A Associação Pró-Desenvolvimento de Languiru (APDL) avança em seu projeto de tratamento de esgoto. A estratégia consiste em implementar um sistema que trate pelo menos 90% do esgoto gerado em sua área de atuação até 2033. A etapa prevista para este ano é a aquisição de equipamentos para os trabalhos de implantação da rede coletora.
A estruturação de um sistema próprio envolve uma série de processos técnicos e administrativos que vêm sendo executados desde 2019, ano em que o plano começou a sair do papel. Desde então, a APDL tem avançado de forma planejada, para garantir viabilidade ao investimento, seguindo à risca as metas estipuladas.
Entre as ações já concluídas estão a digitalização e geolocalização da rede de abastecimento, a realização de topografia de alta precisão e o desenvolvimento do projeto de engenharia.
Este último detalha toda a infraestrutura necessária, incluindo rede coletora, adutoras, estações elevatórias, localização da estação de tratamento e o ponto de lançamento da água tratada ao Arroio Boa Vista.
Também foi elaborado um projeto econômico e financeiro, que buscou assegurar a sustentabilidade do empreendimento sem comprometer o orçamento da associação nem onerar os consumidores. Os estudos definiram prazos, estratégias de execução, gestão eficiente dos recursos e um modelo tarifário acessível.
Outros marcos importantes do processo foram a aquisição da área onde será construída a Estação de Tratamento de Esgoto, a compra de 20 quilômetros de tubulações para a rede coletora – ao todo, serão 71 quilômetros – e a reserva de recursos financeiros para as próximas etapas.
A implantação da rede coletora está em andamento e cerca de 8 quilômetros de tubulação já foram instalados, contemplando vias que recebem nova pavimentação asfáltica e em novos loteamentos localizados próximos ao traçado da rede adutora. Técnicos da APDL também realizam análises do subsolo para identificar eventuais obstáculos, como lajes e formações rochosas, que possam interferir no trajeto do esgoto.
Próximos passos
Com base nos resultados obtidos nos anos anteriores, a APDL projeta para 2026 a aquisição de uma série de equipamentos que darão suporte direto à implantação da rede coletora, o que permitirá maior agilidade e autonomia aos trabalhos. Entre os itens previstos estão miniescavadeira, minicarregadeira, fresa de asfalto, rompedor de acoplar na escavadeira, uma miniusina, um compactador e uma caçamba.
A aquisição do maquinário tem como objetivo garantir maior eficiência na execução das obras, reduzir custos com terceirizações e permitir maior controle sobre o cronograma de implantação.
Para a sequência, o cronograma prevê uma série de ações. Entre elas, está a organização das equipes de trabalho, com a formação de times técnicos e operacionais responsáveis pelas diferentes frentes da obra. Serão executadas as etapas de instalação das adutoras, das estações elevatórias e da própria rede coletora nos trechos restantes.
Com essa estrutura instalada, o plano avançará para a fase de construção da Estação de Tratamento de Esgoto, um dos principais marcos da iniciativa. A unidade ficará localizada no Bairro Alesgut, em área próxima à linha ferroviária. Concluída a obra da estação, iniciará o processo de conexão das residências à rede coletora.
Investimento e economia
Todos os investimentos são viabilizados com recursos próprios da APDL. A entidade estruturou um planejamento financeiro que prevê a aplicação das sobras orçamentárias dos últimos anos diretamente neste empreendimento, sem necessidade de endividamento ou repasses externos.
O rigor no cumprimento do orçamento anual tem possibilitado a geração de receita para investimentos futuros. A economia de energia, impulsionada pelo uso de sistemas de geração fotovoltaica, também contribui significativamente para esse cenário, reduzindo despesas operacionais e liberando mais recursos para as obras de saneamento.
O projeto completo está orçado em R$ 34.755.000,00 e é executado por etapas bem definidas, conforme o cronograma técnico e financeiro elaborado pela associação. Conforme a APDL, a decisão de construir o próprio sistema, sem repassar a gestão do tratamento de esgoto para agentes externos, representa uma economia substancial para a comunidade.
Estudos apontam que o custo do tratamento de esgoto sob gestão da APDL será, em média, R$ 6,5 milhões por ano menor do que o que seria cobrado por empresa externa. Na prática, essa diferença representa uma economia estimada de R$ 109,43 mensais por consumidor, valor que permanece na comunidade e fortalece a economia local.
Estudos e Marco Legal
Nas fases iniciais do projeto, um levantamento topográfico de alta precisão foi conduzido com o uso de um VANT (veículo aéreo não tripulado), que gerou cerca de 260 mil imagens do território municipal.
O mapeamento, com precisão altimétrica de 10 centímetros, permitiu a elaboração de um mapa de curvas de nível, fundamental para o planejamento da rede com base na declividade natural do terreno, aproveitando a força da gravidade para conduzir o esgoto até a estação de tratamento
A abrangência do estudo considera toda a área de Teutônia, o que beneficia não apenas os associados da APDL, mas também disponibiliza ao município informações que poderão ser aproveitadas pelo poder público em projetos de tratamento para a área de sua responsabilidade.
Saúde pública e impactos
De acordo com o presidente da APDL, Rudimar Landmeier, promover o tratamento de esgoto representa benefícios diretos para a saúde da população, especialmente para quem usa ou tem contato com a água do Arroio Boa Vista e seus afluentes, para onde são lançados efluentes de esgoto doméstico diariamente.
“O tratamento deste esgoto é uma necessidade, além de ser uma exigência obrigatória pela Lei do Saneamento Básico”, afirma. Sancionado em 2020, o Marco Legal do Saneamento estabelece as diretrizes para a Política Federal de Saneamento Básico no Brasil. Entre as metas, a lei estipula que os municípios alcancem pelo menos 90% no índice de coleta/tratamento de esgoto até 2033.
Conforme Landmeier, a sociedade precisa entender a importância de consolidar um sistema eficiente de esgotamento sanitário. Outro aspecto a ser compreendido diz respeito aos impactos decorrentes do processo de colocação da rede coletora, pois haverá a necessidade de abrir cerca de 70% das ruas do município ao longo dos próximos anos.
“Além da parte de projetos estruturais, financeiros, planejamento de etapas e execução de obras, temos todo um conteúdo educacional a ser trabalhado antes e no decorrer das obras”, afirma.
Modelo em Santa Catarina
A implantação do sistema é resultado de um esforço coletivo e multissetorial, envolvendo diferentes áreas da estrutura da Associação.
Um grupo de trabalho específico foi criado para conduzir o planejamento e a execução das etapas, reunindo representantes da diretoria, da equipe de manutenção, do setor administrativo e profissionais externos com experiência em projetos de saneamento.
Como parte da preparação, o grupo realizou uma visita técnica a Jaraguá do Sul (SC), onde conheceu de perto um sistema modelo de tratamento de esgoto já em operação. A troca de experiências contribuiu para aprimorar soluções locais, adequando boas práticas à realidade de Teutônia e da área de abrangência da APDL.