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LEGADOS CULTURAIS

A evolução da cultura no Vale do Taquari

Opinião de Marlon Gausmann, músico, regente e maestro

14/11/2024 | 14:59 Atualização: 10/01/2025 | 16:07

É notório que a cultura musical no nosso Vale do Taquari é bem diversificada e muito mais difundida e engajada que em outras regiões do nosso estado, tendo em vista a enorme quantidade de corais, orquestras, grupos instrumentais e vocais que se criaram durante as últimas décadas. Muitos desses ainda se mantêm em atividade até hoje. Eu, particularmente, conheci e conheço mais de uma centena de grupos musicais, entre eles corais, orquestras, conjuntos, bandas, durante minha trajetória como músico, regente e maestro. Quem nunca dançou num baile, ao som de uma dessas orquestras ou conjunto musical, ou então prestigiou um coral num encontro de corais, ou até num culto ou missa?

Esse é um legado que, majoritariamente, foi trazido e difundido pela colonização alemã, que em seus primórdios, a partir de 1824, veio ao nosso estado, e, um pouco mais tardiamente, ao nosso vale, e continuou cultuando essas tradições. Os primeiros passos desses colonizadores, além, é claro, da construção de suas casas, era providenciar um local para instalar uma escola em sua comunidade, priorizando sempre a educação. Logo em seguida, surgiram as capelas e pequenas igrejas, pois a fé também sempre esteve muito presente. E, em quase sua maioria, o professor que atendia essas escolas também era o regente dos corais que surgiam, cujo primeiro intuito era confortar as famílias nos enterros. Mais tarde, com o objetivo de socializar e confraternizar com outros corais e comunidades, surgiram os encontros de corais, que, em sua grande maioria, se mantém até hoje, principalmente em comunidades e municípios pequenos. Nota-se que em grandes centros essa tradição já vem perdendo espaço.

“Minha sugestão, em nível de município, é de criar um festival estudantil da canção, incentivando todos os alunos e escolas a participar”

Muita coisa mudou nestes últimos 200 anos e a nossa cultura também passou por um processo de transformação, com muitas atividades culturais desaparecendo aos poucos, outras se adaptando e evoluindo, e, por que não dizer, se miscigenando com outras etnias. Vivemos hoje num estilo de vida totalmente diferente ao que nossos primeiros antepassados encontraram e vivenciaram aqui, e provavelmente muitas coisas ainda vão mudar já nos próximos anos. As novas gerações dificilmente vão dar continuidade às tradições, da mesma forma que nossos pais, avós e bisavós vinham dando, “e tá tudo bem.” O mundo e a humanidade evoluem, e isso é bom. Basta que possamos dar o rumo certo, para que não esqueçamos de onde viemos, quem somos e quem queremos ser.

Marlon Gausmann
Músico, regente e maestro

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