Legado é a herança deixada e, ou, transmitida de uma geração para a outra. Em se falando de legados culturais, são as tradições e os conhecimentos que uma comunidade acumula e que, através de diversas influências, contribuem para a formação de uma identidade própria e atual.
Queremos nos referir à comunidade a qual nos acolheu e que convivemos há mais de 40 anos, ou seja, Linha Clara, município de Teutônia, carinhosamente apelidada de “Modelo de Comunidade Alemã”.
Linha Clara, colonizada a partir de 1870, é assim chamada pela claridade na mata e do céu, além da maravilhosa visão do lugar em direção ao vale do Arroio Boa Vista.
A influência da imigração alemã na nossa comunidade é muito visível e fez com que tivéssemos atualmente uma identidade moldada pelos colonizadores que iniciaram na nossa região um trabalho árduo e persistente. O maior exemplo visível é certamente a aglomeração das sedes das entidades (educacional, religiosa, esportiva, social e recreativa) numa mesma área. A partir dessa concentração de entidades, moldou-se um mosaico cultural e que tem na sua essência a influência germânica. Ou seja, a igreja, a escola, o cemitério com sua ala mortuária, o campo de futebol, a sociedade cultural com o clube de tiro, que é ainda a única ativa no Vale do Taquari, o museu familiar, os corais, as festividades do Baile do Rei e do Kerb, a preservação da língua alemã e do dialeto westfaliano, são os ingredientes da preservação deste mosaico cultural.
“Alicerçados no legado germânico, e com contribuições das diversas influências das demais etnias, formou-se a nossa identidade própria”
A arquitetura também deixou as suas marcas, com a preservação de inúmeras casas em estilo enxaimel.
Talvez a mais importante de todas as contribuições e que resulta nessa singularidade da comunidade de Linha Clara ainda seja o fator trabalho e a preocupação com a introdução de novas tecnologias, transformando essa pacata comunidade de 120 famílias, caracterizada pelo minifúndio, destaque na produção de leite e a criação de aves e suínos, além de agroindústrias, granjas, empresas e um moderno frigorífico de bovinos.
Enfim, alicerçados no legado germânico (trabalho, cultura e fé), e com as contribuições das diversas influências das demais etnias, formou-se a nossa identidade própria. Cabe a nós e às futuras gerações valorizá-la e continuar a escrever essa bela história.
Ariberto Magedanz Professor e regente de corais