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ILUSTRE CIDADÃ

“Acho que vivo o auge na minha carreira”

O quadro Ilustre Cidadã entrevista Jaqueline Weber

Por: Marco Mallmann

31/10/2024 | 08:47 Atualização: 05/03/2025 | 14:22

A atleta teutoniense Jaqueline Beatriz Weber tem 29 anos e reside em Santa Cruz do Sul. É graduada em Educação Física e mestranda em Gerontologia. Com 19 anos de carreira, desde que iniciou no Colégio Teutônia, Jaque integra hoje a equipe Praia Clube, de Uberlândia (MG). A meio-fundista é especialista nos 800 e nos 1.500 metros rasos. Está entre as melhores atletas da América do Sul e no ranking das 50 melhores do mundo. Além disso, é 3a Sargento da Aeronáutica, através do Programa de Atletas de Alto Rendimento das Forças Armadas.

Como o atletismo surgiu na tua vida?

Jaqueline Weber – O atletismo surgiu naturalmente, até porque é a base de todos os outros esportes. Com as suas regras, propriamente ditas, foi no Colégio Teutônia, no contraturno escolar. Eu sempre digo que eu sou privilegiada de poder ter estudado numa instituição de ensino tão rica nas suas atividades extraclasse e oportunidades.

Quais as etapas que seguiste para chegar ao nível que estás hoje?

Jaque – No colégio, comecei a entender que o atletismo me abriria portas. No Ensino Médio, passei a ter bolsa de estudos, uma ajuda de custo que já era importante para minha família. Depois, já tinha convites de clubes do RS, até de São Paulo, mas eu vim a Santa Cruz do Sul. Depois, a equipe da Unisc fechou, a gente reativou um projeto social, a Associação Medalha de Ouro (AMO), que abraçou os atletas, e segui com a parceria com a Unisc pela bolsa de estudos. Me formei em 2019 e representei a equipe por muitos anos, até que, em 2023, recebi convite do Praia Clube, um dos maiores clubes do Brasil. No meio disso tudo, fui várias vezes convocada para a Seleção Brasileira, primeiramente em campeonatos sul-americanos, depois eu representei o Brasil no Ibero-Americano, desde 2016, que foi o evento teste dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, e, assim, fui me consolidando, cada vez mais, entre as melhores do Brasil. Isso foi sendo recorrente, estar também entre as três melhores da América do Sul, até o momento que eu consegui me posicionar entre as 50 melhores do mundo e pude representar o nosso país nos mundiais Indoor, Outdoor e de Corrida de Rua. Nos Jogos Pan-Americanos, fui quarta colocada, beliscando o pódio, o que espero que a gente consiga conquistar em 2027.

Como é tua rotina de treinamentos e atividades?

Jaque – A rotina de treinamento é 24 horas por dia, sete dias por semana, normalmente em dois turnos. Tenho também constantemente sessões de massagem, de fisioterapia, inclusive de terapia para trabalhar o psicológico, que também é uma coisa importante no esporte. Sou vice-presidente da Comissão de Atletas da Confederação Brasileira de Atletismo. Passo boa parte do ano fora do Brasil, com muitos períodos de preparação em altitude, na Colômbia, participo de competições internacionais na América do Sul, normalmente de março a meados de maio, vou para o eixo Rio-São Paulo e, de junho a julho, para a Europa, fazer turnê de competições. O calendário exige isso, para me tornar mais competitiva.

Além do 4o lugar no Pan-Americano, quais tuas principais conquistas?

Jaque – O vice-campeonato do Ibero-americano, em Cuiabá (MT), este ano, onde fiz os 800 metros em 2 minutos e 1 segundo. Foi em meio à enchente. Fui a Cuiabá com o coração na mão, só que eu estava trabalhando muito duro para aquele evento, que era muito importante também para a classificação olímpica. Fiquei com a prata. Obtive títulos importantes ainda no World Athletics Continental Tour, venci etapas em competições na Europa e nos EUA. Tenho, ainda, 10 medalhas em Jogos Universitários Brasileiros, sou bicampeã e recordista nacional dos 800 metros universitário.

Quais as tuas metas dentro do esporte?

Jaque – Enquanto atleta, tenho mais um ciclo olímpico objetivando a participação nos jogos. Ainda tenho alguns outros objetivos, como a medalha nos jogos Pan-Americanos, o título do Troféu Brasil, e chegar nos campeonatos mundiais e nos próximos Jogos Olímpicos em condições de passar para semifinal e, possivelmente, para a final. Acho que vivo o auge na minha carreira, eu me sinto realmente muito preparada e agora trabalho para aperfeiçoar os detalhes para evoluir de segundo em segundo. Sei que eu já fiz muito e sou muito grata por tudo que vivi. Depois desses quatro anos, minha ideia realmente é ter um filho e analisar o prosseguimento da carreira, correr distâncias mais longas, correr algumas provas de rua.

Tens planos para quando largares as competições?

Jaque – A transição de carreira é justamente o meu tema da dissertação do mestrado. Além disso, já me preparo com conhecimentos sobre a gestão de esportes através da comissão e do próprio projeto de atletas. A carreira de atleta é cerca de um terço da vida, se tudo correr bem. Então, a ideia é seguir somando para o movimento esportivo, em diferentes âmbitos, seja regional, nacional ou até internacional.

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