Uma união que já ultrapassa sete décadas é destaque em Teutônia, no Bairro Boa Vista. Com 89 e 88 anos, respectivamente, Plínio e Noeli Dickel celebraram Bodas de Vinho em fevereiro deste ano. Fruto do matrimônio, duas filhas, três netos e duas bisnetas.
Noeli nasceu em Linha Gamela e, ainda criança, se mudou para Languiru com a família. Plínio nasceu em Taquari e veio para Teutônia – à época, ainda Estrela – com 9 anos de idade.
Foi em um baile no antigo Salão Jasper, na Linha Pontes Filho, que se conheceram, em meados de 1953. “Ele não dançava”, afirma Noeli. “Plínio pediu que um amigo me chamasse para ir até a mesa com ele e lá ele pegou na minha mão. Eu tinha tanta vergonha”, recorda.
Se apaixonaram e, na véspera de Natal, ele a pediu em casamento. “Nós éramos obrigados a casar. Já estávamos nos conhecendo há bastante tempo”, observa Plínio, em tom de brincadeira. “Hoje em dia é tudo diferente. Naquele tempo, era tudo mais sério. Por fim, não sei quem está certo”, completa.
Já noivos, foram separados temporariamente pelo serviço militar. Somente em 19 de fevereiro de 1955, após Plínio servir ao Exército, ocorreu a tão esperada cerimônia. “Quando casamos, não tínhamos nada. Eu tinha a ele e ele a mim; e logo uma menina”, ressalta Noeli. Ela já estava no quinto mês de gestação da primeira filha, Werlaini. Onze anos depois, nasceu Elisiani.
O casal lembra que o pai de Noeli não aceitava que ela se casasse com um católico. “Ele sempre dizia: ‘católico só até a porteira’. Eu nunca liguei para isso. Para mim, Deus é um só”, diz Plínio.
Durante quase 50 anos, Plínio trabalhou como caminhoneiro. Por cerca de quatro décadas, viajava para fora do estado. “Naquele tempo, tínhamos que atravessar o Rio Taquari de balsa. Não tinha ponte”. Lembra também de ter visto o içamento das vigas durante a construção da ponte Rio-Niterói. “Eu dizia: ‘nunca vou passar nessa ponte’. Hoje, já passei por lá mais de cem vezes”.
Para Noeli, o cenário era desafiador. “Foi muito difícil. Eu ficava muito tempo sozinha com as filhas. As vezes elas ficavam doentes e eu precisava pedir ajuda aos meus sogros, que moravam aqui perto”, relembra. Ela quem mantinha a propriedade do casal, com 1,5 hectare. “Eu colhia cana na plantação. Tirava leite das vacas e vendia”, destaca.
O casal recorda o período em que uma das filhas morou em Guarapuava, no Paraná, em virtude do seu emprego. “Não tinha telefone, como agora. A gente não tinha como conversar”, lamenta Noeli.
Em 1991, Plínio se aposentou. Mas somente em 1997 parou de trabalhar. Desde então, o casal faz companhia um ao outro, em casa.
“Sempre estivemos unidos e vamos assim até o fim assim”, afirmam.
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