Natural de Tucunduva, o presidente da Sicredi Ouro Branco RS/MG, Neori Ernani Abel tem 58 anos e se formou como técnico em Agropecuária no Colégio Getúlio Vargas, em Três de Maio. Iniciou sua trajetória no cooperativismo de crédito em 1986, como estagiário no setor de crédito rural, em Horizontina. São, portanto, quase 40 anos ligados à área, experiência que lhe rendeu os títulos de Cidadão de Teutônia e de Cidadão de Poço das Antas, ambos concedidos pelas câmaras de vereadores.
Como surgiu o convite para vir atuar na Sicredi, em Teutônia?
Neori Ernani Abel – Eu trabalhei numa cooperativa de Horizontina durante 9 anos. Tive a oportunidade de ir ao Mato Grosso trabalhar numa instituição que estava desenvolvendo o cooperativismo de crédito e, logo depois, se tornou integrante do sistema Sicredi. Fiquei lá até o final de 2003, quando achei que era hora de voltar ao RS, para ficar mais próximo dos familiares. Me candidatei e vim para cá no final de 2003, como gerente regional. A acolhida aqui foi sensacional, encontrei pessoas muito acolhedoras. Depois, atuei como superintendente e diretor executivo. Desde 2019, fui conduzido a ser o presidente do conselho de administração da Sicredi Ouro Branco RS/MG, o que é uma honra e uma responsabilidade muito grande.
Quais eram os principais desafios que o cooperativismo enfrentava em 2003?
Abel – Encontramos a oportunidade de um crescimento mais rápido do que estava acontecendo. Tínhamos uma área de atuação grande, mas não havia agências em todos os municípios da nossa área de atuação. Visualizei que isso era possível, porque a presença do Sicredi em todos os municípios é muito importante. A pesquisa da Fipe mostra isso: onde há uma cooperativa de crédito, o emprego, a renda e o empreendedorismo são maiores. Na época, já tínhamos esse entendimento. Nós também incentivamos muito a qualificação formal e os treinamentos internos aos nossos colaboradores, para poder entregar à comunidade uma prestação de serviços e atendimento de alta qualidade.
Como surgiu a oportunidade de expandir para Minas Gerais?
Abel – Trabalhamos muitos anos para cobrir nossa área e, então, visualizamos a oportunidade. Fomos para o Vale do Aço, onde a cidade polo é Ipatinga. Já temos 8 agências nessa nova fase. Tivemos três momentos muito importantes na Sicredi: a sua fundação, em 1981, junto com a criação do município; depois, em 2007, com a abertura da cooperativa para a livre admissão de associados, podendo chegar, a partir de então, a todos os setores da sociedade; e esta expansão para uma nova área, que iniciou em 2023. Devemos chegar a 110 mil associados até o final deste mês de abril.
Como manter os colaboradores focados no objetivo?
Abel – Temos em nosso DNA o cooperativismo, que entrega para a sociedade um instrumento de organização econômica. Nós levantamos todas as manhãs com o propósito de construir juntos uma sociedade mais próspera, não simplesmente com a meta de ir trabalhar. Antes da pandemia, crescíamos de 4% a 5% ao ano, no número de associados, que era a média do sistema. Agora, crescemos quase 20% ao ano. A cooperativa sempre ficou ao lado das pessoas, em todas as dificuldades, inclusive na tragédia das enchentes. O Brasil descobriu o cooperativismo de crédito, e isto é muito bom. Nas nações mais desenvolvidas, este modelo tem uma participação na economia extremamente grande. O desenvolvimento do nosso país também passa pela participação das cooperativas de crédito.
Como o cooperativismo pode se manter competitivo na atualidade?
Abel – A legislação brasileira dá condições de desenvolvimento, liberdade para atuação. Todos os produtos e serviços que uma instituição financeira pode operar no Brasil, uma cooperativa de crédito também pode. O que nos diferencia é a natureza jurídica: somos uma sociedade de pessoas, que tem dois pilares fortes: o econômico e o social. Temos todas as condições de manter nosso crescimento e contribuir para o desenvolvimento das comunidades, dos municípios, do RS e do país.
