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INTÉRPRETE DO NOEL

A arte de interpretar o Bom Velhinho

As histórias de quem faz do mês de dezembro uma experiência inesquecível para tantas gerações

20/12/2024 | 13:51 Atualização: 08/01/2025 | 10:12
Martin Eggers vive o personagem há 15 anos (Foto: Arquivo)
Martin Eggers vive o personagem há 15 anos (Foto: Arquivo)

Por mais de duas décadas, Diego Tenn-Pass tem levado o espírito natalino a crianças e adultos com sua interpretação de Papai Noel. O que começou como um convite despretensioso de sua madrinha, quando ele tinha apenas 12 anos, transformou-se em uma jornada de 25 anos dedicados a espalhar alegria, magia e solidariedade durante o Natal.

Diego, hoje com 38 anos, relembra seu primeiro Natal como o Bom Velhinho com carinho. “Minha madrinha fazia o Papai Noel usando máscara e precisava de alguém para convencermos uma menina de que o Papai Noel existia. Foi assim que tudo começou”, conta ele. Desde então, Diego incorporou o personagem quase todos os anos, tornando-se um símbolo da festividade para muitas famílias.

Conexão com as crianças

A dedicação ao papel começa meses antes do Natal. Em julho, Diego para de aparar a barba, enfrentando brincadeiras de amigos e, em dezembro, ele a transforma em branco brilhante com a ajuda da esposa, Joice. “Cada detalhe importa, desde a barba até o tom de voz, para garantir que a magia esteja completa”, explica.

Para Diego, vestir o traje vermelho e deixar a barba mais comprida e branca vai além de uma representação simbólica. “Desligo todas as preocupações e me concentro em ser a melhor versão do Papai Noel que posso entregar”, afirma. Ele acredita que a sinceridade das crianças é o que torna a experiência tão especial. “Se elas gostam de você, elas te abraçam; se têm medo, choram; se não acreditam, fazem perguntas para testar”.

Além disso, Diego vê sua missão como algo que vai além do lúdico. Em uma ocasião, ele ajudou uma menina a abandonar a chupeta prometendo que os duendes usariam o bico para terminar o pneu da bicicleta que ela tanto queria. “Foi emocionante ver como ela se esforçou para realizar seu sonho”, lembra ele.

Diego Tenn Pass interpreta Noel desde os 12 anos de idade

Espalhar alegria

Há 15 anos, Martin Eggers encontrou uma maneira única de espalhar alegria e vivenciar a magia do Natal: vestindo-se de Papai Noel. O que começou como uma ideia simples, com uma fantasia improvisada feita de roupas de cama e uma máscara de borracha, transformou-se em uma tradição que encanta crianças e adultos todos os anos.

“Na época, a máscara assustava as crianças, mas era o que eu tinha”, relembra Martin, com bom humor. “Hoje, minha roupa é impecável, porque sei que o que as pessoas veem reflete a magia que eu quero transmitir”.

Para Martin, o Natal é mais do que presentes e enfeites. É um momento de resgatar o verdadeiro significado da data. “O Natal é magia eterna. É sobre o nascimento do Menino Jesus, a união das famílias e o espírito de ensinar às crianças o que realmente importa”, afirma ele, emocionado.

Apesar do foco no encantamento, Martin reconhece que as crianças muitas vezes se concentram nos presentes. “Elas chegam correndo, me abraçam e fazem promessas para os pais: dizem que vão comer toda a comida, obedecer… É mágico ver como elas acreditam naquele momento”.

Transformar vidas

Uma das lembranças mais marcantes de Diego ocorreu em uma comunidade carente. Ao visitar uma família, foi surpreendido pela alegria das crianças que se reuniram ao seu redor.

“Cheguei com pequenos presentes e, de repente, parecia que toda a vizinhança estava lá. As crianças eram tão rápidas e espertas. A troca de energia foi inesquecível”, conta ele.
Ao longo de sua trajetória, Martin também colecionou momentos marcantes, que vão de situações engraçadas à emocionantes. Ele lembra de um menino que, ao desconfiar da barriga do

Papai Noel, deu-lhe um soco, apenas para descobrir que era real. “Ele saiu correndo, gritando que eu era o verdadeiro Papai Noel”, ri Martin.

Mas nem só de risadas vive o bom velhinho. Martin recorda com carinho o dia em que uma senhora o abraçou e chorou. “Ela disse que nunca tinha tido a oportunidade de abraçar um Papai Noel na infância. Foi um momento único e muito emocionante”.

Papais Noeis dedicados

Para Diego, o papel de Papai Noel é uma oportunidade de lembrar as pessoas do verdadeiro significado do Natal. “É um momento de troca. Crianças têm uma energia incrível, e estar com elas me abastece. Se eu puder prolongar essa magia e alegria para elas, então tudo vale a pena”, conclui.

Além de alegrar as crianças, Martin também ajuda os pais em pequenos desafios. Ele conta que muitos pais usam o encontro com o Papai Noel para convencer os filhos a abandonarem a chupeta. “Eu coloco o bico no saco de presentes e, em troca, dou um pirulito ou um brinquedo. É incrível como isso funciona”.

Para Martin, cada encontro, seja com crianças ou adultos, é uma oportunidade de espalhar alegria e esperança. “Quando visto a roupa, agradeço a Deus por poder fazer esse trabalho. É gratificante ver como pequenos gestos podem transformar o dia de alguém”.

Com sua barba branca e coração generoso, Diego Tenn-Pass continua a ser um Papai Noel que transforma o Natal em um momento mágico e inesquecível para quem cruza seu caminho. Afinal, como ele mesmo diz, “se as crianças soubessem a barra que é ser adulto, todos iam querer voltar a ser crianças”.

Histórias como as de Diego e Martin nos lembram que o Natal é, acima de tudo, sobre conexão e amor. E, enquanto houver quem acredite na magia, Papai Noel continuará a existir – seja em shoppings, mercados ou nos corações de quem mantém vivo o espírito natalino.

Figura do Papai Noel é inspirada em São Nicolau, bispo do século IV na Turquia

Origens

O Papai Noel, símbolo natalino, tem suas raízes em São Nicolau, um bispo do século IV na Turquia. Conhecido por sua generosidade e atos de bondade, ele presenteava crianças no dia 6 de dezembro. Com o tempo, essa tradição foi incorporada ao Natal, celebrado em 25 de dezembro.

A imagem moderna do “bom velhinho”, com roupas vermelhas e barba branca, foi popularizada em uma propaganda de refrigerante em 1931, embora antes tivesse trajes de várias cores por influência de tradições nórdicas.

Já a história da sua residência no Polo Norte surgiu nos anos 1950, como estratégia turística da Finlândia, que criou uma vila na Lapônia para atrair visitantes. O nome “Papai Noel” vem do francês “Noël” (Natal), enquanto “Santa Claus” deriva do holandês “Sinter Klass”, referência a São Nicolau.

CURIOSIDADES

  • São Nicolau costumava ajudar de forma anônima quem estivesse em dificuldades financeiras. Colocava um saco com moedas de ouro na chaminé das casas.
  • O bispo se transformou em símbolo natalino em 1823 por causa de um texto do escritor americano Clement Clark Moore. Ele publicou, sem assinar, um poema sobre um bom velhinho, que, com seu trenó, distribuía presentes. A história se popularizou e correu o mundo.
  • Antes disso, Papai Noel era retratado em um cavalo. A imagem que se tem hoje apareceu em 1863. Foi ideia do cartunista germano-americano Thomas Nast, que o retratou como um senhor baixinho, que descia pela chaminé. Em 1869, Nast pintou sua roupa de vermelho.
  • As renas são os animais responsáveis por ajudar o Papai Noel. De acordo com a versão popular, eram oito animais, até surgir uma rena de nariz vermelho (Rudolph) que tinha o dom de guiar o trenó durante os nevoeiros.

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