A confirmação do primeiro caso de coqueluche de 2025 em Teutônia deixa autoridades em alerta. O resultado do exame laboratorial foi emitido pelo Laboratório Central do Rio Grande do Sul (Lacen RS) nessa sexta-feira (7).
Conforme a administração municipal, o paciente infectado tem idade entre 10 e 14 anos. A criança está sob tutela dos pais e não frequenta ambientes coletivos. A sala de aula onde estudava foi higienizada para evitar novas contaminações.
A secretária de Saúde, Marlene Metz, pede a colaboração da comunidade para prevenir um possível surto da doença. “É fundamental que todos verifiquem suas carteiras de vacinação e, se necessário, procurem uma unidade de saúde para se vacinar”, ressalta. O imunizante está disponível em todas as salas de vacinas do município.
Histórico de casos em Teutônia
Somente neste ano, a Vigilância epidemiológica já recebeu notificações de 13 casos da doença. Destes, dez receberam confirmação clínica baseada em sintomas, sem realização de exames, e aguardam coleta para posterior análise do Lacen; outros dois já tiveram amostras coletadas e passam por avaliação do Estado. Os pacientes – com idades entre 1 e 67 anos – receberam atendimento médico e estão sendo acompanhados pela Secretaria da Saúde, através da Vigilância Epidemiológica. Os números já superam dados de anos anteriores.
ANO |
Nº DE CASOS |
CRITÉRIO |
2020 |
0 | |
2021 |
0 |
|
2022 |
1 |
Confirmação clínica |
2023 |
0 |
|
2024 |
1 |
Confirmação clínica |
2025 |
11 |
Confirmação clínica (10) Confirmação laboratorial (1) |
Imunização
O médico coordenador do serviço de infectologia, Humberto Costa, reforça que “a principal medida de prevenção contra a coqueluche é a vacinação”. O esquema vacinal para crianças inclui:
- vacina pentavalente – aplicada ao 2, 4 e 6 meses de idade;
- difteria, tétano e coqueluche (DTP) – 1º reforço aos 15 meses e 2º reforço aos 04 anos de idade.
Gestantes, mesmo se vacinadas em gestações anteriores, devem fazer uma dose da vacina do tipo adulto (DTpa), a partir da 20ª semana da gestação atual. “A vacinação é importante para imunização passiva (passagens de anticorpos maternos e a transferência passiva de anticorpos para o bebê), até os dois primeiros meses de vida”, explica Costa.
Profissionais e estagiários da área da saúde que atuam em serviços públicos e privados, ambulatorial e hospitalar, nas áreas de ginecologia e obstetrícia, parto e pós-parto, berçários e pediatria, além de trabalhadores que atuam em berçários e creches, com atendimento a crianças até 4 anos de idade também estão aptos a receber o imunizante.
Fases da doença
A coqueluche é uma infecção respiratória, transmitida por gotículas de saliva, causada pela bactéria Bordetella Pertussis, que evolui em três fases sucessivas:
- Fase inicial (catarral): começa como um resfriado comum, com sintomas leves como febre baixa, mal-estar geral, coriza e tosse seca. Gradualmente, o quadro vai evoluindo para crises de tosse mais intensa.
- Fase de tosse intensa (paroxística): geralmente é afebril ou com febre baixa, mas em alguns casos, ocorrem vários picos de febre no decorrer do dia. A tosse se torna muito forte e incontrolável, com crises súbitas e rápidas que podem causar vômitos. Durante essas crises a pessoa pode ter dificuldade para inspirar, apresenta rosto vermelho (congestão facial) ou azulado (cianose) e, às vezes, fazer um som agudo ao inspirar (guincho). Essa fase pode durar de duas a seis semanas.
- Fase de recuperação (convalescença): a tosse começa a diminuir em frequência e intensidade, mas pode persistir por duas a seis semanas ou por até três meses. Infecções respiratórias de outra natureza, durante essa fase, podem fazer a tosse intensa (paroxismos) voltar temporariamente.
Complicações
O médico explica que a maioria das pessoas consegue se recuperar da coqueluche sem sequelas e maiores complicações. No entanto, nas formas mais graves podem ocorrer alguns quadros mais severos, como Hérnias Abdominais. “Em crianças, especialmente as menores de seis meses, as complicações são mais graves e podem incluir, por exemplo, infecções de ouvido, desidratação, pneumonias ou parada respiratória”, destaca.
Prevenção
“É importante que a população esteja atenta aos sinais e sintomas da doença”, afirma Humberto. Ventilar as casas e espaços de convivência, fazer a lavagem das mãos, uso de álcool gel, uso de máscaras para casos suspeitos (cuidados semelhantes aos da Covid19) são algumas medidas indicadas pelo médico.
O tratamento da coqueluche é feito com antibióticos e medicações para minimizar os sintomas. “Caso algum paciente apresente os sintomas [febre baixa, mal-estar geral, coriza e tosse seca] deve procurar atendimento médico”, orienta.