4 de julho de 2025
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ILUSTRE CIDADÃ

“Acredito que a gente tem que ser assim: ajudar sempre que possível”

O quadro Ilustre Cidadã entrevista Layeta Maria Feyh Beckmann

Por: Marco Mallmann

24/10/2024 | 08:39 Atualização: 05/03/2025 | 14:22

Autodidata na área farmacêutica, Layeta Maria Feyh Beckmann, 88 anos, nasceu em 24 de junho de 1936, dia de São João Batista, de quem é devota. Cuidou e tratou de gerações de paveramenses ao longo da vida. Por mais de três décadas, atuou na Farmácia e Drogaria Paverama (hoje Farmasim Farmácias Associadas, já com três filiais no Bairro Canabarro, em Teutônia), atendendo, principalmente, os mais humildes, receitando medicamentos, pomadas e chás, muitas vezes sem cobrar. Orgulhosa da trajetória, que lhe rendeu duas homenagens na Câmara de Vereadores, em 2018 e 2023, com o título “Mulheres que Inspiram”, considera-se uma pessoa realizada, pelo fato de os três filhos a terem seguido na profissão.

Como começou o trabalho com a primeira farmácia de Paverama?

Layeta Maria Feyh Beckmann – Eu me destaquei, porque ajudava muito as pessoas. Eu atendia dia e noite. Via muita gente passando mal e passando dificuldade. Se tinha dinheiro para pagar, pagava; se não tinha, não pagava. Assim ia levando. Havia o Hospital São João, mas tinha que ser pago à vista o atendimento e fechava às 18h. Então, quem procurava atendimento à noite, não encontrava.

Qual a base dos teus conhecimentos?

Layeta – Eu sou autodidata. Fui aprendendo por mim, fui lendo. Para estar dentro de uma farmácia não é fácil. Para receitar uma pomadinha, tu tens que ler, tens que saber tudo. O doutor Raul Rego Lau me ajudou muitas vezes também, com químicas que eu não entendia. O problema eu resolvia na hora, acho também que era muita sorte. Também fui um pouquinho bruxa, porque eu dava um remedinho que não era para nada e curava. Eu acredito que 90% das doenças são psicológicas. Tu achas que está ruim e fica mesmo. Muitas vezes, não era nada, mas as pessoas não sabiam como lidar com os bebês, por exemplo. Eu também já dei dinheiro para as pessoas irem lá no doutor Raul consultar, quando eu não tinha solução para o problema, ou quando precisava de antibiótico.

Em quais outras áreas a senhora atuou?

Layeta – Eu tinha mercado em Santa Manuela. Eu e meu marido começamos lá. Depois, nós alugamos e abrimos aqui o mercado. Depois, fechei o mercado, porque não deu mais com a crise do leite. Aí, eu abri a farmácia. Trabalhei até os 72 anos, fiquei doente de uma perna e tive que fazer cirurgia. Meu marido faleceu em 2016. Também em 2016, eu tive um câncer no intestino, o médico viu logo e curou. Minha filha mais velha, a Rosane, é farmacêutica formada, e o meu segundo filho, o André, tem farmácia em Roca Sales. Quem ficou comigo foi o Marco, meu filho mais novo. Repassei tudo para meus filhos e passei a farmácia para o Marco. Ele abriu uma rede de farmácias.

A senhora imaginava que a farmácia poderia ter esse progresso?

Layeta – Foi bom, está todo mundo bem. O André perdeu tudo na enchente, mas já se recompôs de novo. Todo mundo seguiu a minha ideia. Eles sempre dizem: “tudo foi a mãe que ensinou”. São muito agradecidos a mim.

Qual o sentimento de ter contribuído com a comunidade?

Layeta – Eu me sinto bem, mas também não pensei que eu estivesse fazendo tanto assim. Eu achava que era minha obrigação ajudar as pessoas, em toda minha vida fui assim. Eu não fiz mais do que minha obrigação e acredito que a gente tem que ser assim: ajudar sempre que possível. Se todas as pessoas fossem assim, o mundo seria muito melhor, seria muito mais fácil de viver. As pessoas continuam sendo freguesas da farmácia e as novas gerações também.

Qual o sentimento de ter sido reconhecida na Câmara?

Layeta – Já fui duas vezes reverenciada na Câmara de Vereadores. Foi aí que eu comecei a acordar para a importância do meu trabalho e do meu legado. Todo mundo me agradecendo. Hoje, estou contente. Peço a Deus saúde para que eu possa ver minha sobrinha neta (Michele Caroline de Vargas, a prefeita eleita de Paverama) fazer um bom governo. Eu desejo tudo de bom e sei que ela vai ajudar.

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