Uma data para exaltar quem vive a essência da produção e conduz o progresso pelas estradas de todo o país. Assim, pode ser definido o 25 de julho. Em Teutônia e região, não faltam exemplos.
Um deles é o produtor rural Douglas William Pott, 19, morador de Linha Clara Alta. O jovem cursa Técnico em Agropecuária no Colégio Teutônia à noite e, durante o dia, segue os passos dos avós Dario Ahlert e Gerta Wahlbrinck Ahlert, e o tio, Carlos Otto Ahlert, na propriedade.
Por lá, auxilia desde a ordenha do gado leiteiro, tratamento dos porcos até a produção de silagem. Tarefas são constantes. “Sempre busco ajudar. É algo que tive muito envolvimento desde pequeno”, afirma Douglas. A escolha pela formação técnica se dá pelo desejo de agregar conhecimentos para o futuro da propriedade, visto que a sucessão familiar é encarada como um projeto de vida. Visitas a outros produtores também servem de inspiração.
De olho nessa continuidade, Douglas enfatiza a importância de diversificar as atividades daqui a alguns anos, como o investimento em avicultura. Hoje, a criação conta com 980 suinos e 56 vacas, grande parte delas em fase de lactação. Essa produção é vendida para a BRF e a Cooperativa Languiru. “O campo não é para os fracos. Para permanecer, é preciso gostar, ter coragem, perseverança e se identificar. Prefiro ficar aqui por conta da paz, contato com a natureza e desejo de crescer”, completa Douglas.
Isso inclui trabalhar todos os dias, acordar cedo e lidar com diferentes adversidades. Os principais desafios são os eventos climáticos extremos, sucessivos nos últimos anos, a falta de valorização e o alto custa de produção.
Ao mesmo tempo, a necessidade de investimentos em tecnologia e a infraestrutura é primordial, a fim de atender as exigências cada vez mais altas do mercado. “Ou evoluimos ou ficaremos para trás. Claro, com controle financeiro e administrativo”, completa. Para dona Gerta, o empenho do neto demonstra que a transmissão dos valores da atividade foi plenamente assimilada. Ou seja, vislumbra-se uma trajetória.

Tratar as 56 vacas também faz parte da lista de tarefas do jovem, que estuda Técnico em Agropecuária no Colégio Teutônia
Caminhos da independência
Exercer a profissão de caminhoneira é uma realização para Zuleica da Rosa, 31. Moradora de Bom Retiro do Sul, trabalha há três anos e meio na Transpaulo, aqui em Teutônia. Hoje, transporta produtos entre as unidades da empresa Lactalis Brasil afora.
No roteiro, os estados do Sul e Sudeste, além de Goiás. Algumas viagens chegam a durar até 15 dias. Carregado, o veículo, com detalhes na cor da rosa, pode pesar até 50 toneladas. Logo, a habilidade e o cuidado são imprescindíveis.
A paixão pelos caminhões se deu pela influência do seu tio, condutor de um boiadeiro. Seu primo seguiu carreira e também está na ativa. Foi uma inspiração profissional. “Meu pai dizia que era difícil, mas se emocionou quando esteve na carona”, lembra Zuleica. O filho Lucas Henrique, de 11 anos, é o seu principal apoiador.
Afinal, compreende as circunstâncias das ausências mais longas, que o sacrifício se dá em nome da construção de uma vida melhor para ambos. “A admiração e orgulho que ele sente são combustíveis. Acredito que a carga mais pesada que eu carrego é a saudade” destaca.
Antes da atual função, Zuleica trabalhou em um curtume e no setor calçadista. Mais tarde, fez faxina na casa do chefe de frota da Transpaulo, Cleiton Tauchert. Foi ele quem entendeu a dimensão do sonho da funcionária e lhe deu a oportunidade de mudar de vida em 2022. No início, lhe ajudou com dicas sobre a condução e companhia nas viagens, em especial nos trechos mais perigosos. Esse apoio fez toda a diferença.

Fiel escudeiro de Zuleica nas estradas, caminhão pode chegar a 50 toneladas quando está carregado. Detalhes cor de rosa chamam a atenção. Fotos: Sara Ávila
A caminhoneira enfatiza que o preconceito ainda é grande, principalmente na estrada. Alguns motoristas ‘não admitem’ que uma mulher os ultrapasse. No entanto, isso não lhe causa abalo. Outro problema é a falta de infraestrutura de certos pontos, como a precariedade nos banheiros femininos e na segurança. Por isso, a preferência é pelo pernoite nos mesmos locais.
Paralelamente, destaca o quão fundamental é manter a harmonia com os demais colegas de profissão e trabalhar o psicológico quando alguns perdem a vida po trãnsito. Zuleica, inclusive, já teve de lidar com a morte de uma amiga no passado recente.
“É uma liberdade que prende. As estradas são viciantes. Não me vejo fazendo outra coisa. Além disso, é gratificante receber o carinho e o respeito de outras pessoas, saber da admiração, que você inspira alguém”, encerra Zuleica.
Dom
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Teutônia, Liane Brackmann, destaca que 80% dos alimentos são provenientes da agricultura familiar, o que evidencia a força do setor. Em âmbito local, o clima e o solo fértil contribuem para esse cenário.
“Cultivar é um dom do colono, que vive o campo diariamente e transforma o trabalho de plantar e colher em um projeto de vida”, valoriza Liane. A dirigente enfatiza, ainda, a conexão entre agricultores e motoristas, essencial para a roda econômica girar, garantir o abastecimento e o sustento de inúmeras famílias.
As datas
• 25 de julho de 1824 – Chegada dos Imigrantes Alemães ao Rio Grande do Sul;
• 25 de julho de 1924 – Primeira comemoração do “Dia do Colono” em alusão ao Centenário da Imigração;
• 5 de setembro de 1968 – Sancionada a Lei 5.468, que institui o Dia do Colono;
• 21 de outubro de 1968 – Decreto 63.461 institui o Dia do Motorista;
• 1969 – A partir desse ano, as datas passaram a ser celebradas em conjunto