Elio Dahmer, 84 anos, é professor autodidata aposentado. Natural da Linha Frank, hoje pertencente ao município de Westfália, contribuiu, por 70 anos, na formação de centenas de pessoas, na escola da sua localidade, na Linha Schmidt e, ainda, na Escola Estadual Gomes Freire de Andrade, em Teutônia. Entre as disciplinas ministradas, História, Geografia, Educação Moral e Organização Social e Política do Brasil (OSPB). Também é autor de livros que retratam a imigração alemã na região.
Como era o ensino em sua época de estudante?
Élio Dahmer – Nosso ensino foi programado para deixar o aluno apto para ajudar os pais em casa. Não éramos preparados para entrar na faculdade. Dos meus colegas, de dez, talvez se acha um que frequentou a universidade. Nós éramos preparados por nossos professores para enfrentar a vida. E quem queria fazer uma faculdade, fazia um cursinho. Em 1957, me formei em Técnico Rural pela então Escola Agrícola Teutônia.
Como o senhor começou a trabalhar como professor?
Dahmer – O professor Edvino Schneider, que era professor na Linha Frank desde 1943, sempre dizia que eu o substituiria lá. Mas minha formação não era voltada para o magistério. Eu era técnico rural. Em um sábado de manhã, veio na minha casa o pessoal da comunidade, do coral, para falar comigo e me convidar para ser professor na Linha Frank. Mas eu recém tinha construído dois aviários. Meu pai logo me disse que ia cuidar dos aviários para que eu pudesse dar aula. Aceitei dar aula por meio turno, mesmo eu tendo zero formação em pedagogia. Comecei a dar aula na Escola Bandeirantes, com cinco séries, em 1959. Em 1960, fiz concurso em Estrela pela prefeitura, sendo que eu fui o primeiro professor transferido de Estrela para Teutônia, quando Teutônia se emancipou. Na Linha Frank, fui professor e diretor até 1988. Também fui professor na Linha Schmidt de 1962 até 1994 e pelo Estado, na Escola Gomes Freire, fui professor de 1970 até 1997.
O que marcou o senhor durante o período em que esteve em sala de aula?
Dahmer – Em 1970, conseguimos unificar as duas escolas da Linha Schmidt, passando a se chamar Escola Particular Evangélica Linha Schmidt. Lá, tinha eu, em uma escola com primeira à quinta série, e o professor Tirp, em outra escola, também com primeira à quinta série. Então, trabalhamos para unificar estas duas escolas. E hoje vemos que foi uma decisão mais que acertada.
Como era a experiência de estar em uma escola multisseriada?
Dahmer – Quando eu atendia a primeira série, examinava o tema e letra. Se tinha um caderno, por exemplo, 11 linhas e tu achava um ou dois erros, pedia para escrever de novo, não como castigo, mas para aprender. Quando eu atendia uma série, as outras iam fazendo matemática, outros lendo história. Cada turma tinha um tempo. Quando a terceira série aprendia sobre animais, a segunda já ficava de olho, pois no próximo ano aprenderia aquilo. Posso afirmar, tranquilamente, que eu com cinco turmas consegui ter mais aproveitamento do que com uma.
Como o senhor se sente olhando seu passado, com 70 anos de sala de aula?
Dahmer – Comecei a lecionar muito jovem. Me sinto muito feliz e realizado por ter contribuído com a formação de tantas pessoas. Comecei do zero, mas Deus sempre dá razão ao ensino e graças a ele pude lecionar por tanto tempo. E, para lecionar, eu tinha como base o tripé respeito, responsabilidade e retidão. Em primeiro lugar, o respeito é tudo e era o que mais eu exigia dos alunos, além, claro, da responsabilidade e da retidão.
Em 2015, o senhor lançou o livro “A Imigração Alemã: Por que os alemães colonizaram o Sul do Brasil?”. O que mais vem por aí?
Dahmer – Agora, estou preparando um livro que fala dos 200 anos da imigração alemã e dos 200 anos da presença da Família Dahmer no Brasil. As duas histórias têm 10 meses de diferença. Os Dahmer vieram 10 meses depois dos primeiros alemães, que vieram em 25 de julho de 1824. Os primeiros Dahmer vieram em 21 de maio de 1825. Lembrando que o primeiro Dahmer foi Johann Heinrich Wilhelm Dahmer, que se instalou em Picada Café.