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LEGADOS CULTURAIS

A identidade teuto-brasileira

Opinião de Guido Lang, escritor e historiador

10/10/2024 | 15:07 Atualização: 10/01/2025 | 16:03

A pergunta, no ano do Bicentenário da Imigração Alemã no Brasil, comemorado em 25 de julho de 2024, conduz à reflexão: o que significa ser um cidadão teuto-brasileiro no país?

Ela, no entender pessoal, representa, além dos laços sanguíneos, uma afinidade e identidade com a cultura e mentalidade dos povos germânicos, numa índole de agir e pensar a vida trazida pelos imigrantes oriundos da Europa Central.

O descendente, por adaptação, criação e formação, adota e vive o espírito e etnia desde seus ancestrais. Os exemplos, em perpetuados alicerces familiares,
ligam-se ao afinco ao labor, ao capricho, à confessionalidade, ao espírito associativo, ao hábito da organização, à manutenção das origens, ao orgulho pelo sobrenome, à prática do canto (coral), à preservação dos idiomas, à valorização da educação e honestidade.

O intento, em meio aos múltiplos grupos nacionais, é o de manter uma consciência e identidade com a etnia original e peculiar dos pioneiros (originários dos inúmeros estados que surgiram sobre o território da antiga Germânia). Um modelo existencial vivido em plena selva subtropical, que fez surgir prósperas colônias agrícolas e formou imponentes municípios progressistas.

“O descendente, por adaptação, criação e formação, adota e vive o espírito e etnia desde seus ancestrais”

Um estilo de vida peculiar, que enfatiza a crença no milagre do trabalho e na nobreza do empreendedorismo, com fins de elevar a dignidade e a qualidade de vida.

A palavra empenhada, como trato (acordo), assume expressão de documento e lei informal para os teuto-brasileiros. O princípio financeiro, de ser um obcecado poupador, visa precaver o sujeito das frequentes crises e infortúnios da saúde e da velhice.

A pontualidade alemã, em horário combinado, é cumprida com extremo rigor pelos alemães e seus descendentes. A correção, disciplina e transparência, nos negócios e procedimentos econômicos, instituíram a fama de ser um cidadão conservador e temeroso às leis nacionais.

A singularidade, de ser um brasileiro diverso e igual (no conjunto dos inúmeros Brasis), resulta numa riqueza cultural e social ímpar para o país da América do Sul. Os descendentes de alemães, hoje, são uma minoria considerável no Brasil: sendo estimados entre 5 a 10 milhões de pessoas, com mais de 3 milhões de falantes de dialetos germânicos.

Neste aniversário de 200 anos, parabéns aos teuto-brasileiros por terem ajudado a construir a beleza, o encanto e a diversidade da sociedade nacional.

Guido Lang
Escritor e historiador
langjulio@yahoo.com.br

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