19 de maio de 2025
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“Marcas na Paisagem”

Livro reúne imagens e análises sobre as enchentes no Vale do Taquari

Obra digital gratuita propõe reflexão crítica a partir dos eventos extremos que atingiram a região entre 2023 e 2024

18/05/2025 | 12:07 Atualização: 19/05/2025 | 08:19
Sem fins lucrativos, livro foi elaborado com apoio da Univates
Sem fins lucrativos, livro foi elaborado com apoio da Univates

Construir um entendimento coletivo sobre os eventos climáticos extremos e seus impactos no Vale do Taquari. Com esse propósito, foi lançado neste mês de maio o livro digital “Marcas na paisagem: memórias para construir a resiliência no Vale do Taquari”.

Gratuita e de acesso livre, a obra reúne mais de 600 imagens e interpretações técnico-científicas sobre as inundações e movimentos de massa que marcaram a história recente da região.

Idealizada pela professora e pesquisadora Elisete Maria de Freitas, doutora em Botânica e docente da Univates, a obra é resultado de uma construção coletiva que envolveu o engenheiro ambiental Cleberton Bianchini, a fotógrafa Monique Bruxel, o jornalista Lucas George Wendt e o biólogo Mathias Hofstätter.

Juntos, eles reuniram relatos, registros visuais e análises técnico-científicas para compor um testemunho dos extremos vividos pela população do Vale e de suas implicações ambientais, sociais e culturais. A diagramação foi feita pelo designer Marlon Cristófoli, da Editora da Univates.

Com registros fotográficos cedidos por inúmeros profissionais e amadores – antes, durante e após as inundações – o livro não se limita à documentação da destruição, mas também retrata gestos de solidariedade, esforços de reconstrução e a força das comunidades que resistem e seguem em frente. Grande parte das imagens foi reunida com a colaboração direta da população.

Memória visual e crítica dos eventos

Dividido em oito capítulos, além de prefácio, introdução e referências, Marcas na paisagem traça uma narrativa que parte da contextualização geográfica e histórica do Vale do Taquari e da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas, abordando temas como os eventos extremos, os impactos sobre as matas ciliares, fauna, flora e áreas urbanas e rurais. A obra também trata das dimensões simbólicas da superação, da memória e da educação ambiental a partir das enchentes.

Embora traga elementos emocionais e simbólicos, o fotolivro se ancora em dados técnicos e interpretações científicas. Um dos focos é evidenciar causas estruturais históricas que potencializaram os impactos das cheias, como a degradação das matas ciliares, o uso inadequado do solo, a urbanização desordenada e a ausência de políticas públicas eficazes de prevenção.

O livro também insere o Vale do Taquari em uma discussão mais ampla sobre mudanças climáticas e vulnerabilidade socioambiental. Ao destacar como a topografia da região — com planaltos, encostas íngremes e planícies de inundação — influencia a dinâmica das águas, a obra reforça a necessidade de planejamento, conhecimento técnico e respeito às características naturais da paisagem.

O papel da Universidade

A Univates apoiou a elaboração e o lançamento do livro, reafirmando seu compromisso com a produção de conhecimento voltado à realidade local e à transformação social.

Também participou da curadoria das imagens, revisão dos conteúdos, editoração e disponibilização do e-book em suas plataformas institucionais, ampliando o alcance da obra a públicos diversos – de escolas a bibliotecas, de gestores públicos a pesquisadores, de cidadãos em geral a organizações da sociedade civil.

Sem fins comerciais, a obra busca ampliar o debate público sobre os impactos das inundações, questionar o modelo atual de desenvolvimento e inspirar práticas sustentáveis de uso e ocupação do território.

Todo o trabalho dos autores foi voluntário. Mais do que dados e paisagens registradas, a força do livro está na multiplicidade de vozes que acolhe.

Depoimentos relatam perdas irreparáveis — agricultores que perderam colheitas inteiras, comerciantes que recomeçaram do zero, famílias abrigadas em escolas e ginásios — mas também evidenciam iniciativas de apoio mútuo, redes de solidariedade e a esperança de que a reconstrução seja mais do que física: que seja ética, ecológica e coletiva.

O material em formato completo, digital e gratuito para reprodução pode ser acessado aqui

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