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LEGADOS CULTURAIS

Escola, legado fundamental

Opinião de Everton Augustin, professor e gestor escolar

27/02/2025 | 15:43

A escola é um elemento indissociável da identidade cultural dos imigrantes de fala alemã no Brasil. Ainda que nos primeiros 50 anos da emigração de alemães em massa para o Brasil não existisse a nação alemã (ela surge em 1871), os condados, principados, ducados e reinados, de onde vieram esses imigrantes, tinham em sua estrutura a escola, geralmente associada à comunidade eclesiástica das cidades e vilarejos.

A Gemeindeschule (escola da comunidade) era elemento essencial dentro de uma estrutura coletiva, ligada à igreja ou não.

As bases desse valor fundamental remontam à reforma da igreja cristã, no século XVI, quando o monge Martin Luther batalhou pela educação de uma comunidade, que pudesse compreender o cenário em que vivia. O surgimento de escolas (para meninos e meninas) começava a marcar presença cada vez maior nas comunidades. Citando Luther em suas cartas aos conselhos das cidades: “Não há riqueza maior para as cidades do que cidadãos bem instruídos.” e “Para cada florin (moeda da época) investido em guerra, cem deveriam ser investidos em educação.” Esses posicionamentos eram de uma radicalidade que rompeu a cultura vigente na época, ou seja, poucos letrados ou ilustrados abusando da ignorância do povo.

Ao aportarem em terras brasileiras, três séculos após a reforma eclesiástica, a necessidade de uma escola estava entranhada na cultura imigrante. Desse modo, pode se compreender a presença e o valor da escola nas comunidades por eles aqui construídas.

Por meio do senhor Darcy Schaeffer, chegou a mim um arquivo fantástico sobre a história da escola da Linha Catarina, uma comunidade do município de Teutônia. A documentação foi compilada de maneira exemplar pela professora Sidemia Tiggemann Michel.

Para contextualizar, é preciso dizer que, conforme registros da prefeitura de Teutônia, os primeiros imigrantes alemães começaram a ocupar as terras da Linha Catarina a partir de 1872, quando aqui abriram-se as picadas, caminhos pela mata. Consta nos registros da professora Sidemia que a escola dessa comunidade foi criada em 1º de julho de 1889, contando com 15 associados. “Não havendo meios para construir uma sala de aula, esta funcionava, no princípio, numa casinha rústica de madeira serrada a mão. O senhor Augusto Heuer, solteiro, que possuía alguns conhecimentos, foi eleito professor.” As terras foram doadas pelo senhor Frederico Trennepohl.  As aulas iniciaram em 15 de janeiro de 1890, em alemão.

Hoje a escola chama-se Floriano Peixoto e integra o sistema municipal de ensino.

Além da escola, a persistência também foi um legado.

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