Em julho, o tema abordado nos grupos de trabalho da Igreja é a ansiedade. Vamos pensar sobre isso?
Não sei se você também não se sente assaltado. Eu me sinto assaltado. Não parece que nos roubam dias, horas, semanas do nosso tempo? Vivemos tempos de pressa, cobrança, medo e incerteza. Tudo parece correr mais rápido do que conseguimos acompanhar. Nessa correria, cresce o número de pessoas que enfrentam uma companheira indesejada: a ansiedade.
Ela não é apenas um sentimento vago de preocupação. É um peso real que afeta o corpo, a mente e o espírito. Pode tirar o sono, alterar o apetite, causar dor no peito, tremores, insegurança. Muitos se sentem sozinhos nessa luta silenciosa. Mas a Bíblia nos lembra que Deus não é indiferente ao nosso sofrimento emocional.
A Bíblia fala sobre a ansiedade. Esse não é um tema moderno. Já estava presente nos tempos bíblicos. Homens e mulheres de fé também enfrentaram seus dias de angústia. O profeta Elias, após um grande confronto espiritual (1 Reis 19), se sentiu tão esgotado emocionalmente que pediu para morrer. Davi escreveu salmos em que expressava medo e ansiedade (Salmo 55.4-5). O apóstolo Paulo também não escondeu suas lutas internas (2 Coríntios 1.8).
E o que a palavra de Deus nos diz? “Lancem sobre Ele toda a sua ansiedade, porque Ele tem cuidado de vocês” (1 Pedro 5.7). Aqui temos dois pontos importantes: primeiro, somos chamados a lançar — isto é, entregar, soltar, confiar. Ansiedade é quando seguramos sozinhos aquilo que não conseguimos resolver; segundo, somos lembrados de que Deus cuida de nós. Ele não é indiferente. Não somos um número ou um caso qualquer. Somos filhos e filhas amados.
Jesus também tratou diretamente da ansiedade no Sermão do Monte: “Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal” (Mateus 6.34). Aqui Jesus nos ensina algo profundo: a ansiedade muitas vezes está ligada ao amanhã, ao que ainda não aconteceu. Mas Ele nos chama a viver o hoje, confiando que o amanhã está em boas mãos. Ele não nega que o mal existe, mas nos mostra que é possível ter paz mesmo em meio às lutas. Jesus não repreende os ansiosos. Ele os acolhe. Ele mesmo disse: “Venham a mim todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso” (Mateus 11.28).
Como igreja, somos chamados a ser comunidade de acolhimento, e não de julgamento. A ansiedade não é sinal de fraqueza espiritual. Muitas vezes é sinal de que alguém está carregando peso demais, em silêncio. Precisamos cultivar ambientes onde seja seguro dizer: “Eu não estou bem”, e onde possamos ouvir: “Você não está sozinho.” E se a ansiedade persistir? Além da oração e da leitura bíblica, Deus também nos dá outros recursos de cuidado: conversar com um amigo de fé, procurar ajuda pastoral, e, quando necessário, buscar ajuda profissional. Psicólogos, médicos, pastores/as e terapeutas podem ser instrumentos de Deus para restaurar a saúde emocional.
Concluindo, Paulo escreveu aos filipenses: “Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus” (Filipenses 4.6-7). Essa paz não é ausência de problemas. É a presença real e constante de Cristo ao nosso lado, mesmo nas tempestades da vida. Portanto, se você se sente ansioso hoje, respire, ore, fale com alguém de confiança. E lembre-se: Deus está perto de você. Ele cuida de você. E não te abandona nunca.