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ILUSTRE CIDADÃ

“Faça bem feito, porque sempre alguém vai ver”

O quadro Ilustre Cidadã entrevista Cristina Carvalho Pott

10/04/2025 | 10:52 Atualização: 11/04/2025 | 11:22

Natural de Redentora, na região noroeste do RS, a professora de desenho Cristina Carvalho Pott tem 56 anos. Aos 14 anos, acompanhou os pais e foi morar no Tocantins (TO). Após, em 1988, junto com a mãe, veio residir em Teutônia. O primeiro contato com aulas de desenho foi no início dos anos 1990. Desde 2005, é professora e já instruiu mais de 2 mil alunos. Hoje, dentro do projeto Teutônia Cultural, são cinco turmas lotadas, com gente na fila de espera, além de aulas particulares na livraria das Lojas Wessel, no Bairro Languiru, ensinando desenho com lápis de cor, grafite ou caneta.

Como despertou em ti o interesse pela pintura?

Cristina Carvalho Pott Nunca tive o dom de desenhar e nem pensei que isso seria a minha profissão. Depois que meu filho nasceu, procurei algo para me distrair. Me inscrevi no curso oferecido pelo setor de Cultura do município, com o professor Luís Carlos Feldens (in memoriam). Fiquei durante 2 anos, entre 1993 e 1994, e queria parar. O professor insistiu para que eu não parasse, dizendo que iria montar um projeto, para oferecer aulas no Siticalte, e que queria que eu fosse sua auxiliar, porque, de acordo com ele, eu tinha algo que ele buscava, que era o sorriso, o bom atendimento, a capacidade de conversar com as crianças e demais pessoas. Ele pediu que eu treinasse em casa e, durante um ano, eu segui tendo as aulas e treinando 6 horas por dia.

O que significa ensinar a arte de desenhar?

Cristina Não é somente o lado profissional envolvido. É uma conduta que a gente tem que seguir. Meu lema é: faça bem feito, porque sempre alguém vai ver, mesmo que ninguém esteja te observando, diretamente. Para mim, é uma paixão. O momento em que se vê como uma criança fica feliz com pouca coisa, uma folha de papel e um lápis de cor, e ela consegue fazer um desenho que jamais imaginava que conseguiria, é um orgulho para ela, mas para mim é muito mais. A criança descobre o amor pelo desenho, leva para os pais, para os amigos, para os professores.

Como despertar o interesse nas crianças, com a concorrência da tecnologia?

Cristina As crianças gostam de jogos, o prazer da tela. É muito difícil colocar outra coisa nesse lugar. Todo dia, é uma conquista. Eu trabalho para fazer o aluno ter vontade de vir na próxima aula, para fazer a pessoa ter o gosto pela arte. Gosto de alunos questionadores, porque isso demonstra interesse. Os alunos ficam o tempo que eles quiserem, desenvolvendo seu dom. A maior dificuldade é a concentração. Mas a arte, em geral, é um despertar. Quem gosta muito de arte, terá um diferencial muito grande em sua vida. Tenho, hoje, muitos alunos autistas e todos são exímios desenhistas, têm hiperfoco no desenho. Eles são mais teimosos, a gente precisa deixar eles livres, para desenhar o que quiserem.

Quais os principais benefícios do desenho?

Cristina Abre um leque de conhecimentos e possibilidades. A mistura de cores é mais sutil do que utilizar tinta. O desenho pode ser aplicado em várias áreas, para quem segue mais tempo fazendo desenho. Eu só dou uma pincelada, o aluno que gostou vai desenvolver mais em casa. Se eu quero ser bom, não são apenas as 3 horas de curso que vão fazer isso. É muito importante aplicar em casa, treinar, para colocar em prática aquilo que se aprende na aula. A prática leva à perfeição. Além disso, forma muitas amizades, parcerias e até namoros. 

Quais são os eventos que auxiliaste a organizar?

Cristina O Salão de Artes Visuais existe há muitos anos, iniciado pela Associação Regional de Cultura e Arte (Arca), que hoje não existe mais, por pessoas que gostavam muito de arte, como a Marilu Blazoudakis e a Maria Isabel Schaeffer. Entrei nesse núcleo e passei a auxiliar. Com a entrada da ex-secretária de Juventude, Cultura, Esporte e Lazer, a professora Glaci Kunzler Dickel, o evento foi novamente organizado, porém limitando a participação a artistas de Teutônia. Tomara que a atual administração mantenha o Salão de Artes Visuais, que tem também o professor Sílvio Farias na organização. É um evento muito importante, porque o aluno se sente motivado, fica feliz em ver seu trabalho exposto, leva a família e amigos para visitar. Para quem é mais profissional, não é apenas o troféu, tem prêmios em dinheiro também, o que é um grande incentivo.

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