Natural de Caçapava do Sul, José Hélio da Silva, o “Tio Hélio”, nasceu em 19 de abril de 1950. Acostumado à lida campeira, aos 19 anos foi trabalhar em construções de estradas, morando em diferentes cidades. Participou da terraplenagem da área da Calçados Reifer (hoje Piccadilly), em 1982, se apaixonou pelo empreendedorismo e pela vocação para o trabalho da população. Voltou em definitivo para viver em Teutônia em 1988, quando residia em Montenegro. Militante do tradicionalismo, logo integrou o CTG Porteira dos Pampas e, anos mais tarde, idealizou a criação do CCT Querência Amada. Recentemente, lançou o livro de poesias, causos, ditados e anedotas intitulado “Charla de Galpão”.
O que atraiu o senhor para vir morar definitivo em Teutônia?
Tio Hélio – Eu sempre digo que esse povo foi quem me segurou aqui. Eu vim num período de 6 meses em 1982, depois tive uma proposta, em 1988, e fiquei até hoje, me adaptei muito. Esse povo, comparado com o de onde eu me criei, é um povo empreendedor. Nós, lá da minha região de origem, somos muito acomodados.
Quando iniciou sua inserção no tradicionalismo aqui no município?
Tio Hélio – Desde pequeno, na minha cidade, eu já vivia as tradições dos CTGs. Quando vim a Teutônia, no Bairro Canabarro, tinha o Passeio da Bombacha. Logo, no primeiro, eu já participei. Houve um curso de dança que participei e lá conheci a patronagem do CTG Porteira dos Pampas. Um dia me convidaram para ir numa reunião, em 1996, e já saí como patrão.
Como surgiu a ideia de criar o Centro Cultural e Tradicionalista (CCT) Querência Amada?
Tio Hélio – Eu fazia parte do departamento de Cultura do Porteira dos Pampas e seguidamente organizava mateadas. Reunia os amigos, com gaita e violão, para contar causos e tomar chimarrão. Numa dessas mateadas, na Rua Capitão Schneider, teve um rapaz que sugeriu que criássemos um CTG próprio. Então, eu fui no MTG, em Porto Alegre, e busquei o modelo de estatuto social para montar uma entidade tradicionalista. Em dezembro de 2009, fizemos a primeira reunião lá no Canabarrense. Na segunda reunião, em 10 de janeiro de 2010, fundamos o CCT. Abrimos um leque maior. Lá a gente apresenta teatro e uma série de coisas, apoiamos todas as manifestações culturais, enquanto os CTGs são direcionados mais à questão da dança gaúcha.
Quando iniciou a construção da sede?
Tio Hélio – Entre 2010 e 2011, realizamos as atividades na Associação dos Funcionários da Prefeitura de Teutônia. A primeira atividade foi uma celebração religiosa, com a presença do padre, do pastor, de representantes políticos e da comunidade. Foi no Atlético Gaúcho, em 22 de fevereiro de 2010. Teve apresentação musical, prova de rédea e baile à tarde. A construção da sede iniciou em 2010. Hoje, temos o galpão amplo, que estamos sempre melhorando, uma pista de tiro de laço, com dimensões oficiais, e área de acampamento. Fui o primeiro patrão e sempre participei. Atualmente, estou como patrão pela quarta vez.
Qual é a sensação de contribuir para o tradicionalismo?
Tio Hélio – Para mim, é natural. A minha intenção é manter a cultura gaúcha, é para isso que eu me esforço ao máximo. A minha preocupação é com a juventude. Esse pessoal que toca as entidades e trabalha só pelo amor à camisa está envelhecendo. Está ficando difícil, não tem renovação. As entidades não deveriam fechar, porque essa é a história e a cultura de um povo.
Como é que surgiu a ideia de publicar o livro Charla de Galpão?
Tio Hélio – Eu tinha um bloco cheio de poesias que eu achava que tinha fundamento. Daí, eu fui estudar a história do município. Fui na biblioteca pública e peguei um livro. A partir daquele livro e de outros conhecimentos que eu já tinha, foi que eu escrevi. Meus filhos viram minhas anotações e me incentivaram a criar o livro. Lancei este ano. Tem de tudo, poesias, frases inspiradoras, ditados gauchescos e causos. Fui contemplado pela Lei Paulo Gustavo, do governo federal, na área do tradicionalismo. Em contrapartida, como sou palestrante, ministrei 10 palestras em escolas de Teutônia, todas abordando os usos e costumes da tradição gaúcha.
Como é que você se sente deixando esse legado?
Tio Hélio – O que eu prego nos colégios para os alunos é a leitura. Não tem coisa melhor e esse é um dos objetivos do lançamento do livro: tirar os jovens do celular, que é prejudicial para a saúde. Não fiz o livro por dinheiro. Eu trabalho muito pelas causas sociais. Os recursos arrecadados na venda do livro e também na Festa dos Amigos, que é outro evento que eu organizo, são revertidos integralmente em cestas básicas para a população mais necessitada. Isso aí me satisfaz.