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LEGADOS CULTURAIS

Música alemã no Brasil: origem e influências

Opinião de Astor Jair Dalferth, maestro

12/12/2025 | 08:46

Passados 200 anos da imigração alemã, nota-se ainda uma forte presença nas manifestações culturais trazidas. Vou me ater mais à parte musical com o canto coral e, principalmente, com as bandinhas que animam bailes e festas em geral.

Sobre o canto coral, ainda se mantém um cancioneiro com músicas em alemão, porém, cantos na língua portuguesa predominam, e, há ainda, a presença do italiano, inglês e espanhol. Isto não é novidade, tendo em vista a miscigenação ocorrida ao longo desses anos. Preocupante mesmo é a manutenção dos coros comunitários, pois há uma grande dificuldade em cativar jovens pela participação.

Sobre a música instrumental, a formação de bandinhas ou conjuntos musicais, podemos fazer uma reflexão bastante aprofundada. Quem tocava algum instrumento musical em sua terra natal, certamente o trouxe para cá. E, junto a isso, uma bagagem cultural de melodias entoadas naquele período da história. Então, trouxeram o acordeon, o bandoneon e instrumentos de sopros, como a trompa, o trompete, o trombone, a flauta e o clarinete. Já no Brasil, com as grandes distâncias entre as picadas e com o precário transporte da época, as dificuldades de se formar um grupo eram enormes. Assim, muitas festas eram animadas por um acordeonista ou bandeonista. Este foi o desenho dos primeiros 50 anos. 

Com o passar dos anos e com o crescimento populacional das picadas, começaram a surgir duplas, trios e outras formações musicais maiores, enriquecendo as apresentações. Sem muitas influências externas, este desenho se manteve pelo menos até o início do século XX.

Vieram as duas guerras mundiais e uma profunda ruptura de nossos laços culturais com a Alemanha, e, por muitos anos, os contatos congelaram. No Brasil mantivemos vivas as culturas anteriores às guerras e, em contrapartida, a Alemanha, sob fortes influências americanas, seguiu em frente.

Por aqui, após a 2ª Guerra Mundial, houve um forte crescimento das bandas militares com marchas e dobrados homenageando cidades, coronéis, generais, almirantes, entre outros. Este fato influenciou muito na criação de outros repertórios, distantes e diferentes do que vínhamos interpretando. Dessa forma, nos adaptamos a novas realidades, resultando numa diferença gigantesca entre as “Blaskapellen” alemãs e as nossas bandas, principalmente na distribuição instrumental e na dinâmica (lealdade com a partitura), o que interfere diretamente na sonoridade de cada arranjo. 

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