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DEMANDA HISTÓRICA

Bancada gaúcha garante mais R$ 12,5 milhões à Transcitrus

Estrada que interliga os Vales do Taquari e do Caí está entre os 11 projetos escolhidos pelos deputados federais e senadores gaúchos como destino de valores do orçamento da União para 2025. Aporte garantido via emendas impositivas anima municípios, que vislumbram possibilidade de conclusão de trecho crítico entre Poço das Antas e Brochier

12/12/2024 | 10:52 Atualização: 05/03/2025 | 14:12
Em Novo Paris (Brochier), trecho de chão batido desafia condutores de veículos pesados e prejudica mobilidade (Foto: Alexandre Miorim)
Em Novo Paris (Brochier), trecho de chão batido desafia condutores de veículos pesados e prejudica mobilidade (Foto: Alexandre Miorim)

Motivo de mobilização de líderes regionais há mais de duas décadas, a rodovia Transcitrus estará no orçamento do governo federal no próximo ano. Em reunião em Brasília no início de dezembro, a bancada gaúcha no Congresso Nacional escolheu 11 de 150 propostas para destinação de um total de R$ 528 milhões, por meio de emendas à Lei Orçamentária Anual (LOA).
Entre os projetos mais votados pelos parlamentares, a Transcitrus será contemplada com R$ 12.509.913,00. A origem dos recursos será o Ministério da Integração. No período de dois anos, este é o segundo aporte consecutivo garantido pelos parlamentares gaúchos – de 2023 a 2024, a bancada já havia destinado R$ 6,4 milhões.

Em janeiro, o comitê formado por prefeitos e vereadores deverá se reunir para definir como o montante será repartido pelos nove municípios abrangidos. Em meio às articulações dos últimos anos, o grupo consensuou em priorizar as obras ainda pendentes do plano original. Com isso, a tendência é que a conexão entre Poço das Antas e Brochier seja contemplada com uma parcela maior do volume de recursos.

São dois trechos em condições críticas, que somam 3,9km e consistem na parte mais antiga do projeto ainda não pavimentada. O primeiro vai do limite entre os dois municípios até Novo Paris (1,7km). O segundo liga essa localidade à Linha Pinheiro Machado (2,2km).

Com situação agravada pelas enxurradas, parte da via recebeu reparos com verba da Defesa Civil (Foto: Alexandre Miorim)

Trechos críticos

Com as enxurradas de maio, a situação ficou ainda mais grave, principalmente no trecho menor, que perpassa o Morro Paris. Houve deslizamentos e destruição de três residências. A pista de chão batido ficou bastante prejudicada. Com recursos próprios e da Defesa Civil Nacional, o governo de Brochier executou trabalhos de reparo, como recolocação de material, alargamento da via e implantação de canos para escoamento pluvial.

Para o segundo trecho (Novo Paris-Pinheiro Machado), a administração municipal prepara nova licitação para pavimentar 1,2 km, utilizando parte da verba anterior destinada pela bancada – R$ 2 milhões dos R$ 6,4 milhões. Conforme o prefeito Clauro de Carvalho, o projeto já foi aprovado pela Caixa Econômica Federal e poderá ser executado no primeiro ano do próximo governo.

Ainda restarão 2,7km a serem pavimentados em Brochier. A expectativa é que os integrantes do Comitê da Transcitrus mantenham o entendimento de que é necessário priorizar as obras do projeto original, viabilizando a sua conclusão. Para tanto, a estimativa é que mais R$ 5,5 milhões sejam necessários. Nos próximos encontros do Comitê, se buscará um orçamento mais preciso e atualizado.

Por se tratar de uma área de morros, de relevo bastante acidentado, as obras no território brochiense são de alta complexidade. Por esse motivo, inclusive, acabaram sendo postergadas em relação aos outros investimentos. Enquanto as demais cidades já avançam para a segunda etapa do projeto, Brochier busca tirar do papel um plano atrasado em mais de duas décadas.

Escoamento

Carvalho destaca a relevância econômica de concluir a pavimentação da primeira etapa da Transcitrus. Além de interligar as duas regiões, a rodovia representará progresso e desenvolvimento para municípios agrícolas. Com melhores condições logísticas, ele acredita nos benefícios que serão proporcionados ao setor primário, com reflexos diretos também aos demais, como indústria e comércio, além da atração de empreendimentos.

A prefeita de Poço das Antas, Vânia Brackmann, endossa a necessidade de priorizar os trechos de Brochier. “Favorece muito a nossa população também. A gente recebe essa notícia com muita alegria. Estruturamos um grupo que conseguiu avanços muito interessantes”, afirma. Durante o mandato, ela participou de diversas agendas na capital federal para sensibilizar os parlamentares sobre a importância do projeto.

Dentro do eixo principal da Transcitrus, o trecho de Poço das Antas já está pavimentado. Agora, o município trabalha na extensão de um dos ramais até Salvador do Sul, pela “Estrada Branca”, como parte da segunda etapa do projeto. Com R$ 550 mil provenientes dos recursos anteriores da bancada, a obra já está licitada e deve iniciar nos próximos meses.
Articulação

O coordenador do Comitê da Transcitrus, João Roque da Rosa, é assessor parlamentar do deputado federal Pompeo de Mattos (PDT). Ele comenta que o valor a ser incluído no orçamento de 2025 é resultado do trabalho do grupo de prefeitos, vereadores e líderes comunitários, que contou com o envolvimento e a sensibilidade dos parlamentares.

Na visão dele, muitos avanços foram conquistados nos últimos anos. Com a transição dos governos e câmaras municipais, ele acredita que o movimento vai se fortalecer, visto que os agentes políticos eleitos se somarão à mobilização, que não vai deixar de contar com aqueles que estão concluindo seus mandatos.

Ponte entre Poço das Antas e Brochier está com guard rails destruídos desde maio (Foto: Alexandre Miorim)

Retrospecto

A ideia de pavimentar estradas vicinais para conectar localidades do interior de alta produtividade agrícola, especialmente na fruticultura, surgiu nos anos 2000. Na época, os líderes perceberam o potencial econômico e turístico de asfaltar uma rodovia sobre os trechos de chão batido, facilitando a logística e escoamento da produção entre os Vales do Caí e do Taquari.

Outra vantagem buscada é o “encurtamento” da distância para a capital gaúcha. Vale lembrar que, antes da construção da BR-386, era pelas vias que hoje formam a Transcitrus o principal percurso dos Vales a Porto Alegre.

Duas etapas

Primeiramente, os municípios envolvidos foram Poço das Antas, Brochier, Maratá, Pareci Novo e São José do Sul. Os primeiros recursos chegaram em 2005, com origem no Ministério do Turismo.

A rodovia tem como eixo principal um percurso de mais de 36 quilômetros, interligando a ERS-419 (Poço das Antas) até a ERS-124 (Pareci Novo). Em São José do Sul, se vale do traçado da BR-470.

Com o passar dos anos, outras cidades aderiram ao projeto: Paverama, Salvador do Sul, Harmonia e Montenegro. Estas integram a segunda etapa, com rotas secundárias como “braços” do eixo principal, que somam cerca de 30 quilômetros. Desses, a maior parte ainda precisa ser executada.

Entenda

  • A bancada gaúcha no Congresso Nacional incluiu a Transcitrus no orçamento federal de 2025, via emenda impositiva, no valor de R$ 12,5 milhões.
  • O comitê regional de prefeitos deve alocar a maior parte do novo recurso para os 3,9km não pavimentados entre Poço das Antas e Brochier, em condições críticas, agravadas pelas enxurradas de maio.
  • Com o valor anterior, indicado pela bancada para este ano (R$ 6,4 milhões), Brochier prepara licitação para pavimentar 1,2km, enquanto Poço das Antas avança na extensão de um braço da rodovia para Salvador do Sul, por meio da “Estrada Branca”.
  • Os trechos restantes em Brochier, localizados em área de morros, envolvem obras de alta complexidade. Somam 3,9km e consistem nas únicas partes ainda inacabadas da primeira etapa do projeto.
  • A conclusão da Transcitrus é vista como estratégica para a logística agrícola, o turismo e o desenvolvimento econômico, interligando os Vale do Taquari e do Caí e facilitando acesso à Serra Gaúcha e à Região Metropolitana.

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