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LEGADOS CULTURAIS

Alemanha e Brasil, uma longa história

Opinião de Everton Augustin, professor e gestor escolar

03/10/2024 | 15:10 Atualização: 10/01/2025 | 16:08

A relação do Brasil com pessoas oriundas da região onde hoje se localiza a Alemanha remonta ao Século XVI, quando os portugueses aqui aportaram e se deliciaram com esta terra maravilhosa. Na esquadra de Cabral, que chegou à Bahia, em 22 de abril de 1500, é citado um João Alemão, notável pelo domínio da astronomia. Seu sobrenome deve ter sido Emmerich. O mais famoso alemão dessa época foi Hans Staden. Mercenário na tropa portuguesa, escreveu os primeiros livros sobre o Brasil. Ele foi aprisionado e quase devorado pelos Tupinambás. Hoje, um instituto que tem a missão de resguardar a memória da imigração alemã no Brasil, sediado no Colégio Visconde de Porto Seguro, na capital São Paulo, honra o seu sobrenome, o Instituto Martius-Staden. Martius é uma referência ao botânico alemão que, juntamente com von Spix, viajou pelo Brasil no Século XIX para registrar sua maravilhosa fauna e a abundante flora.

“A marca cultural trazida pelos falantes de alemão é imensa”

Em 1822, é declarada a independência do Brasil em relação a Portugal. Nesse contexto, a imperatriz Leopoldina, austríaca da dinastia dos Habsburg e, portanto, falante nativa do alemão, bem como o patrono da independência, José Bonifácio de Andrada e Silva, desempenharam um importante papel para que, a partir de 1824, se introduzisse uma política de imigração de alemães a terras brasileiras. Embora o marido da imperatriz Leopoldina, D. Pedro I, quisesse apenas soldados, outro alemão, o major Georg Anton von Schäffer, foi incumbido de trazer também agricultores e artesãos. A revolução industrial e as constantes guerras foram causas da enorme pobreza em muitas regiões do que, somente em 1871, viria a ser a Alemanha. Isso facilitou muito o serviço do major. Fascinados com as promessas de isenção de impostos, terras férteis, clima favorável a colheitas fartas, liberdade religiosa, muitos alemães buscaram aqui construir a sua vida. Até 1830, já eram quase 12.000 imigrantes alemães listados em 42 navios.

A marca cultural trazida pelos falantes de alemão é imensa e se faz presente nas suas diversas manifestações: educação, religião esporte, música, lazer, indústria, comércio, ciências e muito mais. Ainda se fala o idioma alemão ou alguma variante como o Hunsrückisch, o pomerano ou o westfaliano. Muitos também professam a confissão luterana com todos os desdobramentos aqui introduzidos por esses imigrantes que vieram a partir de 25 de julho de 1824, quando 39 alemães foram alojados na Feitoria do Linho Cânhamo, na colônia de São Leopoldo, considerado o berço da imigração alemã no Brasil. Esse título também é disputado por Nova Friburgo no Rio de Janeiro.

Everton Augustin
Professor e gestor escolar
everton.augustin@gmail.com

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