Entusiasta das artes plásticas, Maria Isabel Lena Schaeffer está prestes a completar 91 anos. Nascida em Jaguari (RS), veio residir em Teutônia em 1963, “quando as ruas de Canabarro ainda não tinham calçamento e as crianças voltavam da escola com os calçados sujos de barro vermelho”. Entre suas paixões, estão o desenho, a pintura e os trabalhos manuais, artes pelas quais criou apreço ainda na época da escola e que aprimorou ao longo da vida. As viagens pelo mundo completam o rol de hobbies da artista, que já visitou 42 países. Com saúde invejável e total mobilidade e autonomia, Maria Isabel revela o segredo da longevidade: alimentação saudável e ocupação da mente.
Como a senhora desenvolveu o gosto pelo desenho?
Maria Isabel Lena Schaeffer – Foi no tempo da escola, na década de 1940. Comecei desenhando o que a professora nos dava: uma flor, um menino lendo, um gatinho. Depois fui aprimorando, do desenho comum para o pastel seco, para o óleo sobre tela, para a aquarela e pintura em porcelana. Fui aprendendo e comecei a desenhar até mesmo artistas americanas famosas da época. Pintar um retrato era difícil, pegava uma revista e procurava retratar as expressões da artista. Olhava o rosto, copiava, aumentava. Fui fazendo, aprimorando as técnicas. Quando tinha uma paisagem, gostava de desenhar um menino fazendo xixi, era a coisa mais prática. Depois comecei a criar meus próprios desenhos, até porque criar uma coisa própria dá muito mais satisfação.
Como era o acesso à educação, na época?
Maria Isabel – Eu tinha dois irmãos mais velhos, depois vieram eu e mais quatro meninas. Meus pais deram prioridades para os rapazes fazer faculdade, em Santa Maria e Porto Alegre. Nós, meninas, tínhamos que ficar, havia só o ginásio. Então ocupávamos o tempo com aula normal pela manhã e à tarde tinha a possibilidade de aulas de música, desenho, pintura em tela. Quando casei e, posteriormente, quando vim morar em Teutônia, comecei a fazer costura. Costurei roupas para várias pessoas, até de Porto Alegre. Até hoje, eu não sei ficar só de braços cruzados. Recentemente, fiz mais de 100 sapatinhos de crochê para bebê, além de quadradinhos que viraram cobertas, que foram doadas para as vítimas das enchentes.
Qual a sensação de perceber que as pessoas estão apreciando seus quadros?
Maria Isabel – Participei de exposições em Estrela, no SESC, em Lajeado, na Univates, através de leilões da galeria de arte do Nícolas Bublitz, em Porto Alegre, e da curadora Neiva Valenti Poletto, em Bento Gonçalves. Ela inclusive levou obras minhas para Cuba. Também fui uma das incentivadoras para a realização da Teutoart. A arte embeleza o mundo. Ela satisfaz, preenche. Para quem faz, é maravilhoso. É muito bom o reconhecimento das pessoas que apreciam a arte da gente.
E aí surgiu o Clube de Mães Lar da Amizade e a Escola de Educação Infantil Cirandinha?
Maria Isabel – Participei da fundação do Clube de Mães, em 1973, e da creche, em 1979. Ministrei diversos cursos. Sempre tive habilidade para decorar e então organizamos muitos bailes beneficentes à Cirandinha e ao Lar de Idosos Opa Haus: Baile de Máscaras, Baile da Primavera, o jantar Homens na Cozinha e o jantar Mulheres Boas de…. Mesa, sendo este último em benefício da Associação Regional Cultural e Artística (Arca), que, infelizmente, não existe mais.
Quantos países a senhora conhece?
Maria Isabel – Conheço 42 países. Somente para a Itália, um país que eu amo, viajei sete vezes, tenho inclusive cidadania italiana, assim como meus filhos. Passei 40 dias em Peruggia, fazendo curso de italiano e falo o idioma fluentemente. Agora estou fazendo academia para reforçar a musculatura das pernas, pois, no dia 4 de novembro, vou viajar sozinha para o Rio de Janeiro e, de lá, vou com a minha filha para Minas Gerais. É bom fazer um exercício para a gente manter a atividade física, isso ajuda muito. E já estou pronta para mais viagens, é só me convidar que já estou indo.
Qual o país, além da Itália, que mais lhe chamou a atenção?
Maria Isabel – O Butão, um país pequeno na Ásia. Eles têm um aeroporto pequeno e não querem aumentar para não tirar uma área de plantio, para não prejudicar os colonos do lugar. Então, só vai avião pequeno para lá. Visitamos uma escola e todos os alunos estão uniformizados. Há uma sala de pintura, uma de desenho, uma de escultura, uma de costura. Lá eles se preocupam com a FIB (Felicidade Interna Bruta), e não com o PIB.