“Um espaço de lazer comparado a cidades europeias”. “Um dos maiores centros gastronômicos do Vale do Taquari”. Com essas credenciais, em 18 de dezembro de 2018, no auditório da CIC Teutônia, a administração da época lançou o TeutoPark.
Localizado no Centro Administrativo, o projeto previa lotes destinados aos empreendimentos e infraestrutura completa. Entre as benfeitorias, estavam calçadão, pista de caminhada, ciclovia, sanitários, pavimentação, iluminação, além de playground, quadras poliesportivas, pórtico e até lago artificial.
Mais de seis anos depois, apenas uma pequena parte saiu do papel, muito aquém da expectativa e da ilustração presente em uma placa fixada no local.
O TeutoPark foi concebido com a seguinte premissa: a partir do leilão de cada espaço reservado às empresas, os recursos seriam investidos na estruturação do centro gastronômico, esportivo e de turismo, que teria 73 mil metros quadrados.
Originalmente, o parque teria 16 lotes – depois reduzidos para 14 –, posicionados entre Avenidas 1 Leste e 1 Oeste até os arredores da Via Láctea. Conforme previsão do Executivo, a meta era arrecadar R$ 3,5 milhões com os leilões.
Todavia, somente três lotes foram comercializados, ainda em 2019. Outros quatro movimentos ocorreram nos anos seguintes, sem sucesso. Com o dinheiro arrecadado, R$ 398,8 mil, e recursos próprios do município, foram investidos R$ 472 mil na iluminação, nos letreiros “Teutônia” e “TeutoPark” e na construção do calçadão.
Concepção, atraso e oportunidade
De acordo com o ex-secretário de Planejamento, Ricardo Wagner, o TeutoPark surgiu da demanda crescente por um espaço de convivência afastado de áreas residenciais, onde o barulho não perturbasse os moradores. Na época, as ocorrências sobre som alto e demais algazarras em locais como a Avenida 1 Leste eram frequentes.
Ele, então, apresentou a ideia ao então prefeito Jonatan Brönstrup, que levou adiante, pois havia terrenos disponíveis. O desenvolvimento do projeto coube ao arquiteto Vagner Gonçalves Wojcickoski, que prestava serviços ao Setor de Engenharia.
“Toda a grande cidade tem um parque. Nenhuma do Vale do Taquari tinha algo semelhante e o cenário se apresenta desta forma. Tudo foi muito bem pensado, a ideia em si é fantástica, tanto que lotes foram arrematados ainda durante o governo Jonatan. O prefeito gostaria de ter concluído a obra na sua gestão”, afirma Wagner. O atraso, segundo ele, teria ocorrido em função da Operação Schmutzige Hände (“mãos sujas”), realizada pelo Ministério Público em 2018. Durante um período, algumas iniciativas foram paralisadas por ordem judicial.
Questionado sobre a condução do TeutoPark ao longo dos anos e o porquê de todos os lotes não terem sido vendidos, o ex-secretário avalia que o projeto deixou de ser tratado como uma das prioridades. “Acredito que houve falta de mobilização dos gestores seguintes. Isso gerou insegurança nos investidores. O município deveria divulgar mais a oportunidade”, avalia.
Dessa forma, Wagner considera fundamental investir em publicidade ou outros meios para demonstrar ao empresariado os benefícios do empreendimento. Para ele, com uma campanha estruturada de marketing, as pessoas “passariam a dar mais valor ao local” e enxergá-lo de outra forma.

Um dos símbolos do local, letreiro com o nome do município recebeu pichações nos últimos anos
“Projeto precisa ser revisto”
Prefeito entre 2021 e 2024, Celso Forneck defende que seu governo realizou movimentos para buscar a continuidade do projeto. Segundo ele, foram feitos, ao menos, dois leilões para comercializar os lotes. Contudo, ambos foram encerrados sem interessados. Os lances iniciais eram de R$ 194,9 mil, com 40% do valor pago até 24 horas depois do arremate e o restante dividido em 36 parcelas mensais. O licitante deveria realizar as obras no prazo de um ano e meio.
Além disso, em junho de 2022, o município e a Univates realizaram um estudo para estabelecer as diretrizes de ocupação do espaço. O ex-prefeito explicou que o padrão arquitetônico seguiu um estilo moderno e com observância ao Código de Edificações do Município e Plano Diretor.
Outra tentativa de destrave foi realizada no início do ano passado. Com o aval da Câmara, o Executivo alterou a legislação referente ao TeutoPark a fim de ampliar os ramos de atuação das empresas. Ou seja, os investidores não precisam atuar no segmento gastronômico. Para Forneck, dois pontos são cruciais. “Entendo que é preciso rever tanto a dimensão do projeto quanto os investimentos estarem condicionados à venda de lotes. O assunto deve ser tratado entre vereadores e prefeitura”, avalia. Forneck citou ainda os dois anos de pandemia e as sucessivas enchentes, situações que teriam intererido no andamento.
Planos
Embora o tema ainda não tenha sido tratado na atual administração, o prefeito Renato Altmann garante que a situação do TeutoPark está no radar. “É importante dar continuidade, a fim de contribuir com o desenvolvimento econômico e turístico de Teutônia. Porém, são necessárias algumas adequações para que haja mais interessados em investir no local e o projeto se torne viável”, enfatiza.
Desta forma, uma reavaliação deverá ser feita nos próximos meses. Na compreensão do Executivo, o movimento se justificativa pela localização em área nobre, que já recebeu investimento e está subaproveitada. A partir dessa atualização, a perspectiva é de que seja providenciada a sexta tentativa de comercialização dos lotes, provavelmente no segundo semestre.

Além das marcas do tempo, algumas estruturas, como as lixeiras, estão danificadas
Utilização do espaço
O TeutoPark saiu do ócio no último fim de semana, quando o grupo Movimenta Teutônia promoveu uma programação especial alusiva ao Dia das Mães.
Além de uma corrida específica para crianças, houve piquenique comunitário, desenhos para colorir, pintura facial, aulão de ginástica e roda de conversa sobre a importância da atividade física para a saúde mental das genitoras e crianças.
Conforme a organização, ao mesmo tempo em que promoveram a integração entre mães e filhos, as atrações visaram chamar a atenção para o aproveitamento do espaço público.