Ao ser convidado para escrever esta coluna, sobre um tema tão relevante como os legados culturais, percebi a necessidade de me apresentar. Sou Carlos Henrique Campos, porto-alegrense, mas teutoniense de coração. Estabeleci toda minha educação, família e profissão no município de Teutônia. Este vínculo me levou, em 2010, ao produzir meu trabalho de conclusão de curso, Licenciatura em História, pela Univares, de Lajeado, a escrever sobre a emancipação do nosso município, esse trabalho resultou em um livro publicado, pioneiramente, sobre o assunto em 2013 – O município de Teutônia: o histórico do processo emancipacionista.
A partir desta introdução, ressalto o quanto o município de Teutônia é recente, comparado com municípios como Estrela e Taquari, ou mesmo Porto Alegre. São 43 anos de emancipação política e, em razão disso, são pouquíssimos os registros que temos deste processo. Então, para escrever este assunto, foi preciso resgatar o que para a História é tão importante quanto documentos e fotos: a memória.
“Quando conhecemos nossa História, não repetimos os mesmos erros do passado”
O historiador francês Jacques Le Goff já afirmava que a memória oral é uma das ferramentas utilizadas para a construção da História. Ela faz com que documentos e fotos ganhem sentido dentro das histórias narradas. Assim, ele mesmo afirma que a memória é responsável por salvar a História, servindo ao presente e futuro. Já o sociólogo Paul Thompson complementa declarando que a História Oral, como chamamos a memória, é a possibilidade de recriar momentos históricos. Inclusive, José Carlos S. B. Meihy, apresenta que a memória nos faz envolver com questões relacionadas à identidade.
A partir destes conceitos, quem de nós não adorava sentar-se para ouvir as histórias contadas pelos nossos avós quando éramos crianças? Lembro-me do meu avô contando sobre os movimentos nas ruas de Porto Alegre, quando em 1961, o então governador Leonel de Moura Brizola instituiu a Campanha da Legalidade para a posse de João Goulart como presidente da República. Meu avô vendia cachorro-quente no Centro e viu toda a movimentação em torno do Palácio Piratini. Como ele mesmo dizia: “vinha gente com tudo que tinha em casa: vassoura, enxada, foice”.
Resgatar a memória é salvar a História, já diria Le Goff. Por isso, quero incentivar os jovens a escutarem as histórias de suas famílias, através de pais e avós. Aprendam sobre suas origens, sobre sua cidade, sobre as instituições públicas ou privadas. Quando conhecemos nossa História, não repetimos os mesmos erros do passado.
Carlos Campos Professor e escritor