18 de abril de 2025
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ILUSTRE CIDADÃ

“A criatividade é muito importante, está dentro da gente e tem que sair”

O quadro Ilustre Cidadã entrevista Maria Lúcia de Oliveira Blazoudakis, a “Dona Marilu”

Por: Marco Mallmann

17/10/2024 | 08:28 Atualização: 05/03/2025 | 14:22

Maria Lúcia de Oliveira Blazoudakis, a “Dona Marilu”, nasceu em Giruá, em 24 de novembro de 1940. Formou-se professora pelo Instituto de Belas Artes, de Novo Hamburgo, em 1961, mas foi em Teutônia que ela fez história. Foi dela, enquanto diretora, a iniciativa de “rebatizar” o antigo Grupo General Canabarro como Escola Estadual Reynaldo Affonso Augustin. Também foi cofundadora do Clube de Mães Lar da Amizade e da Escola de Educação Infantil Cirandinha. Ainda participou ativamente da criação da Secretaria Municipal de Cultura. Por suas contribuições, recebeu o título de Cidadã Teutoniense na Câmara de Vereadores, em março de 2024. 

Como conheceste o seu marido, o Grego (em memória)?

Maria Lúcia de Oliveira Blazoudakis – Nós estudávamos em novo Hamburgo e o Grego (como era conhecido Charalabos Blazoudakis, falecido em 8 de fevereiro de 2018) ficava do outro lado da praça lendo jornal. Todo mundo falava: “Vamos convidar o Grego para vir aqui”. Daí convidamos o Grego para um baile lá em São Leopoldo, no Orfeu. Ele me tirou para dançar, só que ele não sabia dançar e não falava português. Minha irmã convidou ele para ir lá em casa. Ele fazia comida, logo se integrou à família. Daí começamos a namorar. Casamos em 1964. O Grego veio como imigrante, para trabalhar. A família tinha curtume na Grécia e na guerra perderam tudo. Viemos para Teutônia em 1970. No começo, eu tinha horror daqui, porque eu entrava nas lojas e ninguém queria falar comigo. Eu me sentia rejeitada, porque as pessoas falavam só alemão e não me entendiam. A mudança de cultura foi muito grande.

Até quando a senhora foi diretora na Escola R.A. Augustin?

Dona Marilu – Fui diretora por 10 anos, entre as décadas de 1970 e 1980. Trabalhei na 3a DE como supervisora de educação artística. Engravidei e recebi a oportunidade de ficar por aqui. À noite, eu dava aula no Colégio Martin Luther, daí abriu uma extensão aqui e eu vim dar aula no Ieceg.

Na sala de aula, sempre como professora de artes? 

Dona Marilu – Quando era jovem, em Novo Hamburgo, pintava figuras históricas. Tive uma professora argentina que nos ensinou criatividade. Fiquei maravilhada. Ela botava uma música e a gente tinha que dançar na aula. Depois escrevíamos as emoções que sentimos. Quando eu comecei a dar aula, trabalhava só a criatividade, pois, através dela, a gente consegue saber o que quer na vida: qualquer profissão se descobre através da criatividade. A criatividade é muito importante, está dentro da gente e tem que sair.

Como foi a criação do Clube de Mães, da Cirandinha e dos projetos culturais?

Dona Marilu – Começamos a nos reunir e criamos o Clube de Mães, em 1973. Com o crescimento da indústria calçadista, tínhamos mais de 100 mulheres empregadas, então, por lei federal, tínhamos a obrigação de ter uma creche. Eu reuni as mães e expus o problema. Conseguimos R$ 100 mil com um deputado. Fizemos uma rifa e vendemos 50% do valor de um Fusca 0km. Com o dinheiro, construímos a primeira parte da creche. No início, as mães relutaram em deixar seus filhos sendo cuidados por outras pessoas. Porém, no fim de 1979, já tínhamos 120 crianças. Fizemos uma verdadeira revolução. Organizamos o Baile de Máscaras, o Baile da Primavera, os jantares Homens na Cozinha e Mulheres Boas… de Mesa, tudo com vistas a juntar recursos para a escola. Criamos a Teutoarte, com artistas de todos os lugares do RS. Era uma exposição muito boa. Depois, criamos a Arca, organizamos saraus culturais. A ideia era fazer um centro cultural. Fizemos uma parceria com a Univates e os alunos de Arquitetura elaboraram projetos. Eu não me cansava, fazia aquilo com amor.

Qual a sensação de ser reconhecida Cidadã Teutoniense?

Dona Marilu – É um orgulho para mim. Quando eu cheguei na Câmara de Vereadores e vi toda minha família e amigos reunidos, foi uma grande surpresa e emoção.

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