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Ilustre Cidadão

“Eu tenho um orgulho na vida: nunca tive um problema com aluno ou colega”

O quadro Ilustre Cidadão entrevista Sílvio Pedro Schmitz

Por: Marco Mallmann

07/11/2024 | 08:56 Atualização: 05/03/2025 | 14:22

Nascido em 19 de maio de 1946, Sílvio Pedro Schmitz tem 78 anos e uma vida dedicada ao ensino da Biologia e à administração pública. Nascido em Montenegro, cresceu em São Pedro da Serra, estudou e morou por 15 anos no Vale do Sinos, passando pela Escola Santo Afonso, pelo Colégio Cristo Rei e pelo Colégio São Luiz, todos em São Leopoldo, até cursar o 2o grau no Colégio 25 de Julho, em Novo Hamburgo. Retornou para São Leopoldo e fez as licenciaturas curta e plena, além da pós-graduação, na Unisinos. Atuou em diversos colégios e se estabeleceu em Poço das Antas, onde também foi o presidente da Comissão Emancipacionista, além de prefeito por três mandatos e uma vez vice-prefeito.

A partir de que ano começaste a lecionar?

Sílvio Pedro Schmitz – Comecei em 1969, fui professor por dois anos em Salvador do Sul. Vim a Poço das Antas, em 4 de abril de 1974, e comecei a lecionar na Escola Estadual (na época era Escola Cenecista), onde também atuei por quatro anos como diretor. Lecionei ainda no Colégio Martin Luther, em Estrela, no Colégio Teutônia e no CNEC/Ieceg, em Canabarro. Fiquei quatro anos fora da sala de aula no período em que exerci o primeiro mandato como prefeito de Poço das Antas, depois retornei. Saí novamente quando exerci dois novos mandatos como prefeito, em sequência. Retornei como professor por quatro anos, em Boa Vista do Sul, depois fui vice-prefeito por quatro anos. Eu tenho um orgulho na vida: nunca tive um problema com aluno ou colega. Quando o aluno não sabe, tu tens que tomar ele como filho e explicar para ele.

Como é que iniciou o processo de emancipação?

Schmitz – O vigário Cláudio Finger, de Maratá, veio ao rekerb e questionou por que Poço das Antas não estava buscando a emancipação, uma vez que muitos outros municípios estavam se movimentando para isso. No mesmo dia, vieram lá em casa me convidar, para que eu liderasse o movimento. Eu disse que poderiam contar comigo. Unimos as forças políticas locais e fizemos, em dois meses, os trâmites que, normalmente, demorariam oito meses. Eu fui o presidente da Comissão Emancipacionista, o Inácio Edmundo Klein foi o vice e também faziam parte Isolde Steffen Theisen, Sérgio Müller, Ignácio Affonso Schneider, Renato Heinz, Pedro Afonso Klein, Erno Wasem, Selpy Konrad, Lauro Herbert, Julio Martinez, Romeu Kaiber e Nestor Brönstrup. Também foi incentivador o Egídio Steffen, entre outros. O advogado Arno Eugênio Carrard foi nosso assessor. A criação de Poço das Antas foi aprovada por unanimidade na Câmara dos Deputados e a assinatura definitiva ocorreu em 12 de maio de 1988.

Como foi o início do município?

Schmitz – Na primeira administração, eram cinco vereadores da oposição e quatro da situação. Foi a melhor administração até hoje. Nós começamos do zero, não tínhamos lápis, borracha, caneta, cadeira, mesa, nada. Salvador do Sul (município do qual Poço das Antas se emancipou) levou tudo. O Legislativo gastava um pouquinho mais do que o Executivo, porque eu atuei os quatro anos como prefeito recebendo salário de professor. Eu deixei 8 carros novos na prefeitura. Compramos 4 máquinas grandes novas. Construímos 3 pavilhões, 2 postos de saúde e adquirimos 11 áreas de terra. Hoje é difícil uma prefeitura conseguir. Eu fiz todo o serviço do gabinete da prefeitura com meu carro e os vereadores não me permitiram utilizar combustível da prefeitura. Não recebi um auxílio sequer do estado ou união para adquirir uma ambulância, nem para o carro da Brigada Militar, para a reforma do prédio, ou para o combustível. Tudo era a prefeitura que fazia.

Quais foram os teus anos na prefeitura?

Schmitz – A primeira administração foi de 1989 a 1992. A segunda foi de 2001 a 2004, logo após a reeleição, de 2005 a 2008, e como vice-prefeito, de 2013 a 2016.

Valeu a pena criar o município?
Schmitz – Melhorou em todos os aspectos para a população. Hoje, a saúde e a educação são totalmente gratuitas. Criamos uma lei para acompanhamento de gestantes no pré-natal. Muitas vieram morar no município para fazer o acompanhamento médico e, depois que o bebê nascia, acabavam voltando para suas localidades. Eu me senti alegre, realizado, por essas mães terem realizado o sonho delas e terem conseguido saúde boa para seus filhos.

O que Poço das Antas precisa hoje?

Schmitz – Reabrir o frigorífico de suínos. A Languiru chegava a abater 1.850 suínos por dia, isso dá uma diferença de R$ 7 milhões por ano no orçamento. Quando a Languiru decidiu se instalar no município, criamos uma lei que isentava a cooperativa de pagar imposto para o município por 5 anos. Depois de 5 anos, pagava 50%, em mais 5 anos, 75%, até chegar a 100% depois de 20 anos. O município deu de presente aquele asfalto de entrada, os poços artesianos, a terra de 25 hectares. Na lei, nós colocamos que a Languiru só seria dona depois que o frigorífico funcionasse por 25 anos. Não sei como é que vai ficar essa questão.

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