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LEGADOS CULTURAIS

Fachwerk ou enxaimel

Opinião de Everton Augustin, professor e gestor escolar

11/09/2025 | 14:12

Ao rodarmos pelas diversas regiões do nosso estado, conseguimos facilmente identificar a origem cultural de seus habitantes também pela técnica de construção dos prédios mais antigos. As áreas de colonização alemã trazem, com frequência, belos exemplares edificados com a técnica denominada Fachwerk (obra em compartimentos), ou enxaimel, em português. Essa técnica construtiva pode ser traduzida em diversos estilos, conforme a disposição das madeiras que formam a estrutura ou os adornos que integram a obra.

O município de Teutônia apresenta um acervo fantástico dessas construções, cuja estrutura é composta por grossas madeiras, cortadas de tal forma que se encaixem perfeitamente na vertical, na horizontal e na diagonal. Uma vez encaixados, postes, vigas e suportes diagonais são fixados uns aos outros por pinos de madeira bem resistente. Até aqui não se fez uso de metal (parafusos e pregos) para a fixação. Concluída a estrutura de madeira da casa, preenchem-se os compartimentos entre o madeirame grosso. O preenchimento pode ser feito de diversas formas. Muitas vezes se usou uma trama de estacas coberta de barro e palha. Tijolos, quando disponíveis, assentados com barro também fechavam os nichos.

O professor Edmund Wild apresentou-me, no vilarejo de Mörschbach, no Hunsrück, Alemanha, a origem da palavra Wand (parede). Num dos compartimentos de uma casa enxaimel do século XVII, a estrutura de trama de paus, barro e palha estava à vista, pois o reboco havia caído. Com isso ele pôde explicar que Wand provém de winden (trançar). De fato, o preenchimento daquele nicho lembrou um balaio de vime sobre o qual se aplicou o barro.

Há construções enxaimel que resistem há mais de oito séculos. Na Alemanha, construções datadas de meados dos anos 1200 ainda resistem ao tempo. A sua durabilidade pode ser observada na técnica trazida da Europa para o Brasil. Mesmo aquelas maltratadas pelo desleixo insistem em ficar em pé.

O legado arquitetônico dos nossos antepassados de fala alemã tem, por um lado, exemplos de preservação. Custeada com verbas privadas ou públicas, elas nos ensinam e deleitam. Por outro lado, encontramos ruínas de construções fabulosas que sucumbem ao desinteresse, à falta de verbas ou à sanha do denominado empreendedorismo, que preconiza a verticalidade como habitação.

Há construções novas que apenas nos remetem à técnica do Fachwerk, ou enxaimel, pela pintura de faixas sobre as paredes externas. Elas pretendem imitar as nobres peças de madeira que dão sustentação às edificações. Na sua ingenuidade, lembram, por vezes, caixinhas de remédio de consumo controlado.

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