Natural de Linha Berlim Fundos, Westfália, a professora aposentada Edit Nair Brune Pott tem 69 anos. Aos 13, foi residir em Estrela e trabalhou como doméstica. Depois de concluir o Técnico em Contabilidade, cursou licenciatura em Ciências na Unisinos, de 1977 a 1982. Além de adaptações ao Magistério, no Colégio Santo Antônio, sob recomendação da 3ª DE (hoje 3ª CRE), cursou licenciatura plena em Física, em regime especial de férias, e pós-graduação de Especialização em Currículo, ambas na Unisc. Passou a residir em Pontes Filho em 1983, mesmo ano em que casou com Délio Pott. É mãe de Ramon Pott e tem dois netos: Pedro Felipe, de 4 anos, e Rafaela, de um mês e meio.
Desde sempre, tua vocação era ser professora?
Edit Nair Brune Pott – Não. O que eu queria ser de verdade é arquiteta. Desde muito cedo, gostava de desenhar e fazer cálculos. Quando prestei vestibular, passei para Arquitetura, mas não tinha condições financeiras para bancar o curso, pois o material era muito caro e ensino era quase todo no turno da manhã. Minha segunda opção foi de ser professora na área de Ciências para o 1º grau. Então, na verdade, eu caí nessa área.
Onde foi tua primeira experiência em sala de aula?
Edit – Foi em Pontes Filho, em 1983, na Escola Municipal Manoel Ribeiro Pontes, que era multisseriada. Ao mesmo tempo, lecionei Ciências e Matemática na Escola Dom Pedro I, em Linha Clara, para a 5ª e 6ª séries. Em meados de 1987, como não se podia acumular duas funções em áreas públicas, optei por iniciar atividades como professora de Ensino Médio na Escola Estadual Gomes Freire de Andrade, onde lecionei Física e Matemática. até 2007, quando me aposentei. Portanto, atuei por 20 anos nesse educandário.
Levando em consideração a tua carreira, te consideras realizada?
Edit – Me senti muito bem. Tive e tenho vocação para ensinar, porque ensinando você também aprende, é uma troca. Quando fiz concurso, passei para todas as áreas, mas optei pela Área 3 (para atuar no Ensino Médio), porque sempre me identifiquei melhor com adultos, tinha um ótimo relacionamento com eles e, por repetidas vezes, fui escolhida como professora conselheira. Posso afirmar que me sinto realizada.
Como é hoje quando encontras ex-alunos?
Edit – É uma sensação boa quando a gente encontra alguém que diz “oi, profe”. Se você foi professora uma vez, continua sendo para o resto da vida. Quando a gente repensa e lembra da pessoa, logo vem o abraço, porque o ex-alunos se sente feliz com este reencontro. É uma realização pessoal, porque representa que aquilo que você fez foi correto, que você cumpriu com a sua função. Claro, a gente nunca agrada a 100%. Mas, ao longo do tempo, adquiri a capacidade de identificar os interesses e as habilidades de cada aluno. A prática me ensinou que cada um tem um dom para respectiva área.
Como surgiu a ideia de criar a Comunidade Luz em Pontes Filho?
Edit – Sempre atuei na Oase e fiz parte das diretorias na comunidade, inclusive da paróquia, quando ainda pertencíamos à Paróquia Teutônia Norte. Entendia que era necessário ir se preparando para realizar outras atividades depois da aposentadoria. Sempre nutríamos o sonho de ter uma comunidade própria em Pontes Filho. Iniciamos a caminhada para se desmembrar da Comunidade Cruz, de Linha Clara, em 2007. Até que, em 17 de novembro de 2008, obtivemos a autorização, após apresentar o projeto em assembleia sinodal. A Paróquia Boa Nova já estava criada
Por que surgiu a ideia de transformar a antiga escola em igreja?
Edit – O que me machucava era a depredação e o desleixo do prédio da antiga sociedade e da escola. Sempre tive o sentimento de que o abandono de um prédio público, de uso comum, classifica as pessoas do local. E comecei a lutar contra isso, para mudar a situação. Sempre quando vejo uma construção assim, começo a refletir sobre os motivos desse abandono. Tive apoio de pessoas que estavam a favor, mas também havia aqueles que não queriam demolir o antigo prédio.
E como foi a construção do templo?
Edit – Participamos do Plano de Ação Missionária (Pami) da IECLB, de 2008 a 2012, assumindo o compromisso de construir a igreja. Em 2009, encaminhamos o projeto ao Gustav Adolf Werk (GAV), da Alemanha, e fomos contemplados com R$ 23 mil. Meu filho, o Ramon, que ainda era estudante de arquitetura, fez o projeto, remodelando e aproveitando o alicerce e as paredes da antiga escola. Com campanhas e doações obtivemos o valor que faltava e inauguramos a igreja, em 13 de abril de 2013. Nela, realizamos diversas atividades. Temos uma estrutura completa, inclusive com cozinha. É uma igreja viva e acolhedora.