Aos 84 anos, Ledi Schneider é a terceira filha de um grupo de seis irmãos. Doutora em Administração pela PUC-RS, tem uma vida dedicada ao ensino. Com passagens marcantes pelo Conselho Municipal de Educação, 3a CRE, Univates e Ministério da Educação, foi uma das líderes da Liga Feminina Pró-Emancipação de Teutônia e a primeira vereadora do município (1983 a 1988). Recebeu o título de Cidadã Emérita de Teutônia, em 2001, e de Educadora Emérita do Rio Grande do Sul, em 1986. Contribuiu e segue contribuindo para o desenvolvimento do ensino na região, no RS e no país.
Qual é sua formação?
Ledi Schneider – Eu fiz primeiro Magistério, aí eu comecei a trabalhar nos anos 1960. Em 1962, eu me formei, e, em 1963, comecei a trabalhar no Grupo Escolar General Canabarro (hoje Augustin), por sete anos. Fui professora e diretora, a convite da delegada de educação na época. Ela me convidou para trabalhar na 3a DE (hoje 3a CRE), onde fiquei por 17 anos, como supervisora, como delegada adjunta e depois como delegada. Me aposentei, em 1987, pelo estado. Nesse período, comecei a fazer minha faculdade e concluí o curso de Pedagogia. Já no ano seguinte, fui com um grupo de pessoas para São Leopoldo e comecei na Unisinos um curso de pós-graduação. O trabalho na CRE foi muito interessante e me motivou a continuar os estudos. Eu fazia com muito prazer. Isso fazia e continua fazendo parte da minha vida.
Como foram o mestrado e o doutorado?
Ledi – Me inscrevi no mestrado da PUC e fui convidada a trabalhar na Fates, hoje Univates. Trabalhei lá em torno de 14 anos, de 1990 a 2004, como professora, coordenadora de curso, coordenadora da área de extensão universitária e pró-reitora. Depois que eu tinha feito mestrado, logo segui para o doutorado, também na PUC, na área da Administração. Terminei em 2009. Com o doutorado eu fui pró-reitora. Depois eu fui para a coordenação do curso de Pedagogia e me centrei nisso até o final, saí de lá (Univates) em 2011. Foi uma experiência riquíssima.
Como chegou ao MEC?
Ledi – Em função de ter o doutorado, eu me inscrevi no grupo de avaliação institucional, que era um trabalho que eu coordenei um bom tempo na Univates. Esse trabalho me levou a viajar pelo Brasil. Nós éramos chamados pelo MEC para avaliar universidades. A primeira avaliação que eu fiz foi no interior de Minas Gerais. Esse trabalho eu fiz até me aposentar pela função institucional, em 2011. Mas continuei trabalhando junto a municípios e assessorias.
Como foi no Conselho Municipal de Educação?
Ledi – Eu trabalhei 20 anos fazendo assessoria ao conselho. Comecei em meados de 1997. Transformamos as leis maiores em leis que se adaptam à nossa realidade. Conseguimos o nosso site, para poder ao menos divulgar o que nós criamos como legislação municipal. Elaboramos o grande Plano Municipal de Educação, em 2014, que valeria até 2024. Passados os 10 anos, o MEC está fazendo as avaliações e está dizendo, com todas as letras, que as metas não foram atingidas. Quando o aluno se forma no Ensino Fundamental, nas escolas municipais, temos que saber onde esse aluno vai continuar, porque as escolas de Ensino Médio também são de responsabilidade do município, são pessoas do município que frequentam. Nós temos hoje o chamado Eixo Educação do Inspira Teutônia, onde queremos ajudar a propor e dar sugestões.
Como vê a educação hoje?
Ledi – O governo, por exemplo, quer proibir o celular na sala de aula. Mas se o aluno precisa, tem que comunicar. Aconteceu agora, no Enem, que um aluno teve problema. Ele tem diabete e o despertador do celular, que ele não pode deixar ligado, avisa quando precisa fazer insulina. Então nós estamos ainda na contramão em muitas coisas. A importância que tem hoje o celular é incrível. Ele não é apenas um meio de comunicação, mas é um instrumento que substitui o notebook. Só que isso tem que ser regrado. Quem vive na sociedade, tem que saber que existem regras. Eu vejo que nós temos muitos instrumentos, hoje, para os quais a escola não nos ensinou, não nos preparou.
E agora, quais os planos?
Ledi – Eu não consigo parar. Sigo fazendo avaliações, contribuindo onde posso, sempre que sou chamada. Eu sempre tinha a mania de deixar minha aula planejada em tópicos e distribuir isso para os alunos num papel, até que eles sugeriram que eu colocasse no sistema, para acompanharem. Essas coisas eu ainda tenho, para fazer uma análise e poder trabalhar um texto, eu tenho que imprimir. Estou tentando escrever, não uma autobiografia, mas algumas passagens da minha vida, em um livro ou artigos.