Uma entidade que, aos poucos, retoma seu lugar no cenário tradicionalista. Este é o processo pelo qual passa o CTG Porteira dos Pampas, do Bairro Canabarro, desde 2024, quando a nova patronagem tomou posse. À frente, Cásia de Souza, a primeira patroa. Ela assumiu a missão diante do risco de fechamento, uma vez que não havia interessados no posto e boa parte das atividades estavam paralisadas.
“Agregamos a experiência e muita gente nova”, explica Cásia, que também é instrutora de danças no CTG junto com outro profissional que vem de Caxias do Sul. O vice, Paulo Roberto Bayer, encara a oportunidade como uma saída da zona de conforto, pois jamais havia feito parte de qualquer diretoria. Um período de aprendizados e reconfigurações.
Houve o retorno gradual das invernadas. Atualmente, 60 dançarinos entre 5 e maiores de 50 anos estão divididos entre a Pré-Mirim, Mirim, Juvenil e Xiru. A adulta deverá ser a próxima. Participações em rodeios também voltaram ao radar, a fim de que o período de ostracismo seja, de fato, parte do passado. A entidade ficou ausente de 2018 a 2023.
Engajamento comunitário
Eventos, venda de trufas e outras ações são realizadas para angariar fundos. Os reparos ocorrem de forma permanente na estrutura inaugurada em 20 de agosto de 1987 e são feitas pelos próprios associados e seus familiares em mutirões. As principais necessidades incluem a troca do tablado, a fim de viabilizar o retorno dos fandangos, substituição de partes do telhado e segurança. Antes do endereço atual, funcionou em um imóvel próximo ao acesso à localidade de Posses e em outro espaço na mesma Rua 17 de junho.
Figura histórica do CTG como vice-patrão em diversas gestões, Armando Guterres lembra que o galpão foi construído com recursos próprios, com direito a terreno financiado e pago durante 20 anos. A paixão pelo tradicionalismo mobilizou a comunidade desde o princípio, sobretudo diante dos escassos recursos.
Segundo Cásia, uma das provas de que o “Porteira está de volta” foi a ampla adesão em um evento ocorrido no mês de agosto. Se antes eram os pais que levavam os filhos, agora ocorre o movimento inverso. Adultos se reaproximam ao perceberem o envolvimento e a alegria das crianças, principalmente componentes das invernadas. Este é um dos fatores para o crescimento dos sócios, que eram 105 até a conclusão desta matéria. “Trabalhamos a integração entre as famílias, a inclusão social, o respeito, o sentir-se em casa”, enfatiza a patroa. Ao longo da história, a maior parte dos envolvidos eram migrantes. Ou seja, não nasceram em Teutônia, mas se instalaram em Canabarro e abraçaram o Centro.
O papel do CTG
Patrão por duas gestões e pai de Cásia, Sírio Borba de Souza enfatiza que o ambiente é seguro, proporciona uma educação diferente e trabalha tanto a disciplina quanto o respeito. Além disso, considera o Porteira dos Pampas sua segunda casa por conta da ampla identificação. Para Armando, “a criança que passa por um CTG sai com uma visão de mundo renovada”. Além disso, cita a proibição do uso de celular durante os ensaios. Outro ex-patrão, Antônio José dos Santos enfatiza o “resgate da memória e das lutas dos antepassados”.

Pai e filha, Sírio e Casia
têm em comum a paixão pelo tradicionalismo e o exercício da patronagem | Foto: Sara Ávila
Cásia enfatiza a transmissão dos valores entre as gerações como um dos principais legados. “Meu filho cresceu no CTG e hoje adora estar aqui, tal qual aconteceu comigo. Essa continuidade emociona, nos incentiva a seguirmos em frente e buscarmos fazer mais pelo nosso Porteira dos Pampas”, encerra.
Ainda no aspecto artístico, a entidade articula a volta do Rodeio Artístico para 2026 e do tradicional Concurso de Prendas. Outra meta consiste na presença mensal em rodeios e o retorno do Enart, festival no qual obteve destaque entre 2012 e 2016. Na Semana Farroupilha de Teutônia, terá piquete e se apresentará junto com o CTG Rincão das Coxilhas.