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LEGADOS CULTURAIS

Atividades voluntárias

Opinião de Lucildo Ahlert, professor, pesquisador e gestor de empresas

17/07/2025 | 08:28

As atividades voluntárias dos imigrantes foram o grande motor do desenvolvimento social das colônias alemãs aqui instaladas. Aliada ao empreendedorismo, que propiciou os resultados econômicos, a atividade voluntária cuidou da organização social, que dinamizou o desenvolvimento e, ao longo da história, tornou-se uma forte característica de sua identidade.

 

Para conhecer as necessidades do ser humano, o psicólogo Abraham Harold Maslow estabeleceu uma pirâmide, cuja base apresenta as necessidades fisiológicas (fome, sede, sono, abrigo) e de segurança (sentir-se seguro, emprego estável, plano de saúde, seguro de vida). Já no topo da pirâmide aparecem necessidades sociais (afeto, afeição e sentimentos de pertencer a um grupo), de estima (reconhecimento das capacidades pessoais e da adequação às funções desempenhadas) e de autorrealização. Assim, para atender as necessidades básicas são fundamentais atividades de cunho econômico financeiro e, para atender as necessidades do topo, são importantes as atividades voluntárias, com cunho social.

 

Quando os imigrantes iniciaram o seu projeto de vida nas colônias, organizaram entidades educacionais, religiosas, esportivas (bolão, tiro ao alvo) e recreativas (corais, de leitura, danças). Cada qual tinha a sua diretoria (presidente, secretário, tesoureiro e seus respectivos vices); um estatuto com as regras; assembleia para tomar decisões, em que a gestão democrática era feita através de atividades voluntárias dos dirigentes. O tempo do mandato era pré-determinado, com rodízio de gestores, para evitar a concentração de poder e possibilitar novas ideias na entidade. Esta sistemática possibilitou o surgimento de importantes lideranças.

 

O Grupo Amigos do Sapato de Pau é um exemplo vivo de atividades voluntárias. Criado em 2013, por praticantes do dialeto Plattdüütsk, está imbuído pelo ideal de preservação do dialeto.

 

Iniciou um trabalho voluntário que, em 12 anos, resultou em várias obras: um dicionário trilíngue; uma gramática completa com regras, exemplos práticos e termos em quatro línguas; e um livro infantil trilíngue. As obras garantem a base para a preservação do dialeto e representam novas possibilidades de ensino deste dialeto, preservando esta característica tão singular de nosso povo.

Observa-se, hoje, que muitos não querem mais assumir a gestão de entidades, achando que é perda de tempo. Talvez seja pela falta de conhecimento de que isso é fundamental para a sua realização pessoal. A escola poderia se encarregar para ensinar isso aos alunos.

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