terça-feira, 27, o Hospital anunciou a restrição dos atendimentos menos complexos. “Não queremos chegar ao ponto de suspender”, afirma a nota divulgada pela instituição.

Devido à superlotação, o HOB também adotou a desospitalização de alguns pacientes, conforme o estado. Isso significa transferi-los para ambientes menos restritivos, como a residência, para a reta final do restabelecimento. Hoje, a instituição conta com 79 leitos, nove de recuperação. Uma equipe está em tempo focada na emergência.

No HOB, média de atendimentos diários está 41% acima da normalidade | Foto: Sara Ávila

Apelo aos vereadores

Diante do agravamento da situação, o Conselho Municipal de Saúde se reuniu na terça-feira, 27, para discutir estratégias de conscientização do público. A saída foi pedir o apoio dos parlamentares.

Conforme ofício assinado pelo presidente da entidade, Dr. Humberto De Alencar Oliveira da Costa, uma das funções do vereador é representar os interesses da população. Por isso, é importante que a Câmara oriente a comunidade sobre a importância da vacinação. O documento foi divulgado pelo Legislativo horas depois nas redes sociais e abordado na sessão.

Busca ativa

Sete semanas após o início da campanha de vacinação, Paverama é outro município que enfrenta desafios para elevar a cobertura. Conforme o painel do Ministério da Saúde, dos 2.486 munícipes que compõem a população-alvo, apenas 883 estão imunizados, ou seja, 35,32% do total. É o menor da microrregião.

Desta forma, a Secretaria de Saúde implementou uma busca ativa nas localidades rurais. Conforme a gestora da pasta, Melissa Hartmann, uma equipe formada por um agente de saúde, um médico e um enfermeiro percorreram a cidade para esclarecer dúvidas sobre o profilático e aplicar o imunizante. Os profissionais também realizaram ações em um lar de idosos, em grupos do CRAS e nas comunidades evangélicas e católicas.

Segundo ela, a adesão ao Imuniza Escola foi outro fator importante para aumentar a cobertura vacinal. Através do programa, desenvolvido pelo governo do Rio Grande do Sul, e com autorização prévia da família, o município realizou aplicações do imunizante nas escolas. Demais cidades têm reforçado a importância da vacinação nos canais digitais com a presença de profissionais da saúde.

Na microrregião, as maiores proporções de vacinados estão em Westfália (52,02%), Poço das Antas (47,57%) e Boa Vista do Sul (47,04%). Embora longe da meta de 90%, as médias dos três municípios são superiores às do Rio Grande do Sul (38,17%) e Brasil (32,45%). Iniciada no dia 7 de abril, a campanha de vacinação segue até o fim de junho. Por enquanto, a prorrogação não está prevista.

Emergência estadual

Há cerca de dez dias, o Governo do Estado decretou emergência em saúde pública devido ao aumento das hospitalizações. Até o fechamento desta edição, eram mais de 5 mil por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).

Já na segunda-feira, 26, foi a vez do Hospital Bruno Born (HBB), de Lajeado, divulgar a superlotação no setor de emergência. Naquele momento, a casa de saúde estava com 150% de ocupação no setor de emergência, com 12 pacientes internados. A capacidade física e de equipe é para 8. Além de Teutônia, a região contabiliza mortes por Influenza em Venâncio Aires e Encantado.

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