Natural de Paverama, com 26 anos, Érica Ferreira da Silva é subcomandante do Corpo de Bombeiros Voluntários de Teutônia há cerca de três anos. Ela ingressou ainda na adolescência, através do projeto Bombeiros Aspirantes, fez curso de preparação, aos 18, atuou como voluntária até surgir a oportunidade de se tornar efetiva. Desde lá, integra a corporação, que atende os municípios de Teutônia, Paverama, Poço das Antas e Westfália, além da ERS-128 (Via Láctea) e de um trecho da RSC-453 (Rota do Sol).
Como foi teu início nos Bombeiros Voluntários?
Érica – Ingressei através do projeto de Bombeiros Aspirantes, que havia na época, e que estimulava os jovens estudantes, a partir dos 13, 14 anos, a realizarem trabalho voluntário e, posteriormente, integrarem a corporação. Depois, participei da formação, que durava um ano, com módulos específicos nos finais de semana e, eventualmente, também na semana.
O que despertou o interesse em atuar na corporação?
Érica – Aquela “chama” surgiu através da minha irmã, que trabalhava na área da saúde como técnica de enfermagem. Ainda no Ensino Fundamental e no Ensino Médio, eu vislumbrava algo na área da saúde, sempre com o objetivo de ajudar as pessoas. Através de um amigo, que iniciou comigo nos Bombeiros Aspirantes e hoje é bombeiro voluntário, tive esse primeiro contato. Eu já cursava o técnico de enfermagem aos 17 anos, muito por influência da minha irmã – Jussara Ferreira da Silva -, que me contava as histórias dos atendimentos pré-hospitalares que ela fazia. Mas quando iniciei aqui, foi o que realmente brilhou. Depois de um ano como voluntária, abriu uma vaga de bombeiro efetivo. Hoje somos entre seis contratados, que atuam durante a semana. Posteriormente, obtive emprego na CCR, atuando no resgate na BR-386. Depois, passei a integrar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), onde sigo atuando hoje, concomitante aos bombeiros voluntários.
Como lidas com o fato de assumir esta responsabilidade?
Érica – Muitos me questionam e se assustam quando perguntam a minha idade. Aí eu explico que a minha entrada se deu através do projeto de Bombeiros Aspirantes e o crescimento foi um caminho natural. Acaba sendo o resultado de um querer muito grande, de gostar de ajudar as pessoas e estar no meio. Aqui é uma instituição voluntária, então a gente explica para aqueles que têm interesse em ingressar que a pessoa tem que querer muito realizar este serviço.
Como é o reconhecimento do voluntário?
Érica – É um trabalho muito valorizado. Temos uma visibilidade muito boa na comunidade, o que é muito gratificante. Acredito que isto acaba movendo a gente a estar à frente, querendo poder fazer mais para elevar o nome da instituição, obter novos recursos para fazê-la crescer e ter cada vez maior visibilidade.
Quais as diferenças entre o Samu e os Bombeiros Voluntários?
Érica – No Samu temos a regulação médica. Automaticamente, como temos a questão de medicações, muitas vezes resolvemos o problema na casa das pessoas, sem necessitar levar o paciente para o hospital, como nos casos de hipoglicemia (falta de glicose), por exemplo. O Samu acaba sendo mais amplo nessa questão de medicações. Mas ambos atendem basicamente a mesma coisa, em se tratando de pré-hospitalar, como acidentes e traumas, e nos casos clínicos. Porém, o atendimento dos bombeiros é mais abrangente, porque inclui busca e salvamento, resgates aquáticos e em altura, enfim, tem mais amplitude do que o Samu.
Quais os atendimentos mais complicados dos quais participaste?
Érica – A gente sempre quer que não dê nenhum tipo de intercorrência durante o plantão. Mas estamos aqui e, se ocorrer qualquer coisa, estamos muito bem preparados para atender. Uma situação bem difícil foi o acidente com um ônibus de Santa Maria em Imigrante (que vitimou 7 pessoas, em abril deste ano). Fomos a primeira equipe de resgate a chegar no local. Muitas pessoas ajudaram, mas foi uma situação bem complexa e impactante, que nesses oito anos eu ainda não tinha presenciado. Depois da ocorrência, fizemos um feedback com os envolvidos e obtivemos basicamente apenas avaliações positivas da desenvoltura da equipe. Todos os envolvidos no resgate realizaram um atendimento harmônico, integrado, mesmo atuando por diferentes equipes.
A corporação presta atendimento psicológico à equipe?
Érica – Temos um módulo, na formação, que é uma conversa com a nossa psicóloga de apoio, visando preparar a pessoa. No caso do ônibus, falando do meu caso, depois de atender, à noite, a gente até tem pesadelo, porque é algo bem intenso. Mas acaba que a gente está acostumado. Para quem é iniciante, sempre é feita uma conversa individual, deixando claro que isso não é sinal de fraqueza. Somos seres humanos, assim como qualquer outro, e sentimos da mesma forma.