Quando se aproxima o fim do ano, a liturgia da Palavra nos remete ao texto do Evangelho que reflete, em linguagem apocalíptica, o fim dos tempos; talvez a primeira questão seja nos perguntar: de quais tempos, ou qual tempo?
Jesus profetizou nos anos 30 a 33, quando disse aos seus discípulos: “Quando vires Jerusalém cercada de exércitos, ficai sabendo que a sua destruição está próxima. Muitos serão mortos, perseguidos e haverá uma grande angústia”. (Lc, 21,20)
Lógico que Jesus está vendo que o pequeno exército de Israel está armando, junto com parte da população, as autoridades em conflito, divididas; do outro lado as legiões romanas super organizadas e reforçadas. O enfrentamento vai ser um verdadeiro desastre. Quando Lucas escreve seu Evangelho, tudo isso já tinha acontecido, não ficou pedra sobre pedra. Sobrou até para os cristãos, que foram acusados de serem culpados por esses acontecimentos e, por isso, ainda mais perseguidos.
Então Lucas diz: “Mas o Senhor estará com vocês. Levantai-vos, erguei vossas cabeças porque está próxima a vossa libertação”. O que esse Evangelho fala hoje pra cada um de nós? Também estamos enfrentando desastres ambientais cada vez maiores, temos nossos cercos e sofrimentos, seja no campo social como no campo pessoal e familiar. Doenças, brigas, problemas econômicos, depressão, problemas familiares que, às vezes, tornam nossas vidas pesadas e até insuportáveis.
Levantar é recomeçar o caminho, não desistir. Erguer a cabeça é olhar para frente. Precisamos, às vezes, “subir a montanha”, nos afastar um pouco para ver melhor o problema, porque a tentação é olhar para o chão, para trás.
Claro que temos consciência que alguns desses problemas foram criados pela ação humana e que temos responsabilidade de ver em que precisamos mudar as nossas ações cotidianas.
Um “novo tempo” está chegando: “A palavra se fez carne e armou sua tenda no meio de nós”. (Jo,1,14). Natal é um novo tempo, de refazer esperanças, recuperar forças, mudar atitudes, de nos levar à verdadeira conversão, fortalecer nossa fé, nossa vida comunitária.
Lembre sempre: mesmo no meio da desgraça, não estamos sós. Ele armou sua tenda no meio de nós!