Há muito tempo que o cenário do movimento coral vem passando por modificações, adaptações e evoluções. Mas é perceptível que cada vez menos pessoas estão se interessando por essa manifestação cultural. Os festivais (encontros) de corais estão cada vez menores e menos frequentes. Uma por que, com o passar do tempo, muitas outras formas de cultura foram surgindo e evoluindo em nosso meio. A própria questão de festas comunitárias, os bailes, as reuniões dançantes, tudo isso vem perdendo fôlego nos últimos tempos. E lógico, hoje se tem contato com música em qualquer lugar: cada um que tenha um celular (e quase todos têm) e acesso à internet pode escutar qualquer tipo de música, vídeos musicais, shows, filmes, tudo isso na palma de sua mão. Há uma grande e crescente diversificação nas opções culturais, o que também é bom, mas, ao mesmo tempo, acaba refletindo na questão do movimento cultural.
Outra questão importante é a tradição dos corais, que, em sua grande maioria, já há muitas décadas, é de cantar em enterros, o que para a grande maioria das pessoas é difícil de conciliar, porque, atualmente, quase todos têm o seu trabalho no setor privado ou público e não conseguem se liberar pra participar desse momento. Outro ponto é o repertório dos corais: falta de atualização do mesmo e também a reciclagem de alguns regentes.
Muitas vezes, ouço relatos de jovens que não se interessam em ingressar em coral por esses motivos: repertório desatualizado e incompatível com as expectativas deles.
Isso tudo não quer dizer que o movimento coral está com os dias contados, não. Mas, sim, precisamos conversar sobre, precisamos nos adaptar aos novos tempos, encontrar formas de atender aos interesses de todos. Sentar junto e reestruturar esse movimento cultural que tanto já fez pelo nosso município, nosso vale, nosso Estado, e para a vida de muitos. Precisamos encontrar um meio termo, para, ao mesmo tempo, manter as tradições que nos moldaram até aqui e achar uma forma de atrair novos adeptos, novos cantores, para que possamos garantir o futuro deste expoente cultural, pois essa convicção nós temos: são muitos os benefícios de participar e cantar em um coral, e ainda mais pra quem aprecia uma música a duas, três ou quatro vozes. Vida longa ao movimento coral no nosso Vale.
