A regente de corais Adelaide Luersen Wiebusch tem 60 anos. Casada com Rudi Wiebusch, tem duas filhas, Aline Taís e Alice Sofia, a curte o primeiro neto, Pietro Luca. Natural de Linha Geraldo Alta, começou a tocar violão aos 12 anos e cursou música, aprendendo leitura de notas e solfejo no Instituto Mascarenhas, com aulas em Estrela, Arroio do Meio e Encantado, em meados dos anos 80. Ao lado da irmã, que também tocava violão, participou de festival de canto no antigo ginásio da Cooperativa Languiru. A dupla chegou a gravar fitas K-7 com cantos em alemão, que eram executados em programa veiculado na Rádio Venâncio Aires.
Como iniciou a tua carreira como regente de corais?
Adelaide Luersen Wiebusch – Tive um grupo, antes de casar, em 1987, no Clube de Mães de Linha Geraldo Alta. Depois, fui procurada para ser professora de música em Westfália. Em março de 1991, fui procurada para reger o Coral Castelo Forte, do Bairro Canabarro. Logo depois, em maio, no Encontro de Corais de Teutônia, já fomos sorteados para cantar. Era um dia frio e eu estava tremendo para valer, mas era de puro nervosismo. Um tempo depois, passei a cantar também no Vocal Liberdade, com o qual tive a primeira experiência de viajar para a Alemanha, em 1997.
Quantos corais chegaste a reger simultaneamente?
Adelaide – Trabalhei, ao mesmo tempo, em sete corais. Junto com o Castelo Forte, assumi o Coro da Oase de Canabarro, o Coro Liederkranz, de Linha Geraldo Baixa, o Coro Nossa Senhora do Rosário, também de Canabarro, o Coral Martin Luther, de Languiru, o Coro da Oase de São Jacó e o Coro Misto de Boa Vista. Daí ainda resolvi montar o Grande Coral Natalino, juntando todos os coros, com participação de grupo instrumental, mesclando canto e encenação. Isso foi uma inovação, eu adoro o Natal. Este movimento iniciou por volta de 2012 e encerrou com a pandemia. Lamento que esse trabalho tenha terminado, porque era muito bacana. Muitos corais não tiveram sequência, infelizmente, depois da pandemia.
Com o Grande Coral Natalino vocês viajaram pelo RS e também para fora?
Adelaide – Sim. Primeiro cantamos nas comunidades aqui, de onde eram os corais. Fizemos um DVD e um CD com as músicas. Fomos para Candelária, Canela, Ivoti, Roca Sales, entre outras. Formamos um grupo de mais de 60 pessoas e viajamos para o Espírito Santo, visitar o pastor Ênio Fucks, que havia sido transferido aqui da comunidade Martin Luther para lá. Foi uma experiência riquíssima para todos, grande parte nunca havia viajado de avião. E lá também tivemos uma receptividade sensacional dos pomeranos, que ocuparam aquela região. Cantávamos a música “Lembranças da minha terra”, do Monte Azul, que tem uma parte cantada e outra falada, destacando como era a vida antigamente, no interior, o contato com a natureza. Era um resumo do nosso tempo de criança e era muito legal, porque fazia as pessoas lembrar do seu tempo. Em 2015, viajamos para a Alemanha e levamos um show multicultural, com vestimentas e músicas típicas e folclóricas de diversas regiões do Brasil. Foi uma experiência diferenciada, não para mim, mas para todos os participantes.
Atualmente trabalhas com quais grupos?
Adelaide – Além dos Amigos de Teutônia, com o qual estamos viajando e nos apresentando em muitos lugares, inclusive fora do RS, e do Coral Martin Luther, faço a liturgia cantada na comunidade de Linha Geraldo Alta, estou dirigindo o Coro da Oase de Lajeado, e o Coro da Oase de São Jacó.
Como surgiu o grupo Amigos de Teutônia?
Adelaide – Durante a pandemia, com os corais parados, a gente fazia vídeos utilizando o aplicativo Smule, inicialmente para o pastor Márcio Frank colocar durante os cultos transmitidos on-line. Aquilo repercutiu muito, porque nosso repertório falava de esperança, de força e de fé, e as pessoas pediam para que não parássemos, que essas gravações davam ânimo para que seguissem em frente e tivessem forças para enfrentar os desafios do lockdown. Não imaginávamos a dimensão que iria tomar. O grupo Amigos de Teutônia foi uma injeção de ânimo para todos que estavam em casa, sobrecarregados de informação, angustiados. A nossa música entrando nos lares deixava as pessoas mais leves e agora estamos novamente colocando gravações nossas nas redes sociais. É gratificante saber que estamos chegando a várias partes do mundo e tendo uma aceitação fantástica.
O que a música significa para ti?
Adelaide – O canto faz milagres. A música impulsiona a alma, assim como o coração impulsiona a vida. A música faz a gente flutuar e precisa ser vivida para que a mensagem seja passada. Quando cantamos, temos que sentir, viver a música: ela tem que passar pelo nosso corpo para que a mensagem seja transmitida, tem que chegar no outro e arrepiar.